Alma vendida

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"Segredos que eu tenho guardado no meu coração
São mais difíceis de esconder do que eu pensei"

Caminhei lentamente até a porta e girei a maçaneta. Trancada.

Por uns instantes eu refleti se deveria entrar em Pânico, afinal estava trancada em um apartamento sem chances de fuga. Ran não havia motivos para fazer isso, mas o fato de eu estar na casa dele me tranquilizou. Eu provavelmente teria entrado em pânico, se não fosse ele.

Eu teria um dia inteiro pela frente, então decidi procurar algo para fazer. Tomei banho e vesti uma roupa de Ran, um enorme suéter preto que chegava quase aos meus joelhos. Embora odiasse isso, tive que ficar sem calcinha já que só havia a que eu estava vestindo no noite anterior e eu havia a lavado no banho.

Depois procurei algo para comer, e para a minha surpresa a geladeira estava quase vazia. Ran aparentemente não tinha o costume de fazer compras frequentemente. Bebi um iogurte que encontrei na geladeira e comi uma maçã, e então procurei alguma atividade para me ocupar.

Ao fim do dia eu estava cansada, aproveitei meu tempo livre para limpar o chão, lavar a louça e os banheiros, e aspirar o pó de alguns móveis. Ran certamente ficaria satisfeito em ver tudo que eu fiz.

Era por volta de uma e meia da manhã quando despertei com o som da porta sendo destrancada, e eu instintivamente me levantei e corri até ela. Eu sabia bem quem era.

A porta foi aberta bruscamente e Ran entrou, um sorriso se esboçou em seu rosto ao me ver. Eu me atirei em seus braços com um abraço apertado, e o Haitani mais velho retribuiu.

- Bem vindo de volta! - Eu disse enquanto aspirava o perfume do homem.

- Obrigado, meu amor. Como foi seu dia?

- Bem, eu aproveitei o tempo livre pra organizar e limpar um pouco a casa, imaginei que você ficaria satisfeito.

- Ah? Isso não era necessário, uma empregada vem a cada dois dias e arruma tudo. - Explicou enquanto tirava seus sapatos - Mas obrigado assim mesmo. Aprecio a sua boa vontade.

- Foi bom ter uma distração, de qualquer forma. Eu vou preparar algo pra você comer.

Eu então segui até a cozinha e vasculhei os armários a procura de algo para cozinhar. Eu estava tão distraída com o que fazia que não percebi quando Ran se aproximou e encostou o queixo sobre o meu ombro.

- Kira? Podemos conversar?

- Hm? Sobre o quê?

- Dez anos atrás nós fizemos uma promessa, e eu acho que chegou a hora de cumprir.

- Ran, do que você tá falando? - Me virei para o mais velho.

- Não temos mais porque esperar. - Ajoelhou-se tirando uma pequena caixa do bolso - Você aceita se casar comigo?

Arregalei os olhos encarando a pequena caixa aveludada à minha frente. Ela ostentava um lindo par de alianças de casamento prateadas e um pequeno anel solitário. Eu não tinha dúvidas de que era uma jóia real e que aquilo custou um rim.

Senti um sentimento de ansiedade invadir o meu peito, embora soubesse perfeitamente qual seria minha decisão, eu nem mesmo precisei pensar.

- E-eu... Eu aceito! - Imediatamente um sorriso se fez no rosto de Ran e ele me ergueu com um abraço apertado.

- Eu te amo tanto. - Sussurrou com o rosto escondido em meu pescoço.

- Eu também te amo.

Send Me Orchids - Ran Haitani Onde histórias criam vida. Descubra agora