Complexo de Israel - Segundo ato. Degustação

Capítulo 36

Lyon...

Depois de ter saído do postinho, resolvi por minha cabeça em ordem aqui na boca, porra! O que aquela filha da puta veio fazer aqui? Como ela ficou sabendo do Kadu? As perguntas pairavam na minha cabeça.

Pego meu rádio e ligo para FM.

— Avisa geral do moto táxi que quando Majú quiser sair do morro é pra levar ela pro apê da rua de cima, não deixe ela sair do morro, ouviu?

Depois da ordem dada, fico esperando me ligarem, eu estou impaciente, ando de um lado para o outro, mas logo logo ela vai responder todas as minhas perguntas.

Rádio toca...

— Patrão, ela já está lá! Diz FM.

Saio da boca, trepo na minha moto e parto pro apê, não vejo nada e ninguém na minha frente, algumas pessoas me cumprimentam pelo caminho, mas minha cabeça tah muito fodida para dá atenção a eles.

Estou parado a frente da porta do apê já um tempo, tomando coragem de entrar, preciso ter coragem de falar tudo que tenho pra dizer, não posso ceder.

Assim que abro a porta já dou de cara com ela, ali, parada, linda demais, me encarando... Porra! Não fraqueja Daniel! Digo a mim mesmo.

Ficamos nos encarando por alguns tempo, até eu ter coragem de fazer as benditas perguntas. A cada resposta dela eu vou percebendo o quanto eu realmente sou um filho da puta, eu aqui todo magoadinho igual um viadinho, enquanto ela estava lá, comendo o pão de o diabo amassou.

Saber que ela estava sendo forçada a estar com mata rindo, saber que ela foi coagida e agredida por ele e eu não fiz nada me deu um ódio de mim.

Cada lágrima que saia dos seus olhos eram como uma facada no meu peito, tento me aproximar dela mas ela se afasta, eu fodi tudo!

Quando ela se despede e diz que vai embora, um desespero bate em mim, não vou deixar ela e meu filho se afastar mais uma vez, não vou deixar mata rindo se aproximar deles nunca mais!

Puxo ela para os meus braços, com sua bochecha apoiada em meu peito, encosto meu rosto no topo de sua cabeça e seu cheio domina minhas narinas, que saudade desse cheiro, que saudade de sentir a maciez do seu copo, a quentura dele, que saudade eu estava sentido dela e nem me dei conta disso por causa do meu egoísmo.

Deixar ela ir não foi fácil, mais eu tinha pouco tempo para armar alguma coisa para tirar ela e meu filho daquele apartamento e trazê-los pra cá, a primeira coisa que faço é ligar para FM e Fael.

— Quero os dois no QG! Me limito a dizer só isso.

Vocês devem estar se perguntando, e a Hellen, como vai ser quando a Majú voltar?

Vamos resolver uma coisa de cada vez, se não eu surto! Mais tenho certeza que eu estou fodido.

[...]

Estamos aproximadamente 2 horas discutindo a melhor forma de tirar Majú e meu filho daquele apartamento sem que um tiro seja dado, sem por a vida dela, do meu filho e dos moradores de lá em risco.

— Ela saí de lá no carro de algum morador, ela saí escondida no porta malas. Dá a ideia FM.

— Não vou colocar ela e nem meu filho de um aninho em um porta mala! Digo bravo.

— Já sei! Helicóptero! Diz Fael.

— Como assim helicóptero? Não consigo raciocinar.

— Olha isso! Aponta para o topo do prédio dela.

Estamos de frente para um notebook com a planta do apartamento dela, para tirar ela de lá precisamos saber tudo sobre seu condomínio, saber quantas saídas lá tem, quantos seguranças do mata rindo está lá e onde estão, preciso saber como as ruas da cidade estão já que com certeza terá perseguição, tudo isso veio de Ramon, o cara é fera demais, até às câmeras da cidade ele conseguiu ter acesso. Ele disse que  até acesso aos semáforos ele tem.

— Acho que a forma mais segura de tirarmos ela de lá é na madrugada e de helicóptero. O prédio dela tem um heliporto, eu entro no prédio dela na madrugada na mala de algum morador... Vou até o apê dela e levo eles até o heliporto, quando eu der o sinal você envia o helicóptero, tudo tem que ser rápido, por que eles logo vão notar a presença do helicóptero e vão subir correndo. Teremos pouco tempo para tirar os dois de lá sem perigo.

Fico em silêncio por alguns segundos analisando tudo que Fael disse, penso nos prós e nos contras, penso em cada possibilidade de tudo dá errado e a vida deles ficar em risco, então começo a tirar minhas dúvidas.

— ok... Se vamos precisar de um helicóptero e um piloto pra hoje, como você arrumaria isso tão rápido?

— Isso é mole Lyon, com uma arma e uma boa ameaça, qualquer dono de hangar e piloto faria  o serviço.

— Isso eu faço! Diz FM.

— Tá bom... E aonde o helicóptero pousaria?

— Fácil! No campo do colégio Lafayette. Lá é aberto, grande e sem fiação elétrica, o pouso seria rápido e seguro! Fael diz.

— Ok! Eu concordo, pode agilizar isso e vai me passando as informações.

— Isso tudo é fácil de se resolver Lyon, Majú e o pequeno Leon estarão aqui rapidinho e seguros, a sua parte é a mais difícil! Fael diz, fazendo eu prestar mais atenção nele.

— E qual é a minha parte?

— Já pensou onde você vai acomodar os dois? Já pensou que as duas não sabem uma da outra e vão estar na mesma comunidade? Majú não é boba, logo logo ela vai ficar sabendo sobre a Hellen, até por que ela vai estranhar o fato de não ficar na sua casa. E tú sabe que a fofoca rola solta aqui no morro, sabe que as putas vão dá um jeito de contar só para provoca-la.

— Porra, Fael... Não me tonteia não, pow! Uma coisa de cada vez... Vou mandar arrumar um canto maneiro pra ela e meu filho ficar, o restante vou vendo.

— Tú é quem sabe! Tú arrumou o b.o, agora tú resolve! Diz o filho da puta saindo do QG e me deixando na merda de tanto pensar.

— Eu tô fodido! Digo em voz alta e FM rir. Nem me dei conta que ele estava ali ainda.

Majú é a mulher da minha vida, é a mãe do meu filho, sou gamadão nessa garoto. Já Hellen eu não há amo, mas tenho um carinho e gratidão eterna por ela, a vida da mina virou de cabeça pra baixo depois de me ajudar e eu não posso simplesmente chutar ela. Sinceramente, eu não sei o que fazer e tenho certeza que no final vai dá uma merda da braba, Hellen vai sofrer, Majú não vai me perdoar! Eta caralho de vida!