Capítulo 16

1.1K 50 5
                                    

Lyon...

Deixo ela na sala de RX, os corredores já estão esvaziando e sei que a qualquer momento eles vão invadir.

— Tranca a porta e não abre pra ninguém. Alerto ela. — Já já a polícia chega.

— Eu aceito! Ela diz assim que dou as costas para sair dali.

— Não entendi? Pergunto me virando em sua direção.

— Aceito jantar com você quando for solto.

Me aproximo dela e sem demora dou um beijo em sua testa e digo.

— Vou te cobrar! Ela esboça um sorriso e saio daquela sala.

**

Três meses já se passaram desde a rebelião, ficamos um mês inteiro sem receber visitas, recebíamos vistorias dia e noite, então não tive como ligar para ninguém.

Desde o acontecido não vi mais Hellen, não sei se com o trauma ela tenha saído daqui e se isso aconteceu, vai ferrar meu plano de fuga.

— Preciso ir para enfermaria! Digo olhando os caras.

— Tá passando mal? Um deles me pergunta.

— Não! Mais preciso saber se a Dra está lá, se ela foi embora  teremos que ir para o plano b...

— E qual o plano B? Pezão pergunta entrando em minha cela.

— Ainda não sei!  Mas precisa dar certo ou então estamos ferrados.

— Como assim você não tem um plano b? Pezão começa a ficar exaltado.

— Eu não tenho, ué... O melhor plano é o A e se algo der errado, não sei se conseguiremos.

Pezão começa a andar de um lado para o outro da cela nervoso, seu nervosismo é visível e sua cara de psicopata é de dar medo.

— Então esse plano vai dar certo e se não der, você é um cara morto! Ele diz bem próximo de mim e me ameaçando.

Sem eu esperar, pezão encrava uma faca improvisada em meu braço, quando coloco a mão no mesmo já sentindo o sangue jorrar sou atingido por um soco em meu rosto, apago na hora.

Acordo na enfermaria, Hellen está em sua mesa olhando em minha direção.

— Enfim acordou! Ela diz se levantando e vindo em minha direção.

— O que aconteceu? Pergunto ainda desnorteado.

— Parece que você se envolveu em uma briga, levou uma facada no braço e um soco no rosto com um “soco inglês” isso te derrubou por dois dias.

Porra! Dois dias? Aquele filho dá puta, eu vou matar ele. Penso.

— Você está bem? Mudo de assunto.

—  Estou indo... Ainda assustada com tudo que aconteceu, mais não posso me render ao medo.

— Pensei que não iria mais te ver.

— E não ia... Mais resolvi voltar por um certo alguém, precisava agradecer.

Seus olhos cor de mel me encaravam, enquanto suas mãos tocavam meu braço com curativo, podia sentir que em meio aos cuidados com o machucado seus dedos deslizavam pelo meu braço em uma espécie de carinho.

— Não precisa agradecer, jamais deixaria algo ruim acontecer com você.

— Por que? Ela me encara mais uma vez.

— Por que já disse que gosto de você e quero te conhecer melhor lá fora. Ela fica pensativa, mais enfim fala.

— Isso não seria possível... Li seu processo e no mínimo você pegaria 30 anos Daniel. Ela termina o curativo.

— Você não seria capaz de me esperar? A encaro.

Por isso sou louco pela Majú, aquela garota passou por todo constrangimento de uma visita na prisão, sem reclamar um dia se quer, nunca cogitou a possibilidade de me deixar só por que eu fui preso e se não fosse a vaca da Camila ( que o diabo a tenha) ela estaria comigo até hoje tenho certeza.

— É complicado Daniel, eu... Não deixo ela terminar.

— Recebo alta quando? Pergunto, mudando de assunto mais uma vez.

— Hoje, mais quero te vê todos os dias para o curativo. Confirmo com a cabeça e não digo mais nada.

Eu não posso brigar com ela, não posso demonstrar que estou puto, independente de qualquer coisa, eu preciso dela e esse orgulho filho da puta quebrado tem que sumir.

— Daniel... Lógico que ela percebe que estou puto, mais não deixo ela terminar.

— Está tudo bem... Eu te entendo e seria egoísmo da minha parte querer que você me espere. Fica tranquila. Tento passar pra ela que realmente está tudo suave, ela precisa acreditar.

Depois de ficar me encarando por alguns minutos, Hellen pega algumas medicações e me entrega, me explica que são para dor.

Complexo de Israel - Segundo ato.    Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora