DEZEMBRO, 2013
Elisabeth piscou algumas vezes, sorrindo para o próprio reflexo no espelho.
Ela estava pronta.
Depois de colocar o rímel dentro da necessaire, ela olhou novamente para o espelho, limpando um pouco do gloss rosa que tinha escapado no canto dos lábios. Então, ela deu um passo para trás, olhando as roupas que tinha escolhido para a noite: jeans escuro e um suéter de tricô.
"Perfeito", ela pensou, tirando um fio solto que estava preso na trama cinza.
Considerando o quão ocupados os membros da família Lauda eram, era esperado que eles tivessem que marcar uma data para se reunirem, sem ligações da fábrica ou desculpas para deixar uma refeição no meio para retornar ao escritório. E a data que eles escolheram era a noite de véspera de Natal.
Elisabeth amava aquela época do ano. Na opinião dela, Viena florescia durante o mês de dezembro, com as ruas se enchendo de cor e movimento, cortesia dos mercados de rua e das decorações brilhantes que embelezavam ainda mais as fachadas das lojas e das casas. E depois de um ano passando mais tempo em aviões e circuitos de corrida do que em casa, retornar para a cidade natal era muito especial para ela.
Ela pegou o telefone em cima da cama, olhando rapidamente para o horário na tela de bloqueio, levando um susto com o horário. Ela já deveria ter deixado o flat dela no centro da cidade há muito tempo para ir até o apartamento dos pais dela, em Alsergrund.
Deixando o quarto, Elisabeth foi até a sala de estar, pegando o casaco preto e o cachecol vermelho que estavam jogados em cima de uma poltrona azul. Então, com as chaves do carro e a bolsa preta nas mãos, Elisabeth deixou o apartamento e foi em direção a garagem, o clique dos saltos ecoando pelo corredor que levava ao elevador.
Dentro do cubículo de metal, ela estava arrumando o cachecol ao redor do pescoço quando percebeu que peça tinha pegado — era o mesmo cachecol que ela estava usando na última visita dela a Brackley.
O dia em que ela tinha beijado Toto.
A memória fez com que um calor subisse pelas bochechas dela. Ela não tinha trocado uma palavra com Toto desde aquele dia. Ela não tinha coragem de dizer nada para ele diretamente, se comunicando com ele somente por mensagens ocasionais e ligações para a assistente pessoal dele. Ela simplesmente estava muito constrangida para encará-lo diretamente.
Por mais que Elisabeth não pudesse negar que queria beijá-lo desde aquela véspera de Ano Novo, quando estavam juntos dentro do escritório dele, ela não queria misturar negócios com prazer, muito menos com o parceiro de negócios de confiança e, de certa forma, amigo do pai dela. E cabia somente a ela colocar limites naquele relacionamento, de alguma forma. Respirando fundo, ela virou de costas para o espelho e esperou as portas do elevador se abrirem para seguir em direção a Mercedes preta dela.
O caminho até o apartamento dos pais dela foi tranquilo. Haviam poucos carros nas ruas de Viena, já que a maioria das pessoas já estavam em suas casas, celebrando o Natal com as suas famílias. Porém, isso não impediu que ela chegasse atrasada para o jantar, o que rendeu algumas provocações bem-humoradas de Lukas assim que ele abriu a porta para ela.
— Se perdeu no caminho pra cá, Elschen? — ele perguntou, ajudando ela a retirar o casado.
— Desculpa, eu saí mais tarde do que tinha planejado — Elisabeth respondeu, enquanto o irmão pendurava a peça num gancho perto da porta. Então, ela notou que a mãe tinha deixado um vaso de Barbarazweige numa mesa na entrada, os ramos cheios de botões de flor fechados. "A mãe deve tá frustrada com isso", ela pensou, encarando o vaso por alguns segundos.
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Starcrossed
أدب الهواةQuase 30 anos após o seu último titulo mundial de Fórmula 1, o pai de Elisabeth Lauda decide investir na Mercedes, uma equipe que passa por dificuldades para se firmar após o seu retorno para a categoria mais nobre do automobilismo. Ela resolve se j...