Doce sorte

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 ABRIL, 2018

Um calor sutil subiu pelo rosto de Elisabeth, acompanhado de um toque delicado e carinhoso. Ela se mexeu ligeiramente, deixando escapar um suspiro sonolento. Ela não queria acordar. Ela estava confortável no sofá do escritório de Toto, aquecida sob um cobertor que encontrou ali, a cabeça apoiada confortavelmente em uma das almofadas decorativas. Ela não conseguia pensar em um único motivo para acordar naquele momento, não quando era tão bom dormir.

— Liesl — ela ouviu alguém sussurrar, enquanto o calor do toque deslizava em direção à sua cabeça. Ela não se mexeu. Afinal, não havia motivo para levantar. Ela estava tão cansada ultimamente. "Não, eu preciso dormir", ela disse para si mesma.

Um novo toque, desta vez na testa, fez com que ela se mexesse de novo. Levando a mão, Elisabeth encontrou algo no caminho, o que fez com que ela finalmente tivesse coragem de abrir os olhos.

— Boa tarde, dorminhoca — Toto sussurrou num tom doce — Tudo bem?

— Boa tarde — ela respondeu, levando os dedos até o rosto dele — Tô bem. Já tá na hora da classificação?

O chefe de equipe riu.

— A classificação já acabou, meu amor — ele disse.

Elisabeth piscou. Não era possível que ela tivesse sido capaz de dormir durante a sessão inteira. Como que ela não tinha escutado os motores ou o som vindo das arquibancadas? "Definitivamente o jet lag me nocauteou", ela pensou, se sentando no sofá, esfregando os olhos.

— E como foi?

— Valtteri ficou em terceiro e Lewis em quarto — Toto falou — Tivemos problemas com o aquecimento dos pneus.

Levando uma mão até o rosto dele, Elisabeth acariciou a bochecha dele.

— Que merda — ela murmurou, fazendo com que ele desse uma risadinha.

— Tá tudo bem — Toto respondeu — Amanhã vai ser melhor, tenho certeza.

Ela ergueu uma sobrancelha.

— Você sendo o otimista da história?

— Bem, alguém precisa ser.

— E esse alguém nunca é você, Toto — Elisabeth falou, arrancando um sorriso do rosto do chefe de equipe.

— Os dados são promissores, Liesl, tenho toda a certeza que vamos fazer uma boa corrida amanhã — ele disse, dando um beijo na testa dela — E não sou apenas eu que acredito nisso, mas o seu pai também.

— Claro que meu pai acredita — ela murmurou, se levantando do sofá enquanto esfregava os olhos — Falando nele...

— No andar de baixo, tomando café com o Mark e o Mike — Toto respondeu, já de pé na frente dela — Aliás, ele que me disse pra não te chamar pra classificação e te deixar dormir.

— Bom que ele ainda se preocupa comigo — Elisabeth disse, enquanto passava uma mão pela blusa que estava usando, tentando diminuir a aparência dos vincos que tinham se formado durante a soneca dela — Tá muito ruim?

Toto avaliou o tecido com uma expressão pensativa.

— Sim, acho que você vai ter que jogar essa blusa fora — ele falou, antes de dar um sorriso travesso. Elisabeth deu um passo à frente para abraçar de Toto, não sem antes dar um tapinha divertido em seu peito, logo acima do logotipo bordado da Tommy Hilfiger.

— Idiota.

— Apenas apontando um fato, meu amor.

Balançando a cabeça negativamente, ela foi até a mesa de Toto, onde tinha abandonado a própria bolsa antes de desabar no sofá, em busca do próprio telefone. Depois de uma olhada rápida nas notificações e um comentário sobre a quantidade de mensagens vindas da secretária de Michael O'Leary, CEO da Ryanair, sobre os próximos passos da negociação de 75% das ações da Laudamotion, os dois deixaram o escritório rumo a área comum da hospitality.

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