Atemlos Durch Die Nacht

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AGOSTO, 2014

Elisabeth tentou dizer para si mesma para não fazer aquilo.

Não uma, não duas, mas várias vezes.

Chegou ao ponto em que, antes mesmo que ela percebesse o que estava fazendo, ela estava digitando as mesmas palavras na barra de busca, clicando no mesmo link, lendo a mesma baboseira da assessoria e olhando para as mesmas fotos da apresentação do S-Class Coupé, apesar dele ter acontecido há dois meses.

Quando ela navegava pela galeria, Elisabeth sempre acabava parando na mesma imagem. Era uma foto em que ela estava posicionada entre o pai dela e Toto, os olhos voltados para as lentes e um sorriso largo e, como ela bem sabia, vazio nos lábios.

Porém, o que chamava a atenção dela na foto não era o tecido amassado do vestido preto que ela estava usando, ou o fato de que Niki parecia completamente entediado, mas sim a forma como Toto olhava para ela nas fotos.

A primeira vez que Elisabeth viu as fotos, ela estava convencida que era o ângulo em que elas tinham sido tiradas. Porém, ao observá-las mais de perto, ela não pode deixar de sentir que havia algo a mais nas expressões de Toto.

Uma admiração silenciosa, talvez.

"Não, isso é coisa da sua cabeça, Elisabeth", ela pensou consigo mesma, se recostando na cadeira, os olhos ainda fixos na tela do computador. Mas... E se não fosse? E se ele ainda gostasse dela? E se ele ainda quisesse ter alguma coisa com ela?

A mente dela ainda borbulhava com perguntando quando o barulho do telefone dela vibrando contra o tampo de vidro da mesa dela arrancou Elisabeth dos próprios pensamentos. Ela olhou para a tela enquanto pegava o aparelho, não evitando se sentir um pouco nervosa ao ler o nome no identificador de chamadas.

"Falando no diabo", ela pensou, tocando no botão verde para atender a ligação.

— Alô, Toto?

Porém, a voz do outro lado da linha não era a de Toto.

— Liesl?

— Sim, é ela — ela respondeu, um tanto desconfiada.

— Graças a Deus — uma voz masculina que ela não reconheceu soou aliviada. Ao fundo, ela conseguia ouvir o som de conversas e algo que parecia como uma sirene de ambulância. Aquilo fez com que o peito dela acertasse.

— Quem é você? O que tá fazendo com o celular do Toto? Onde ele tá? — Elisabeth disparou rapidamente, sentindo o nervosismo tomar conta dela.

— Meu nome é Julian, eu pedalo com o Toto toda quarta-feira. Tô te ligando para avisar que ele teve um — ele hesitou por alguns segundos — Acidente.

Ela sentiu um nó se formar na garganta.

"Não, não... Isso não", ela pensou.

— Acidente, como assim, acidente? Ele tá bem? Ele tá machucado?

— Eu não tenho muito tempo pra explicar agora, os paramédicos tão com ele agora — Julian disse — Mas parece que eles vão levar ele pro hospital pra alguns exames.

— Qual hospital? — ela perguntou. Sem hesitação, Elisabeth se levantou, pegando a bolsa em uma mão, enfiando-a embaixo do braço. Então, ela puxou o casaco preto do encosto da cadeira, colocando ela sobre o antebraço.

— Um minuto — o homem disse, movendo o telefone para longe do rosto para falar com alguém que ela assumiu ser um paramédico. Elisabeth começou a mexer nos papéis na mesa dela, buscando as chaves do carro dela, percebendo que as mãos dela estavam tremendo. Na cabeça dela, duas palavras ecoavam. "Esteja bem, esteja bem, esteja bem".

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