Desespero

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Gelei ao ouvir a voz de Kazutora do outro lado da linha. Mesmo que eu já soubesse que ele havia saído do reformatório, eu não esperava vê-lo ou ouví-lo tão cedo.

- Você tá bem? - Sua voz soou preocupada do outro lado da linha.

- E-eu tô... E você?

- Sinceramente estou melhor agora, eu não aguentava mais aquele reformatório...

- Entendo... Você me ligou pra algo específico?

- Ah, sim! Eu já tava me esquecendo! Você pode dizer ao seu irmão pra me ligar nesse número quando tiver tempo? Eu tentei entrar em contato com ele mas não consegui.

- Ah, certo, pode deixar.

Nós passamos algumas horas conversando sobre coisas aleatórias. Desde pequenos, a conversa fluía muito naturalmente entre Kazutora e eu, e era gratificante saber que mesmo depois de tanto tempo sem nos vermos, isso não havia mudado. Nós fizemos companhia um para o outro até que eu peguei no sono sem perceber, deixando o celular cair sobre a cama.

Na manhã seguinte acordei com o mesmo vibrando embaixo de mim, com um susto. Sonolenta examinei a tela querendo saber quem estava me enchendo o saco em plenas 6 da manhã, e para a minha não surpresa era Nahoya. Só ele para ter energia acumulada tão cedo. Com um suspiro cansado atendi a ligação, apoiando o braço na cama enquanto levava o celular até a orelha.

- Alô?

- BOM DIA FLOR DO DIA! VAMO LEVANTAR QUE TÁ UM SOL DO CARALHO HOJE, NÃO PODEMOS DESPERDIÇAR!

- Nahoya, SÃO SEIS E QUINZE DA MANHÃ!

- E daí? Você acha que o sol vai esperar a bonita tirar seu sono de beleza pra brilhar? Quem ganha dinheiro na cama é puta!

- Tá bom, tá bom, já entendi...- esfreguei o rosto com a mão livre, depois sentei na beira da cama jogando o cobertor para longe.

- Escuta, eu sei que hoje nós temos aula mas eu tô de saco cheio da escola.

- O que você tem em mente? - arqueei a sobrancelha, já sabendo onde Nahoya queria chegar.

- O que acha de irmos à praia? Acho que não vão sentir falta da gente se faltarmos só um diazinho.

- Eu acho que essa é uma péssima ideia...

- Ah, qual é!

- É perfeito, eu amo péssimas idéias! Nos vemos no mesmo lugar de sempre!

- Certo, estarei lá! - desligou.

De alguma forma, eu já me sentia energizada só pela ideia de um dia divertido na praia. Eu não tinha o costume de matar aula, pelo menos não tanto quanto Nahoya, mas de vez em quando eu fazia, quando a rotina escolar se tornava cansativa e eu tinha a oportunidade de me divertir em outro lugar.

Como de costume de todas as manhãs, tomei banho e vesti o uniforme da escola, escovei os dentes, penteei o cabelo e o deixei solto sobre os ombros. Sob o uniforme, eu estava vestindo meu trage de banho favorito.

Desci para a cozinha com minha bolsa, e encontrei Keisuke fazendo algo para o café da manhã. Ele estava tão distraído cantando que sequer percebeu quando eu me aproximei sorrateiramente e o abracei pelas costas para assustá-lo. E funcionou, ele quase jogou tudo para cima.

- Tá querendo me matar, é? - bufou.

- Desculpa, eu não resisti a tentação. - eu ria como uma criança satisfeita. - Mas ei, você parece de bom humor hoje. Cadê o Fuyu?

Send Me Orchids - Ran Haitani Onde histórias criam vida. Descubra agora