Capítulo 24

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Continua...

Como não consegui ir ainda no centro comprar as coisas que faltam da festa do Leon, aproveitei a visita de Renata para deixar meu pequeno com ela enquanto resolvo isso.

Renata é um amor de menina, ela é irmã do Sandro, uma adolescente de 15 anos, mais super estudiosa e responsável.

Entro no carro e sigo rumo ao centro, assim que chego na saída do meu bairro, aonde vou pegar a estrada que dá caminho para a cidade, onde tem o centro comercial, um carro da polícia pede para eu encostar.

Sem entender o por que dessa abordagem, eu encosto no acostamento e espero o policial se aproximar.

— Boa tarde senhorita. Um dos policiais me cumprimenta.

— Boa tarde. Respondo já pegando minha habilitação de dentro da bolsa, mas antes que eu o entregue ele diz:

— A senhorita é a nora do prefeito neh? Bufo ao ouvir isso.

— Sim, aqui tá meus documentos. Tento entregar.

— Não precisa não, só que a senhora terá que voltar.

— Aconteceu algum acidente? Pergunto preocupada.

— Não senhora, ordens do senhor Sandro, até ele voltar de viagem a senhora não pode sair do bairro.

Oi? Como assim eu estou proibida de sair daqui?

— Sandro não manda em mim! Que absurdo é esse? Cadê meu direito de ir e vir de cidadã? Digo já alterada.

— Ordens são ordens senhora.

— Ordens são ordens? Vocês não eram pra está seguindo a constituição? Questiono. — Isto é, meus direitos!

Depois de muita discussão sou obrigada a voltar pra casa, minha raiva era tanta que assim que Chego em casa, minha primeira atitude é ligar para o Sandro.

Ligação on...

Majú: Você está louco? Com que autoridade você me proíbe de sair daqui? Grito assim que ele atende o telefone.

Sandro: É pra sua segurança. O cara de pau diz.

Majú: Segurança de que? Tá maluco?

Sandro: Majú, amanhã estou de volta e a gente conversa.

Majú: NÃO! QUERO CONVERSAR AGORA! Berro, mas é em vão, o idiota desliga o telefone.

Ligação off...

Eu estou andando de um lado para o outro da casa igual uma doida, meu ódio é tanto que se Sandro estivesse aqui eu juro que quebraria a cara dele.

Renata está me olhando sem entender nada, então resolvo contar pra ela o motivo do meu surto.

— Juro que quando seu irmão chegar amanhã, eu vou matar ele! Você acredita que ele colocou dois policiais na saída do bairro para me proibir de sair daqui? Digo indignada.

— Dá uma colher de chá pra ele Majú, meu irmão ficou assim depois do que aconteceu comigo.

Paro de andar de um lado para o outro e presto atenção no que Renata está dizendo.

— O que aconteceu com você? Me sento ao lado dela para ouvi-la direito. Fiquei preocupada.

— Antes de vir morar aqui, nós morávamos no rio... Menos papai, que já era prefeito daqui. Eu fui sequestrada e fiquei dois dias em um cativeiro... Os olhos dela enchem de lágrimas. — Só não me mataram por que a mulher do chefe da comunidade não deixou, eles disseram várias vezes pra mim, antes de me solta... “Agradeça a mulher do chefe! Se não fosse ela você estaria morta!”

Ouvir isso sair da boca de Renata me remete ao complexo e nesse momento minhas mão estão tremendo.

Não! Não pode ser... Ela não pode ser a irmã do cara que me sequestrou! Tomo coragem e faço a pergunta chave.

— Você se lembra qual favela você foi levada?

— Complexo de Israel! Ela diz e na hora meu corpo gela.

Complexo de Israel - Segundo ato.    Degustação Onde histórias criam vida. Descubra agora