Pumpernickels e passos de dança

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JANEIRO, 2015

A luz do sol entrava no ambiente pela fresta da cortina. A luz brilhante parecia embaçada na visão dela, e Elisabeth esfregou os olhos, em uma tentativa de focar melhor o teto do quarto.

Tudo parecia familiar e, no entanto, estranho ao mesmo tempo.

Não havia nenhum som de despertador ecoando insistentemente pelas paredes, nenhuma ligação no celular que ela precisava atender. Não havia nenhuma agitação para levantar as cobertas e ir até o banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes. Não havia pressa em ir ao armário e escolher algumas roupas para vestir.

Havia apenas calma. Paz. Silêncio.

Bem, algo parecido com aquilo.

Virando a cabeça para o lado direito, Elisabeth encontrou as costas nuas de Toto. Os movimentos suaves que seu corpo fazia indicavam que ele ainda estava dormindo. Ele parecia completamente relaxado.

"Ele parece tão tranquilo", ela pensou, com um sorriso nos lábios. Ela não tinha ideia de quanto tempo fazia desde a última vez que tinha visto ele tão relaxado. Com uma temporada chegando ao fim e outra se aproximando rapidamente, Toto não tinha se permitido um único momento de descanso, nem mesmo durante a véspera de Ano Novo que passaram juntos no apartamento dela.

No final, foi ela quem teve que frear aquele trem desgovernado que era a vida dele.

— Eu tô bem, Liesl, só preciso de uma boa noite de sono — argumentou Toto, deixando cair uma pasta preto em cima da mesa de jantar.

— Algo você não tem desde que a temporada terminou — ela disparou, se levantando do sofá — Você consegue me ouvir pelo menos uma vez na vida?

Ele esfregou a testa, claramente irritado.

— Eu sempre ouço você, Elisabeth.

— Não, você não ouve. Se ouvisse, não teria ficado no trabalho até quase meia-noite da véspera de Ano Novo, em videoconferência com executivos da Malásia falando sobre patrocínios.

Toto suspirou, jogando-se na poltrona azul na frente dela.

— Tá bem. O que você quer que eu faça?

Ela se aproximou dele.

— Você vai levantar dessa cadeira, ir pro banheiro e tomar um bom banho.

Puxando Elisabeth pelo quadril, Toto a fez sentar em sua perna direita. Ela colocou o braço em volta do pescoço dele. Ele não tinha dado muita escolha para ela.

— Ok. E depois? — ele sussurrou, olhando para ela.

— Então, vamos pegar algo pra você comer. Depois disso, você vai deitar na cama e eu vou massagear suas costas para você relaxar.

— Massagem, é? — ele ergueu uma sobrancelha, parecendo interessado.

— Isso mesmo. Para te ajudar a liberar toda essa tensão — ela respondeu, apertando o ombro de Toto de brincadeira com a ponta dos dedos.

— Tenho uma ideia melhor — disse ele, após alguns segundos de silêncio.

— Uma ideia melhor?

Passando um braço sob as pernas e colocando o outro na parte de trás dos ombros dela, Toto levantou Elisabeth com facilidade. Ela colocou as mãos em volta do pescoço dele, buscando apoio.

— Toto! — ela exclamou, rindo. Ele a levou para o quarto, onde ficaram o resto da noite, relaxando do jeito dele.

"Que noite", Elisabeth suspirou, deslizando para mais perto dele. Ela escorregou os dedos pelas costas de Toto, a mão seguindo o caminho das costelas dele. Ela passou os braços ao redor dele em um abraço terno. Descansando o nariz entre as omoplatas dele, ela inspirou o cheiro que permeava sua pele. Era uma mistura de algo almiscarado e algo que era exclusivamente dele. Ela passou alguns minutos apenas apreciando aquele perfume antes de pressionar beijos delicados em sua espinha.

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