[EXTRA] Sem arrependimentos

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AGOSTO, 2016

Não tinham sido exatamente as férias de verão ideais, mas Toto tinha se divertido. Ele e Elisabeth tinham planejado levar os filhos dele para a Sardenha, mas a imprensa que o acompanhava tinha se antecipado a esses planos.

Ainda assim, Toto pensou que passar duas semanas com Elisabeth e os filhos em casa não tinha sido tão ruim assim. Fazia muito tempo desde que ele tinha tido a chance de apenas relaxar e passar um tempo com as pessoas de quem mais gostava.

Pensar nisso fez com que ele se sentisse incrivelmente sereno, pra não dizer sentimental. Era uma das últimas noites antes de ele ter que voltar ao escritório para a retomada da temporada, e ele e Elisabeth estavam aproveitando uma noite perfeita de final de verão na sacada da cobertura deles, no centro de Viena.

Eles tinham tomado algumas taças de vinho. Elisabeth estava no colo de Toto. O álcool tinha começado a subir a cabeça dele, e ele pensou em comemorar aquele momento tão bom. Ele tirou o telefone do bolso e começou a tirar algumas fotos. Primeiro do pôr do sol, depois da mulher sentada no colo dele. Ela riu e pediu que usasse o celular dela para tirar fotos também.

Elisabeth desbloqueou o telefone e entregou a Toto, e ele tocou no que pensou ser o ícone da câmera — um quadrado rosa e laranja com o desenho parecido com o de uma câmera para ele. Afinal, o telefone dela era diferente do dele. Ele tinha um BlackBerry, como vantagem de ter a marca como uma das principais patrocinadoras do time. Elisabeth, no entanto, recusou o celular oferecido por eles, pois já usava iPhones há anos e não tinha a intenção de trocar de aparelho.

Não era o aplicativo da câmera — era um aplicativo chamado Instagram. Toto já tinha ouvido falar dele antes, é claro — a equipe de social media ocasionalmente o fazia posar para fotos que diziam ser para postagens no Instagram, mas ele próprio nunca havia usado o aplicativo. Bem, até aquele momento, já que, aparentemente, ele tinha conseguido usar o Instagram para tirar as fotos, postando elas no Story de Elisabeth, um novo recurso do aplicativo.

Ele realmente não tinha percebido que algo estava errado até que Elisabeth entrou em pânico, correu para dentro da cobertura e se escondeu dentro do closet.

Se Toto pensava que ela estava com raiva e inconsolável naquele momento, não foi nada comparado a como ela estava se sentindo depois de receber uma mensagem do pai, dizendo que eles precisavam conversar. Ele não especificou sobre o que eles precisavam conversar, mas o momento era óbvio.

Elisabeth ligou para ele imediatamente, mas Niki não quis ouvi-la, insistindo que aquele assunto era algo que eles precisavam discutir pessoalmente.

— Não vou falar sobre isso com você por telefone, Mauslein. Volto pra Viena em dois dias. Passa lá em casa pra conversar sobre isso.

Durante aqueles dois dias, Elisabeth se sentia miserável.

— Eu já perdi meu irmão, e agora vou perder meu pai — ela fungou, deitada na cama. Toto esfregou suas costas, tentando confortá-la.

— Você não vai perder ele, Liesl. Ele vai te amar, não importa o que aconteça. Sempre que estamos sozinhos nos finais de semana de corrida, ele só sabe falar do orgulho que sente de você. Isso não vai mudar — ele disse. Toto não tinha certeza, mas achava que estava fazendo um bom trabalho em convencê-la. Ele queria tornar o relacionamento deles público há muito tempo, mas isso não fazia com que ele não se sentisse culpado pela participação que tinha tido no processo.

Elisabeth ficou em silêncio por um momento.

— Desculpa ter te chamado de idiota. Na verdade, não acho que você seja um idiota. Eu sei que você não queria postar essas fotos...

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