Confissões em vermelho vivo

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JANEIRO, 2016

Enquanto Elisabeth olhava para o próprio reflexo no espelho do banheiro, ela se sentia desconfortável. Seus olhos analisaram os cabelos, arrumados em um penteado elegante; a maquiagem, nada extravagante ou diferente do que costuma usar; as joias que ela escolheu, brincos simples nas orelhas e um colar com pingente, ambos de diamantes.

Ela se sentia bonita, mas...

"Falta alguma coisa", ela pensou, recuando para examinar seu vestido preto tomara que caia, satisfeita com a forma como ele abraçava suas curvas.

— Tá pronta, Liesl? — Toto perguntou para ela, a voz abafada pela porta fechada do banheiro.

— Quase — ela murmurou pensativa, suas mãos deslizando pelo tecido macio de seu vestido.

Não demorou muito para ela ouvir seus passos abafados indo em direção ao banheiro. Segundos depois, ele abriu a porta e parou atrás dela, apoiando um ombro contra o batente da porta. Elisabeth olhou para ele através do espelho do banheiro. Ele estava usando um de seus melhores ternos e uma gravata borboleta cujo nó ela tinha feito, acompanhando um tutorial no YouTube. Toto estava completamente deslumbrante.

— Você me parece pronta — ele disse, com um sorriso travesso no rosto.

Olhando para ele, ela apertou os lábios.

— Não sei, querido — suspirou Elisabeth.

Toto se aproximou dela, parando logo atrás dela. Através do espelho, ela notou seus olhos castanhos olhando para ela, absorvendo a imagem na frente dele, desde o penteado, até o rosto, descendo pelo colo dela. Quando ela percebeu que o olhar dele demorou mais do que alguns segundos no decote dela, Elisabeth limpou a garganta.

— Algo de errado com meu vestido?

Ele sorriu.

— Sim.

— O que seria?

— Poderia estar no chão desse quarto agora.

Ela balançou a cabeça, enquanto Toto envolveu a cintura dela com as mãos e pousou os lábios em seu ombro, beijando suavemente a pele nua. O hálito quente dele na pele dela enviou um arrepio pelo corpo de Elisabeth.

— Eu tô falando sério — ela murmurou, os olhos fixos nos dele através do reflexo, as mãos apoiadas nas dele.

— Eu também — ele sussurrou contra o pescoço dela.

Não havia nada mais que ela gostaria de fazer do que derreter nos braços de Toto, deixando-o marcar a pele dela com chupões e mordiscos como ele adorava fazer, mas ela apenas suspirou de frustração. Foi o suficiente para ele perceber que algo a incomodava.

Erguendo o rosto do ombro dela, Toto olhou para Elisabeth por alguns segundos.

— O que foi, Liesl? — ele a perguntou.

Ela franziu os lábios.

— Você não acha que tá faltando alguma coisa?

Toto piscou.

— O que você quer dizer com faltando alguma coisa?

— Não sei dizer exatamente, mas parece que... Falta algum detalhe. Não sei.

O olhar dele vagou pelo reflexo dela novamente por alguns segundos, então sua expressão se iluminou.

— E eu sei o que é — Toto disse, tirando as mãos da cintura dela para remexer na bolsa de maquiagem que estava na bancada do banheiro. Ele vasculhou, mexendo em todo o seu conteúdo, mas não demorou muito para encontrar o que procurava. Ele puxou um tubo de batom, colocando-o sobre a bancada de mármore branco.

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