Bia
Passei meu olhar novamente pela entrada da rua e uma sensação ruim tomou conta do meu peito, essa semana toda que passou eu tava com a sensação de estar sendo observada, acreditava que era apenas paranóia, meu pai tinha voltado a ficar agressivo com a minha mãe e controlador comigo, então deduzi que fosse apenas medo dele aparecer aqui e arrumar uma confusão.
Duda: Você tá bem?-perguntou preocupada enquanto eu errava novamente a marca da cerveja que o cliente pediu
Bia: Sim, só estou distraída-respondi enquanto conferia novamente a comanda
Duda: Quer ir pra casa?, eu assumo daqui
Bia: Não precisa-falei rapidamente, ir pra casa era a última coisa que eu queria-Tá tudo bem
Duda: Você que sabe, se precisar é só me chamar-acenei com a cabeça e ela saiu levando os pedidos
Respirei fundo limpando minha mente e me obrigando a focar no trabalho, hoje tinham apenas duas mesas pra atender e eu já tinha errado duas vezes o pedido, e uma delas era aonde o Cobra estava.
Desde do episódio da blusa a gente nunca mais se falou, mas desde aquele dia ele vem beber aqui junto dos outros bandidos todos os dias, ainda deixa uma gorjeta muito boa pra mim, não posso nem negar por que esse dinheiro faz todo diferença, ainda mais agora que as coisas lá em casa estão estranhas.
Falcão: Côe Duda, trás mais uma cerveja pra mim ai-o homem pediu enquanto a Duda levantava uma sobrancelha pra ele
Duda: Rayane sabe que tu tá aqui?-perguntou-Se não souber vou logo avisar
Pelo que eu entendi, o Falcão era o gerente geral das bocas e o mais engraçado de todos eles, vivia fazendo piadinha e tinha uma namorada muito ciumenta, na terça feira ela ligou de vídeo e daqui do balcão eu só ouvia os gritos dela.
FlashBack.
Falcão: Côe preta, tô te traindo não, tô só bebendo uma cerva-falou com o celular ligado na chamada vídeo enquanto mostrava a garrafa de heineken
Rayane: Eu vou aparecer ai em cinco minutos Maycon, e eu vou quebrar a sua cara-ela gritou-Mostra esse bar todinho, quero ver se tem mulher ai
Cobra: Tá fodido mermo-riu enquanto bebia um gole de cerveja
Rayane: Cala a boca Cobra, se eu for ai tu vai entrar na porrada junto
Cobra: Deus me livre, pra cima de tu só dou tiro-brincou e escutei ela rindo
Rayane: Bora Maycon, mostra essa porra
Duda chegou por trás do Falcão e pegou o celular o celular da mão dele.
Duda: Deixa de ser doida mona, vai se tratar
Eu também descobri que a Duda era prima da Rayane, por isso que toda vez que o Falcão vinha pra cá ela avisava que ele tava aqui bebendo cerveja sem nenhuma mulher.
Rayane: Vou te deixar careca em Eduarda, não atendeu o caralho do celular por causa de que?
Duda: Tenho homem pra me bancar não garota, eu trabalho
Rayane: Tá tá, tem mulher ai?-perguntou pela milésima vez
Duda: Não, só homem-revirou os olhos entediada
Rayane: Jae, qualquer coisa me avisa, tchau
E assim ela desligou o celular, dei uma risadinha baixa e voltei a apresentar atenção no meu trabalho.
Cobra: Se liga em menor, qualquer dia desse tu acorda com a boca cheia de formiga.
FlaskOFF
Quando o último cliente se despediu eu suspirei aliviada, Duda me mandou ir pra casa que ela ia arrumar tudo e dessa vez eu não neguei, minha cabeça tava doendo horrores e meus pés pedindo socorro, vesti um casaquinho branco já que tava um vento frio e comecei a descer a ladeira.
Já passavam das duas da manhã e não tinha quase ninguém na rua, somente alguns olheiros e uns maconheiros que ficavam na praça, passei direto por eles doida pra tomar um banho e ir dormir.
Entrei devagar em casa sem fazer barulho para não acordar ninguém e quase desmaiei ao ver minha mãe sair da cozinha, por pouco eu não dei um berro.
Bia: Sem sono?-perguntei a ela enquanto pendurava minha bolsa em um prendedor atrás da porta
Adélia: Sim, um pouco de dor de cabeça-respondeu com a voz fraca e eu a olhei melhor reparando em uma enorme mancha roxa em seu braço
Bia: Se machucou?-perguntei preocupada vendo que era uma mancha bem extensa
Adélia: Sim, bati em um móvel do trabalho
Minha mente emitiu um alerta na mesma hora e por um segundo imaginei que não tivesse sido isso, mas ela não teria motivos para ela mentir, certo?
Adélia: Estou indo dormir, qualquer coisa me chama-ela beijou minha cabeça e saiu em direção ao seu quarto um pouco curvada.
Fiquei alguns segundos remoendo o que eu tinha visto e antes que pudesse formar uma pensamento concreto o meu cansaço venceu e eu fui direto para o banheiro tomar um banho e dormir.
Eu realmente estava paranóica.
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Vícios e Obsessões {PAUSADO}
Teen Fiction📍Rocinha-RJ|+18 "Eu sou seu anjo, seu demônio Cê é meu pesadelo, é meu sonho Ela me balança tipo o mar Se sumir vou sentir falta, ela é tipo o ar"