NOVEMBRO, 2016
Elisabeth suspirou frustrada. Ela estava inclinada sobre a máquina de lavar louça, tentando encaixar bem os utensílios nos espaços. No entanto, claramente o equipamento não suportava a quantidade de pratos, talheres, taças, tigelas, travessas e panelas que haviam sido usados naquela noite.
"Vai ter que ser em dois ciclos", ela murmurou para si mesma, retirando as duas panelas que tinha equilibrado precariamente sobre os pratos, bem como três travessas e alguns copos. Colocando o detergente no lava-louças e apertando um botão, ela fechou a porta e iniciou o ciclo de lavagem.
Depois de se levantar, Elisabeth começou a colocar os utensílios que havia deixado em cima do balcão dentro da pia. Ela estava posicionando alguns copos dentro de uma das travessas quando ouviu alguns passos atrás dela — passos um tanto familiares para ela.
— Acho que vamos ter que comprar uma máquina de lavar louça nova se vamos fazer mais jantares como este, meu amor — disse ela, sorrindo. Era o hábito de Toto, sempre que ela estava na cozinha, fosse em Viena ou em Oxford. Ele sempre ia até ela, colocava as mãos em volta da cintura e dava um beijo bem na curva do pescoço dela, antes de descansar o queixo no ombro dela para observar o que ela estava fazendo. Elisabeth achava aquilo adorável e tinha se tornado reconfortante naquele ponto.
No entanto, os passos pararam antes que ela sentisse as mãos de Toto envolvendo seu corpo, o que ela achou estranho. Foi o silêncio que se seguiu que a fez virar para trás.
— Algum problema, Toto? — Elisabeth perguntou, apenas para se deparar com um familiar par de olhos castanhos, mas não os que ela gostava tanto.
Em vez disso, era Joanna quem estava parada na frente dela.
A mãe de Toto.
— Bem, eu não sou Toto, mas acredito que tenho um problema. Na verdade, nós temos um problema — a mulher falou, num tom comedido, quase cauteloso — Podemos conversar?
Ela engoliu em seco, sem saber como responder aquela pergunta.
Elisabeth não sabia como responder a quase nenhuma pergunta que Joanna tinha feito naquela noite. No entanto, ela lutou para apresentar uma resposta educada e cordial à mulher que tinha chamado ela de puta e interesseira poucos minutos depois de conhecê-la.
"Tudo pelo Ben", ela pensou.
Com o início de outubro, Benedict começou a ficar animado. Afinal, ele completaria 16 anos naquele mês, o que era um marco para qualquer jovem. Porém, ele não queria nada mais do que comemorar com aqueles que mais amava, como sempre fazia.
Era praticamente uma tradição familiar se reunir para comemorar os aniversários de Ben e Rosi. Todos os anos, desde o divórcio, Toto e Stephanie se reuniam para comemorar o aniversário dos filhos, junto com os avós, tios e primos de ambos os lados da família. Porém, naquele ano, surgiu a necessidade de adaptar a comemoração, por questões de segurança e logística.
Normalmente, todos iriam jantar em um restaurante escolhido por Ben. Mas naquele ano, foi decidido que a comemoração seria na cobertura de Toto, para evitar problemas com a imprensa que continuava atrás de Toto e Elisabeth. Outro problema havia sido a data da comemoração, já que o aniversário do menino caiu justamente na semana da corrida no México, o que fez com que Toto não estivesse em Viena. A solução foi adiar o jantar para a sexta-feira seguinte, para dar tempo de preparar tudo.
— Quem você quer convidar, Ben? — Toto perguntou, encostado na ilha da cozinha.
— Pensei em convidar a mamãe, tia Lili e tio Gérard e a Babcia — respondeu ele, completando em voz baixa em seguida — Se a Liesl não se importar.
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Starcrossed
FanfictionQuase 30 anos após o seu último titulo mundial de Fórmula 1, o pai de Elisabeth Lauda decide investir na Mercedes, uma equipe que passa por dificuldades para se firmar após o seu retorno para a categoria mais nobre do automobilismo. Ela resolve se j...