Egoísmo

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ABRIL, 2015

Elisabeth dirigia pela Foxcombe Road em direção à casa deles, o carro completamente silencioso pelos últimos seis quilômetros. Na cabeça dela, as palavras que ela havia dito com raiva se repetiam em um loop sem fim. "Você é um egoísta de merda", ela se ouvia dizer. O tom agressivo na voz dela parecia aquelas palavras soarem estranhas, como se não fosse realmente ela quem tinha as dito.

Mas, ela tinha.

Ela olhou de relance para a esquerda e viu Toto encarando a janela, os olhos perdidos na paisagem bucólica de Oxfordshire. No entanto, o ar de calma e controle que ele aparentava ter era desmentido pelos dedos, que tamborilavam incansavelmente contra a tala que estava no joelho dele.

A tala que tinha sido o pivô da primeira grande discussão que eles tinham tido.

Tudo começou naquela fria manhã de terça-feira. Ela acordou cedo, sorrindo ao perceber que estava aconchegada nos braços de Toto, as costas pressionadas contra o peito dele. Elisabeth se mexeu sutilmente, fazendo menção de sair da cama, mas sentiu os braços dele apertarem a cintura dela, imobilizando-a.

— Onde você pensa que vai? — Elisabeth o ouviu sussurrar, o nariz dele roçando a curva da orelha dela.

— Pro banheiro — ela respondeu, virando a cabeça para o rosto dele — Depois pra cozinha, pra fazer café. Então, pro escritório trabalhar. O de sempre.

— Não — Toto murmurou contra o pescoço dela — Você vai ficar aqui comigo.

— Não posso, querido — Elisabeth riu, enquanto ele a beijava e mordiscava a sua pele — Sério, tenho coisas pra fazer.

— Por favor, Liesl — ronronou ele, puxando o corpo dela para mais perto do dele. Ela suspirou, derrotada. Quando Toto usava aquele tom de voz, era completamente impossível dizer não a ele.

— Tudo bem, vou ficar, mas só um pouquinho — ela murmurou, olhando para ele com o canto do olho. Com um largo sorriso no rosto, Toto deu um beijo em seu cabelo, levando uma mão espalmada contra o estômago dela. A visão dos dedos dele contra a seda escura da blusa lembrou Elisabeth de uma memória muito vívida, fazendo os cantos de sua boca se curvarem em um sorriso.

— Isso me lembra um sonho que tive uma vez, antes de estarmos juntos — ela murmurou.

— Um sonho?

— Sim — ela sorriu, colocando a mão sobre a dele.

— O que acontecia nesse sonho?

Os dedos dela começaram a desenhar círculos na pele de Toto.

— Bem... Eu estava deitada numa cama, sozinha. Então ouvi alguém se deitar nela e chegar perto de mim. E então, essa pessoa sussurrou no meu ouvido, dizendo que queria me fazer sentir bem.

— E depois? — ele sussurrou.

— Senti a mão dele na minha barriga, primeiro por cima da minha roupa, depois por baixo, contra a minha pele — Elisabeth explicou, pegando a mão dele e conduzindo-a lentamente por baixo da blusa. Foi um sinal sutil, mas ele percebeu imediatamente.

— Então? — Toto perguntou, acariciando a base do pescoço dela com o nariz, o hálito quente contra a pele dela fazendo-a estremecer.

— Você continuou esfregando minha barriga, até que a sua mão chegou no meu peito para acariciá-lo. Então, você brincou com meu mamilo.

— Assim? — ele perguntou, repetindo os gestos que ela tinha descrito. Um gemido escapou de seus lábios.

— Sim — Elisabeth respondeu num fio de voz.

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