Capítulo 39

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Majú...

Estou dormindo com Leon ao meu lado quando sinto a cama afundar, acordo assustada e assim que abro os olhos já dou de cara com Sandro.

— Saudade de mim? Ele pergunta com um sorriso debochado no rosto.

— Nem um pouco! Respondo ríspida. — O que faz aqui? Pergunto pegando meu celular na mesinha e olhando a hora.

— Vamos voltar para Adolfo agora!

— Mas não são nem 3 horas ainda Sandro, surtou?

— Sem discussão Maria Júlia! Arruma suas coisas e as de Leon, bora!

Um aperto no peito me toma e uma sensação de tristeza me domina. Eu tinha esperança de que não voltaria para sp, achei que Lyon fosse fazer algo, mas não tem jeito, acho que nasci pra sofrer!

Arrumo minhas coisa e saio do quarto com Leon no colo.

— Pega as malas pra mim por favor lá no quarto? Peço Sandro.

— Eu não! Pega você!
Reviro os olhos.

Sabe aquele Sandro de quando nos conhecemos? Aquele todo prestativo, educado e carinhoso? Então! Não existe mais!

Coloco Leon deitado no sofá e coloco umas almofadas ao seu redor para ele não cair e vou até o quarto pegar as malas.

Assim que saio do quarto, Sandro já me puxa pelo braço com brutalidade e já aponta uma arma para minha cabeça. Demoro um pouco a entender o que estava acontecendo, mas logo vejo Fael no meio da minha sala com uma arma apontada para Sandro.

— Solta ela mata rindo! Solta ela agora! Fael fala com a arma apontada em nossa direção.

—  Não vou soltar ela! Se você se aproximar eu atiro!

— Solta ela porra! Fael grita e acaba acordando Leon que começa a chorar assustado.

— Deixa eu pegar meu filho! Tento me soltar das garras de Sandro que me aperta mais, sem me deixar sair dali.

— Você não vai a lugar nenhum! Rafael, se você se aproximar eu juro que mato ela!

— Se você matar ela, eu mato você logo depois. Fael rebate.

— Ok... Você me mata, mas depois vai ter que contar pro seu patrão que a mulher dele morreu!

Fael fica sério por um tempo, como se tivesse pensando em como seria a reação de Lyon.

— Pega ele no colo! Peço a Fael, já que Leon não para de chorar.

Consigo ouvir um barulho de helicóptero em cima do prédio, Fael levanta o olhar para o alto e bufa.

Eu sei o que ele veio fazer aqui e a primeiro coisa que falo é:

— Leva Leon!

— O que? Diz os dois juntos, Fael e Sandro.

— Leva Leon, Fael! Leva ele... Pede Lyon pra cuidar dele direitinho... Lágrimas escorrem dos meus olhos.

Abrir mão do meu filho é como se estivessem arrancando um membro do meu corpo a sangue frio, dói demais, é quase insuportável a dor, mas é verdade o que Lyon disse, não posso criar meu filho em um ambiente de agressão e cedo ou tarde as agressões iriam chegar nele.

Sei que o pai dele é um traficante, sei que não é um exemplo bom pra ninguém, mas sei também que Lyon saberá blindar meu bebê dessa sujeirada toda, sei que Kadu e Lorena ajudarão a cuidar dele.

— Mas Majú... Fael tenta discutir, mas eu grito:

— Vai!!!! Sai daqui logo!! Os homens do Sandro já devem está subindo... VAI FAEL! VAI!!!!!

Sem pensar muito, ele pega meu pequeno no colo e saí pela porta correndo. Eu estou tão arrasada que perco as forças das minhas pernas e caio no chão, Sandro tenta me segurar mais é em vão, caio com tudo.

Ele se abaixa e guardando a arma na cintura diz:

— Você entregou meu filho pra ele sua puta! Levo um tapa no rosto.

Eu poderia gritar, xingar, dizer que Leon não é filho dele e que nem que eu fosse uma usuária de crack, teria um filho com ele! Mas eu simplesmente não digo nada, nem o tapa que levei no rosto me fez esboçar reação.

Nada, nada nesse mundo faria eu sentir mais dor do que estou sentindo pela ausência do meu filho...

Complexo de Israel - Segundo ato.    Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora