JUNHO, 2015
Toto esfregou os olhos e conferiu o relógio do celular.
Estava ficando tarde — provavelmente já era hora de ele voltar para o hotel, mas às vezes, era tão fácil se envolver em seu trabalho. Mas ele precisou se forçar a parar — seu filho, Benedict, estava esperando por ele na garagem, depois que ele pediu para ficar para ver os mecânicos trabalhando no carro de Lewis após o treino classificatório. Benedict provavelmente estava querendo voltar para o hotel logo.
Toto juntou suas coisas, apagou a luz do escritório do trailer e desceu as escadas. Ele desejou uma boa noite para a equipe de limpeza que estava preparando tudo para o dia seguinte e saiu caminhando pelo paddock em direção às garagens.
Ele avistou Benedict nos fundos da garagem. Ele estava exatamente onde Toto o deixou, em um assento atrás da estação de trabalho dos mecânicos. Parecia que ele estava cochilando um pouco. Ele estava com a cabeça apoiada na mão, a cabeça escorregando.
"Ele deve estar cansado", Toto pensou, rindo um pouco. "Cochilando com todo esse barulho".
Ele atravessou a garagem, acenando com a cabeça para alguns dos mecânicos, e deu um leve cutucão no ombro do filho.
Ben se sobressaltou, apesar da tentativa de Toto de acordá-lo gentilmente. Ele olhou para o pai e piscou, momentaneamente confuso.
— Tá na hora de ir — Toto disse — Sei que foi um dia longo, então vamos voltar para o hotel e dormir um pouco. Temos um dia cheio amanhã.
Ben se espreguiçou e bocejou antes de se levantar e seguir o pai para fora da garagem, se despedindo dos mecânicos que ainda estavam ocupados trabalhando no carro de Lewis. Em breve chegaria a hora do toque de recolher e os carros seriam cobertos de forma a não serem tocados até a manhã seguinte.
Eles caminharam de volta para o carro de Toto em silêncio.
— Você teve um dia bom hoje? Me desculpa por ter ficado tão ocupado e não ter passado muito tempo com você e sua irmã — Toto disse, enquanto se acomodavam, e ele ligava o carro.
— Sim, tive um dia muito bom — Ben respondeu — Foi divertido ver os mecânicos trabalhando, e gostei de ver os carros. Fiquei feliz que a Elisabeth me levou pra ver o McLaren MP4/2B. Esses carros antigos são tão legais e tão diferentes dos de agora. E foi bom ver o Niki de novo.
Toto não pôde deixar de sentir um pouco de emoção quando o filho mencionou Elisabeth espontaneamente. Ele sabia que ela estava nervosa sobre se os filhos dele gostavam ou não dela. Por mais que ele estivesse confiante de que eles gostavam dela, ainda havia uma semente de dúvida no fundo da mente dele. Era normal ficar preocupado com isso, ele se assegurou. Ele até tinha conversado com a terapeuta dele sobre isso, e ela garantiu que era esperado que ele sentisse um pouco de apreensão ao apresentá-los a alguém novo. Elisabeth não era novidade para eles, por si só, mas o relacionamento dela e de Toto estava ficando sério — quase sério demais para ser ignorado.
Os filhos significavam muito para ele. Eles eram as pessoas mais importantes do mundo para ele, além de Elisabeth. As crianças gostarem dela como sua colega de trabalho ou amiga era uma questão completamente diferente de gostarem dela como uma possível futura madrasta.
Ben e Rosi tinham conhecido Elisabeth muito antes deles começarem a namorar. Após o relativo desastre de apresentar seus filhos a Aurélie, a mulher com quem ele teve um relacionamento curto antes dele e Elisabeth ficarem juntos, Toto sabia que precisava tratar essa situação com alguma delicadeza.
Ele nunca desejou tanto poder ler a mente do filho mais do que naquele momento, porque estava muito curioso para saber quais eram os pensamentos de Ben sobre o assunto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Starcrossed
FanfictionQuase 30 anos após o seu último titulo mundial de Fórmula 1, o pai de Elisabeth Lauda decide investir na Mercedes, uma equipe que passa por dificuldades para se firmar após o seu retorno para a categoria mais nobre do automobilismo. Ela resolve se j...