Capítulo 35

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Não demora muito e sou deixada em um dos apartamentos de Lyon, para ser mais exata, estou no apartamento que fiquei assim que pisei nesse morro pela primeira vez.

Olho o local todo e ele está exatamente como a primeira vez que estive aqui, mas tudo limpo apesar do tempo.

Estou em pé a uma certa distância da porta olhando a mesma, sei que a qualquer momento ele vai entrar por ela e dito e feito, sem demorar muito ele abre a porta e entra já me encarando.

Confesso que minhas pernas fraquejaram, minha respiração ficou pesada mas permaneci firme ali o encarando.

— Cadê meu filho? É a primeira pergunta que ele faz.

Meu Deus, eu vou chorar... Pelo tom que ele falou, a raiva que ele está sentindo é maior do que eu imaginei, despedaçada por dentro mais firme por fora respondo sua pergunta.

— Em meu apartamento!

— Você deixou meu filho com aquele verme?

Ele está irritado e eu mais ainda, estou irritada em saber que ele sabe exatamente quem é Sandro e com todo perigo que eu e Leon corremos ele não se importou.

— Ele não está com o Sandro, quer dizer... Ela não está com o mata rindo! Digo demonstrando raiva também.

— A que ponto você chegou em Maria Júlia!!! Se submeter a apanhar de um cara e ainda deixar meu filho no meio disso... Quero Leon pra mim!

Ouvir essas palavras dele foi como um soco no meu estômago, eu sabia que Lyon estava por dentro da onde eu estava e com quem, Michele já havia comentado, mais saber que ele também sabia que Sandro me batia e não ter feito nada me machuca demais.

Eu sei que a escolha de fugir foi minha,sei que fui infantil de não ter conversado com ele, mas eu estava grávida, porra! Os hormônios estavam todos alterados, a gente não pensa muito... Ele sabia que eu estava apanhando e não fez nada! NADA!  Não consigo segurar mais as lágrimas.

— Daniel... Eu não tenho mais força para brigar, eu podia gritar, xingar e dizer que você é um babaca que só pensa em você, podia dizer que pra quem dizia me amar, você é um bom de um filho da puta, por saber tudo que eu estava passando e não ter feito nada! Mas eu não vou! Cansei! Eu sempre fui sozinha, vivi um inferno com Ricardo... Estou aqui, firme e forte, neh? Eu vou superar mais essa porrada que estou levando de todos os lados... Leon é meu filho! Gerei ele por 9 meses, cuidei dele esses um ano sozinha, sofri igual uma condenada nos primeiros dias, peito ferido, noites sem dormir, sozinha... Sei que por uma escolha minha, mas venci! Meu filho não fica com ninguém, meu filho fica comigo!

— Realmente você passou tudo isso sozinha por que quis, mas não acredito que você prefere deixar meu filho assistir você apanhando do que deixar eu cuidar dele!

— Ahhh, ok! Você quer cuidar dele? Me diz com quem meu filho vai ficar quando a polícia te prender de novo? Não, não, melhor... Me diz com quem meu filho vai ficar quando um dos seus inimigos invadir o morro e te matar? Me diz Lyon? Outra coisa, você não esqueça que essa merda que eu e Leon estamos passando na mão do mata rindo é culpa sua! Você mexeu com ele! E não!!! Eu não aceito apanhar dele, eu só não tenho escolha!

Nesse momento eu estou em prantos, eu grito, choro e limpo as lágrimas ao mesmo tempo.

— Eu sou vigiada 24horas por dia, presa dentro de casa, só consegui vir aqui por que ameacei quebrar a casa todo, disse que ia deixar ele com tanta raiva de mim que ele iria me matar e que você iria trás dele! Bobinha eu... Você não se importa com ninguém! E Leon só não está aqui comigo por que ele não deixou, eu sou uma prisioneira Lyon, você sabe o que é ser um neh? Está cheio de homens dele ao redor do meu apartamento, essa era a garantia dele que eu vou voltar!

Finalizo o que estava engasgado em minha garganta, ele fica ali parado me olhando, como se tivesse assimilando tudo que eu disse, antes que ele diga qualquer coisa saio da sala e caminho até o banheiro, fecho a porta e me sento no vaso. Choro por cerca de 5 minutos e depois lavo meu rosto e volto pra sala.

— Eu... Eu não sabia desses detalhes. Ele gagueja ao falar.

— Não sabe por que nunca se importou!

— Não fala isso Majú! Ele tenta se aproximar de mim, mas eu dou um passo atrás. — Você sabe que... Não deixo ele falar.

— Não! Não completa... Eu preciso ir almoçar, mais tarde volto pra me despedir do Kadu.

— Se despedir? Como assim?

— Eu não tenho como trazer Leon aqui, já disse o motivo! Se você quiser vê seu filho, eu te aviso quando vou levar ele em uma pracinha pra brincar um pouco antes de eu ir embora.

— Você sabe que não posso sair do morro!

— Então só lamento... Lamento mesmo, por que ele é tão parecido com você, tão cheio de personalidade que acho que te reconheceria na hora. Enfim, preciso ir.

Passo por ele e quando eu estou pra sair ele segura meu braço, me puxando de encontro com seu peito. Fecho os olhos ao sentir seu toque e seu cheiro, mais lágrimas caem dos meus olhos, vocês podem me julgar, mais eu amo esse homem, amo tanto que chega a doer.

— Eu vou te tirar dessa, eu juro! Ele diz me dando um beijo no topo da minha cabeça.

Acabei indo embora, não voltei para me despedir do Kadu, não voltei por que tenho a esperança de não voltar mais para Adolfo-sp e mesmo que Lyon não consiga evitar minha volta eu sempre acharei um jeito de enviar mensagens para ele.

Sobre eu e Lyon... Não falamos sobre nós, nesse momento eu só estou preocupada com o fato de ter que voltar para sp.

Mais uma vez, NAO SURTEM!! Majú ainda não sabe da Hellen, majú ainda não perdoou o Lyon, eles ainda não tiveram tempo de conversar sobre eles(casal)... Esse dia está próximo! 😂😂😂😂😂 Vcs são ansiosas demais... E eu amo isso❤️.

Complexo de Israel - Segundo ato.    Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora