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Duas semana tinha se passando, duas semanas de tortura, indo a escola, mas ao mesmo instante, momentos onde presenciou o paraíso, ficando sozinha envolvida com suas próprias loucuras.

E agora por fim, estava em seu momento no paraíso, deitada sobre o sofá com uma blusa roubada de Brady, e uma calça moletom, a mais confortável que achou no armário, com um saco de salgado na mão, uma coca gelada na outra, vendo filmes de terror perdidos em sua lista.

Ouve algo vindo da porta, olhou através do ombro, vendo seu pai adentrando a casa. O paraíso foi embora, junto com sua vontade de continuar ali.

Ignorou o mesmo, permanecendo concentrada em seu filme, aquela não era o horário tradicional que seu pai costumava voltar do serviço, normalmente ele chegava sete horas da noite, ou até mesmo no outro dia, a pergunta do motivo dele está ali rodava em sua mente.

- Filha. - escuta a voz rouca dele chamar por você.

- Oi pai. Chegou mais cedo, aconteceu alguma coisa?

- Meu horário de almoço foi interrompido, então estou vindo mais tarde. Tem algo para comer? - girou os calcanhares em direção a cozinha.

- Eu não sei, mas deve ter algo na geladeira, é só requentar no microondas.

Ele fica mais alguns minutos na frente da geladeira, parecendo pensar em algo. Levanta o olhar em sua direção, abrindo um sorriso logo em seguida.

- Eu vou ir almoçar em algum restaurante, quer ir comigo? - você é invadida por uma onda de surpresa, seu pai estava chamando para sair. Brady aceitaria no mesmo instante, mas já você ficou repreendida por alguns minutos.

Seu pai não iria te sequestrar ou fazer algum mal para você, ele não faria isso nem com Brady e muito menos com você. Mas fez com sua mãe. E isso o tornava a coisa mais nojenta que já conviveu. Mesmo ele sendo o homem mais legal, extraordinário, gente boa que você conheça, quando ele está bêbado, esse homem se torna seu pior pesadelo. Então, a ideia de recusar era tão alta quanto imaginava, mas não iria te matar viver alguns minutos com seu pai, sem estar bêbado ou mal-humorado.

- Tá, espera só um pouco para eu me trocar.

- Claro.

Subiu as escadas a cada dois degraus, foi ao seu quarto tirando do armário a opção de roupa que mais gostou. Não iria de forma alguma se arrumar tanto apenas para ir almoçar com seu pai, então pegou qualquer coisa que lhe agradasse. Enfiou um tênis no pé, e desceu para o andar de baixo novamente.

- Pronta?

- Pronta.

- Então vamos. - pegou a chave do carro sobre a mesa, e saíram. - Se importa se eu passar na delegacia antes? É apenas para eu resolver uma coisa, o prazo é dez minutos.

- Pode ser. - coloca o sinto de segurança, se aconchegando no banco. Ele da partida no carro, e logo sai dali em direção a delegacia.

Chegaram na frente da mesma, e vê ele saindo dali e entrando nela. Encostou no banco, batucando seus dedos no ritmo de uma música quê estava grudada em sua mente a alguns dias.

Vê uma viatura se aproximar, não era algo de se impressionar, aliás, vocês estavam a frente de uma delegacia, mas logo se ergue ao vê uma pessoa que chamou sua atenção.

- Não, é sério, vocês pegaram o cara errado. Não sou eu. - vê o mesmo se remexendo enquanto o policial arrastava o cacheado para dentro da delegacia, junto com as algemas enroscada em seus pulsos.

Era ele.

Tira o sinto de segurança, abrindo a porta do carro para ter melhor visualização da cena, saindo para longe logo depois. O cacheado parece notar sua presença, ele arregala os olhos, começando fazer leitura labial.

- Sai daqui. - ele gesticula com a boca, você o observa tentando compreender o que o mesmo falava.

- O que você está olhando? - o policial para de andar e da um murro em sua cabeça para fazer o mesmo se virar para frente, o que funciona.

Quando inesperadamente você sente uma coisa em sua cabeça. Uma arma. Alguém apontou uma em sua cabeça.

- Ei. - uma voz feminina é possível ser escutada atrás de você. - Solta ele. - destrava a arma. - Solta ele ou eu mato ela.

Ela? Estava se referindo a você? Estava se referindo a você. A dois minutos atrás estava saindo tranquilamente para almoçar com seu pai, e agora estava sendo refém de uma cena de crime. Se perguntava como isso aconteceu em apenas vinte minutos.

- Ei garota, o que está fazendo com essa arma? Solte agora. - o velho de bigode, diz levando uma das mãos.

A garota tira a arma de sua cabeça e da um tiro para o alto. Sentiu seu coração errar uma batida, o desespero começa a pulsar em seus veias. A garota passou os braços por volta do seu pescoço, colocando a arma novamente em sua cabeça, se aproximando.

- Viu? A arma não é de mentira. Solta ele caralho. - você vê alguns policiais saindo da porta, três no total, e um deles era seu pai.

- O que está fazendo com uma arma apontada para a cabeça da minha filha? - seu pai começa a dar passos ligeiros para perto de vocês, a garota dá outro tiro para cima, fazendo a silhueta do mais velho parar no mesmo instante.

- Solta o garoto. - ela repete com insistência.

O policial que estava segurando o cacheado, rapidamente pega as chaves e tira suas algemas.

- Soltei. Agora é sua vez.

- A gente se vê na próxima coroa. - o cacheado diz para o mais velho, deixando o mesmo pulsando de raiva, mas não tomou nenhuma iniciativa. Ele começa a correr em direção a vocês, diminuindo a velocidade após se aproximar. - Vamos. Deixa a garota.

Seus olhos se encontram com os dele. Milésimos de dois segundos, pareceu mais lento em sua mente. A garota tira a arma de sua cabeça lentamente, quando se virou para ela, percebeu que a mesma estava com uma máscara tampando a possibilidade de avistar seu rosto.

Os dois correm para longe, enquanto você de tanto pavor não consegue mexer um músculo. Policiais se acumulam nas viaturas ligando a sirene, começando a seguir os dois. Seu pai por outro lado, vem apenas em sua direção, chega perto sacudindo você para vê se estava bem.

- Fala comigo. Você se machucou. Ei. - você leva o olhar até eles, virando-se para trás vendo que não conseguia mais vê os dois. - Vem. Vamos entrar para você beber uma água.

Ainda estava surpresa com a ideia de que quase morreu hoje. Agora você chega em casa, recebendo um abraço de sua mãe, e uma expressão devastadora de Brady, preocupação era nítida no rosto dos dois.

- Eu fiquei tão preocupada. Quando seu pai me contou tudo, a pessoa que quase morreu foi eu de tanto pânico. Sai do trabalho como uma bala.

- Eu tô bem agora. - força um sorriso se virando para Brady que a acolhe com um abraço. É claro que odiou o que aconteceu hoje, mas gostava desse carinho que recebia. Se sentia até um pouco culpada por não se preocupar tanto por quase morrer, apenas por conta desses abraços. Não que não recebia constantemente, mas até seu pai se encontrou se preocupar com você. Isso era difícil de acontecer.

Subiu por as escadas, você não precisava de um descanso, você necessitava de um. E um banho. Era tudo que queria agora. Abriu a porta do quarto, quando se virou sentiu como se realmente uma bala te perfurasse.

- O que tá fazendo no meu quarto?

𝐅𝐀𝐕𝐎𝐑𝐈𝐓𝐄 𝐂𝐑𝐈𝐌𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora