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SETEMBRO, 2017

Uma flor desabrocha no asfalto

Toto Wolff e Elisabeth Lauda falam sobre negócios, família e o próximo passo do relacionamento que sacudiu o mundo da Fórmula 1

Por Rosa Winkler-Hermaden

Dizem que a primeira impressão é a que fica; e a primeira impressão que se tem ao ver Elisabeth Lauda e Toto Wolff juntos é que eles não são um casal comum. Ambos possuem uma presença que é impossível de ser ignorada, cortesia da alta estatura dele e dos olhos azuis penetrantes dela, isso sem falar na sensação de equilíbrio e seriedade que ambos exalam, mesmo em um ambiente tão descontraído como este.

Vendo os dois se acomodarem no sofá para a conversa, realizada na cobertura do casal no Innere Stadt, é difícil não ter a impressão de que os dois são de fato parte da "realeza do automobilismo austríaco", uma definição dada ao casal pelo repórter Ted Kravitz, da Sky Sports F1. Considerando de quem estamos falando, é uma maneira muito adequada de descrevê-los, embora eles neguem veementemente.

"É uma definição que acho engraçada, mas não necessariamente concordo com ela. Nem Elisabeth nem eu esperamos que as coisas sejam feitas por nós, muito menos temos papéis figurativos na equipe. Somos duas pessoas completamente normais, trabalhamos e nos esforçamos para proporcionar o melhor ambiente de trabalho para todos da equipe", diz Toto, segurando a mão da companheira.

"Acho que a descrição se baseia em quem é o meu pai, mas realmente não acho que seja uma visão precisa de quem Toto e eu somos como pessoas. Como ele disse, somos pessoas completamente normais. Só tivemos a sorte de nos encontrar no meio de toda esta confusão", Elisabeth conta, o que faz Toto sorrir, os olhos escuros fixos no pequeno diamante aninhado no dedo anelar esquerdo dela. A confusão a que ela se refere, claro, é a Fórmula 1, um mundo que hoje é cenário, segundo revistas e jornais de toda a Europa, "da maior história de amor do esporte até hoje".

Uma história que começa no centro de Viena.

Misturando negócios com prazer

Como seu sobrenome sugere, Elisabeth Lauda é a filha mais nova do tricampeão de Fórmula 1 Niki Lauda e da sua esposa de mais de 40 anos, Marlene. Com a beleza herdada da mãe e a personalidade ácida do pai, ela cresceu entre a Áustria e Ibiza, com uma passagem pela Itália na década de 1990, quando Niki trabalhou na Ferrari. Isso, bem como alguns anos a estudar no Lycée Français em Viena fizeram dela uma poliglota. Além do alemão nativo, ela fala catalão, italiano, francês e inglês. "Estamos empatados nessa, nós dois sabemos cinco idiomas cada um", comenta Toto, com um sorriso brincalhão.

Com dois diplomas, um de administração e um MBA pela Universidade de Viena, Liesl, como Toto a chama, nunca se interessou pelo mundo do automobilismo. Ela diz que sempre preferiu trabalhar junto com o pai em seus negócios fora das corridas, bem como na gestão das companhias aéreas e dos outros investimentos que ele fez no início dos anos 2000.

"Meu pai sempre dizia que, nos assuntos relacionados à Fórmula 1, quem mandava era ele. Nunca me senti tentada a mergulhar naquele mundo, isso foi algo que ele fez com meus irmãos. As coisas começaram a mudar quando ele recebeu um convite da Daimler para comprar ações da Mercedes-Benz GP, o que significava que ele assumiria o cargo de diretor não-executivo da equipe. Ele me perguntou se eu queria ajudá-lo no projeto e, assim, a Fórmula 1 passou a ser outro interesse comercial meu", conta Elisabeth.

Ao contrário da sua parceira, Toto Wolff se apaixonou pela velocidade no final da adolescência. Ele não cresceu assistindo corridas, apesar de se lembrar de ter visto o sogro na televisão. Depois de ver Philipp Peter, um amigo de Viena, competir na Fórmula 3 alemã, o jovem se convenceu de que era isso que queria fazer da vida. No entanto, sua realidade era bem diferente.

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