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Seu estômago estava se contraindo, como se fosse vomitar tudo que estivesse dentro de si. Desliga a tela do aparelho celular, e volta a olhar a janela do carro, onde as árvores passavam-se como vulto em seu olhar.

— Que enjôo. - resmungou para si mesma.

— Eu avisei que não pode olhar no celular enquanto está em viagem. - sua mãe fala fazendo você revirar os olhos. — Brady é outro. Não larga esse celular por nada.

— Pode parar, você tá brigando com Lilly, não comigo. - ele retruca tirando um lado do fone bluetooth.

— É mãe, deixa ele conversar em paz com as namoradinhas.

— Pelo menos eu tenho, você tá encalhada até hoje. - você mostra o dedo do meio para o mesmo, que solta uma risada, pois sabia que era verdade.

— Crianças, parem. - cessou sua mãe com agilidade, antes que a discussão aumentasse. — Sem brigas. Estamos quase chegando em casa, o que menos precisamos agora são brigas desnecessárias. - virou-se para o lado, se enrolando ao coberto, enquanto seu irmão voltava a escutar suas músicas.

Estavam voltando da casa de férias, passou o verão inteiro lá. Foi uma das melhores férias que já vivenciou, seu pai não estava presente, resumidamente, sem brigas e discussões. Um mês de paz.

Portanto, estavam voltando para a casa, voltar para o ambiente asqueroso que era aquela casa com a presença daquele homem, mas estavam voltando. Suas pálpebras se colaram, e você finalmente se instalou em um sono profundo.

— Acorda, garota. Já chegamos. - o loiro fala abrindo a porta do carro, quase fazendo você cair para fora, já que estava recostada nela para dormir.

— Meu Deus, precisava disso? - cessou abrindo os olhos lentamente, vendo a claridade invadir suas íris.

Se levantou cambaleando para os lados, foi ajudar seu irmão a pegar as malas, observando atentamente as luzes apagadas, tendo apenas os barulhos dos grilos invadindo seus tímpanos. Adentraram a casa de fora a dentro, a primeira coisa que fez após ligar as luzes foi seguir a seu quarto. Estava precisando de um banho demorado, e uma cama quentinha onde finalmente pudesse exercer a palavra, descansar.

Você escuta um grito da sua mãe vindo do andar de baixo, chamando para o jantar. Não queria se levantar agora, mas junta as forças que tinha e se reergueu para o andar a baixo. Após passar pela sala, consegue ver seu pai jogado no sofá, provavelmente bêbado, respira profundamente indo em direção a cozinha.

Ainda não acreditava como esse homem era xerife da cidade. Todos tinham uma ótima visão de seu pai, ele era bondoso, incrível, salvador da pátria, o melhor xerife já existente nesse fim de mundo. Mas dentro de casa, a máscara dele caia, abandonando seu personagem grotesco, mostrando quem era de verdade, seu verdade ser. Mas pensando por outro lado, seu pai quando não estava bêbado, vivendo um dia agradável, não era de tanto insuportável, ele era legal.

Os primeiros minutos foram de silêncio, se serviram com agilidade e sentaram na mesa, sem muitos assuntos ou interesses, cansados de mais para deixar a voz sair. Foram horas de viagem.

— Ansiosos para às voltas aulas? - sua mãe diz quebrando o silêncio, dando um cole em seu copo de suco.

— Caralho, sim. Vou começar no novo colégio, estou muito ansioso. - cessou Brady dando pulinhos na cadeira de tanta ansiedade.

— Normal para mim. - diz dando de ombros. Seu irmão iria agora nesse novo semestre entrar no colégio integral de Harvard, vocês dois fizeram uma prova de admissão, mas apenas Brady passou.

E isso não é nada triste para você, Harvard era uma escola integral, com um dos melhores ensino, mas integral. Nunca que iria passar o dia todo dentro de uma sala com quatro paredes, desejando a cada minuto que passasse mais rápido. Então, errou todo o gabarito da prova, de propósito, apenas para não ser aceita.

Melhor aturar horas de gritos de seu pai, falando o quanto é incompetente, do que o ano inteiro em um colégio, aturando as vozes irritantes dos professores. Além de que, prevalecendo na escola que permanece agora, vai ficar o dia sozinha. Pais trabalhando, irmão estudando, e você curtindo sua própria companhia o dia inteiro.

Ouviu um barulho vindo do seu quarto, como se algo tivesse quebrado, reergueu o olhar para a escada, confusa o motivo do barulho.

— Deve ter deixado a sua sacada aperta, o vento deve ter derrubado alguma coisa. - sua mãe fala tirando uma expressão de indiferença sua, essa era a questão. Não tinha aberto a sacada desde da hora que chegou em casa, apenas deixou a mesma escorada.

— É, deve ser. - deu mais algumas mexidas na comida, levando o prato a pia. Se apressou em seguir para o quarto, estava quase desmaiando de sono.

Assim que chegou no quarto, fechou a porta com o pé dando alguns passos para a cama, vendo que sua lamparina tinha caído, foi em direção para juntar tudo, quando inesperadamente sentiu mãos grandes de quentes contra sua boca, não permitindo você falar.

𝐅𝐀𝐕𝐎𝐑𝐈𝐓𝐄 𝐂𝐑𝐈𝐌𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora