fourteen

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Aviso de gatilho: Menção a homicídio, e violência doméstica.

— Deixa eu tentar, por favor. - o garotinho de cabelos encaracolados diz fazendo um biquinho em uma tentativa de convencer o mais velho rapidamente.

— Sua mãe iria me matar. - diz dando um tiro no boneco de papelão, bem no meio da cabeça.

— Por favor, pai. - ele choraminga agarrando em sua perna, já que era baixo demais para alcancar o mesmo. O mais velho puxou uma pequena mesinha, onde ficava as garrafinhas de água, pegando o garoto o colocando por de cima para corresponder sua mesma altura.

— Você pega a arma... - ele diz gesticulando a arma na mão de cacheado que segura firmemente, começando a dar as devidas instruções para aceitar o alvo. — E aperta o gatilho.

Ele estreita os olhos mirando no boneco de papelão a alguns metros de distância, sentindo o coração mais acelerado pela adrenalina, fazendo com que essa frase fizesse seus olhos brilharem, suas digitais depatem contra o gatilho, deixando a bala ter encontro com o alvo, atigindo exatamente ao meio da cabeça. Ele solta um suspiro mordendo os lábios inferiores contendo o sorriso orgulhoso em sua face, seu pai o olha impressionado com uma cobertura de surpresa transparecendo em seu olhar.

— Como fez isso? - o mais velho pergunta, deixando o mesmo com o ego maior.

— Talvez, só talvez, eu possa ter brincado com Mikey e a arma do pai dele, mas só talvez.

— Não acredito nisso.

— Só não conta para a mamãe, se não ela me mata. - ele diz receoso, ainda com a arma na mão, tirando boas risadas do seu pai.

— Ok, vai ser o nosso segredo, mas proibido brincar com arma sem ter alguém adulto por perto.

— Fica tranquilo, a Maya fica com a gente.

— A Maya não é uma adulta. - ele diz sentando na beirada da mesinha, pegando uma garrafinha de água, e a despejando em sua garganta.

— Ela tem quatorze anos, óbvio que é uma adulta, quando eu ter essa idade também serei um adulto. - ele diz mirando a arma novamente para o alvo. — E você vai finalmente poder me dar minha própria arma de presente. - diz virando-se para o pai, dando um sorriso de lado.

— Ei, Mason. - ele diz abaixando a arma fazendo o mesmo o olhar confuso. — Não adianta mais, eu morri, não faz sentido meu filho. - ele diz fazendo o garotinho franzi o cenho, virando toda a silhueta para o pai que devolve a garrafa de água para o seu antigo lugar.

— Que isso, pai? É claro que você não morreu, olha você aqui na minha frente.

— Escuta, meu filho. - ele diz se levantando tirando a arma de sua mão a colocando na mesa ao lado, ainda olhando para o cacheado que permanecia confuso sobre o assunto. — Pense bem antes de continuar. - ele diz colocando as mãos sobre o ombro do mesmo. — Não se torne o que me matou.

Era um sonho.

Mason estava se afogando em suas próprias mágoas e traumas, não fazia sentido em sua mente, se era apenas um sonho, porque não conseguia acordar? Algo o prendia aquela memória, aquele sentimento de culpa e decepção, aquele sentimento de raiva e vingança se misturava em seu estômago, fazendo um bolo se construir em sua garganta, onde lágrimas involuntárias escorriam por suas bochechas.

— Eu não quero acordar. - ele diz abraçando a silhueta musculada do mais velho, o envolvendo em seu pescoço.

— Claro, você não vai, mas não vai ser hoje. - ele diz abraçando seu filho de volta. — Apenas não faça isso.

𝐅𝐀𝐕𝐎𝐑𝐈𝐓𝐄 𝐂𝐑𝐈𝐌𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora