Capítulo 42

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Passei o dia todo entre dormir e chorar... A noite chega e com ela um arrepio também, sei que está chegando a hora que Sandro vai querer me ter em seus braços e como eu já havia dito, nunca que vou deixar ele me tocar intimamente. Em cima da cômoda acumulava comida, lanche, água e suco, eu não tinha fome, não tinha ânimo e muito menos força. Em minha mente só vinha a imagem do meu bebê, eu só queria saber como ele estava, se Lyon estava o alimentando direito, se estava trocando suas fraldas para ele não ficar assado, se ele estava sentindo falta de mim... Como Lyon iria cuidar da favela e de Leon? Eram tantas perguntas em minha mente que a dor de cabeça era inevitável.

Ouço mais uma vez a porta do quarto se abrir e adentrar por ela um Sandro se fazendo de galã... Cabelo molhado e bem penteado, uma calça jeans escura e uma blusa polo verde militar, tênis da vans. Em seu rosto um sorriso sedutor e seu perfume possivelmente importado dominava o quarto, me segurei pra não vomitar.

Qualquer mulher que não o conhecesse pularia em seu colo imediatamente, mas não eu! O único sentimento que Sandro provoca em mim é nojo, repulsa, quero ele bem longe.

Seu olhar paira por todo o quarto e para em cima da cômoda.

— Por quê não se alimentou hoje?

— Não estou com fome! Respondo me levantando da cama, tentando achar uma posição para me defender caso ele venha pra cima de mim.

— Assim você não terá forças para aguentar o que eu tenho reservado para você a noite toda.

Ele é nojento e escroto... Me levanto da cama devagar, assim como ele caminha também devagar em minha direção.

Em passos lentos vou seguindo em direção a cômoda e bato com minhas costas na mesma, coloco meus braços para trás e na mesma hora o corpo de Sandro se choca com o meu.

— Você não tem pra onde fugir Majú, hoje você será minha, queira ou não queira!

Ele começa a beijar meu pescoço e sua mão desliza pelo meu corpo, lágrimas dessem pelo meu rosto como cachoeira e é quando sua mão toca minha intimidade que uma raiva me domina, sem pensar duas vezes encravo o garfo que consegui pegar de cima da cômoda em sua perna com toda força.

Sandro se afasta e grita de dor.

— Ahhhhhh! Sua vadia, puta, vagabunda! Eu vou te matar!

Corro para a cama e me encolho no canto dela enquanto observo ele retirando o garfo de sua coxa, sangue começa a se espalhar pelo chão do quarto. Com o seu grito, um homem entra no quarto correndo e seus olhos só faltam pular pra fora quando vêem a quantidade de sangue saindo.

O homem olha em minha direção assustado e parte pra cima de mim, mas para no meio do caminho com o grito de Sandro.

— Não toca nela!! O homem se fasta me encarando de cara feia.

— Chefe... Ele inicia uma possível conversa com Sandro que nem deixa ele continuar.

— Me tira daqui agora! Deixa que com ela eu resolvo depois e na hora de trazer comida pra ela, os talheres serão de plásticos! Ordena.

Assim que Sandro sai do quarto um alívio me domina, pelo menos por hora estarei livre dele... Mas ao mesmo tempo fico apavorada, por que quando ele voltar, além de desejo, a raiva também estará presente.

Eram por volta das 3 da tarde já e Sandro ainda não havia aparecido, ninguém havia trazido comida e nem água pra mim, meu corpo estava cansado, doido e fraco. Eu não tinha forças nem para ir ao banheiro, minha cabeça latejava, acabo dormindo novamente, na verdade não sei se dormi ou desmaiei de fraqueza.

Acordo sentindo uma dor enorme em minha barriga, um grito ecoa pelo quarto e depois de alguns minutos consigo abrir os olhos. Sandro está parado em minha frente com ódio em seu olhar, só agora percebo que a dor na barriga foi um soco que Sandro me deu. Ele me puxa pelos cabelos pra fora da cama e vários chutes é me dado. Eu me encolho no chão tentando me defender de todas as formas, ele está como louco gritando não sei o quê, mais tento focar para saber o que estava acontecendo.

— Minha vontade é matar você agora! Cortar cada pedacinho do seu corpo e enviar para aquele otário. Mas infelizmente mais uma vez vou ter que recuar...

Eu não conseguia entender o que ele dizia, ele não parava de me chutar um minuto se quer, já conseguia sentir o gosto de sangue sair da minha boca e eu sabia que aquilo não era nada legal já que seus chutes não eram em meu rosto. Com certeza estou tendo uma hemorragia interna, sem aguentar mais uma vez desmaio e do nada vejo feches em minha frente.

Fleches de imagens, vejo a porta sendo aberta... A imagem é sombreada, como se fosse um sonho... Vejo Lyon aparecer... Sua cara não é de feliz... Vejo ele me abraçar e chorar... Tento dizer alguma coisa, mas nada sai da minha boca... Tudo está ficando escuro, até que não vejo mais nada.

Tenso! Muito tenso!

Complexo de Israel - Segundo ato.    Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora