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Cobra

Eu nunca tinha levantado a mão pra nenhuma mulher, sempre achei isso um bagulho de covarde que precisava tomar umas porradas pra aprender a virar gente, mas isso mudou quando a Karina falou demais e machucou a única pessoa que eu me importava.

Karina: Você é um monstro-soluçou depois de ter tomado um pau, ainda mandei rasparem o cabelo 

Cobra: Eu te poupei por muito tempo Karina-falei ríspido jogando a fumaça pro ar-Eu quero que você pegue suas roupas e suma do morro, nunca mais quero te ver na minha frente

Karina: Fomos casados durante dez anos e é isso que eu recebo?-rebateu enquanto sua boca inchada sangrava

Cobra: Agradeça que eu não te matei

Karina: E isso tudo por uma amantezinha que merda que nunca chegará aos meus pés-debochou

Cobra: Eu não estou com a Duda-seus olhos se prenderam nos meus-Beatriz é a minha mulher

Karina piscou lentamente com os dois olhos inchados em puro choque enquanto absorvia a informação.

Karina: Você me trocou por aquilo?-ela realmente se sentia ofendida

Cobra: Beatriz é a única mulher que eu me importo Karina-me abaixei na sua altura e olhei bem em seus olhos-Eu a amo como nunca amei outra mulher, e me importo com ela como nunca me importei com ninguém

Os seus olhos se encheram de lágrimas e eu dei um leve sorriso antes de dar um tapa de leve em seu rosto me levantando.

Cobra: Ajuda a Karina a tirar os trapos dela daqui e leva ela pra pista-mandei para o Falcão que tava encostado de braços cruzados-Tá proibida de entrar no morro

Não esperei ela falar mais nada, meti o pé do quartinho e fui até a boca principal onde a Rayane tava sentada conversando com a Duda que não conseguia parar de chorar, tava sem paciência para o drama delas duas e entrei batendo a porta e passando a chave.

Uma dor de cabeça já começava a se formar nas minhas têmporas enquanto tentava sem sucesso ligar para Bia mais uma vez, quando toda a merda aconteceu ela saiu correndo que eu nem consegui ir atrás, só soube que ela tinha saído do morro por que um dos meus olheiros bateu um rádio avisando.

Puxei um pino de pó da gaveta e formei uma carreira sentindo ódio puro correr em minhas veias, minha vontade era de torturar Karina por horas e mais horas, mas acredito que depois do tanto de porrada que ela recebeu essa noite tenha entrado alguma coisa naquela cabeça, agora careca.

Mandei os menor baterem um rádio assim que ela subisse por qualquer entrada que fosse e acendi um cigarro sentindo meu peito apertar de uma maneira diferente.

Medo.

***

Esperei duas horas e dez minutos até que ela estivesse de volta no morro, peguei a chave da moto e disparei pelas ruas indo até o beco de sempre onde eu tinha fácil acesso a janela do seu quarto.

Bia tava sentada na cama olhando para o celular enquanto penteava os cabelos molhados, como a janela estava aberta me facilitou na hora de entrar, ela olhou por cima do ombro e se levantou indo trancar porta.

Cobra: Senta ai que eu quero falar contigo-falei um pouco mais grosso por conta da onda do pó que ainda corria na minha mente

Bia: Cobra, eu...-começou a dizer mas eu cortei logo indicando que ela sentasse do meu lado

Bia respirou fundo e veio feito uma gata manhosa para o meu lado, seus olhos estavam tão tristes que eu me amaldiçoei várias vezes por tê-la deixado assim.

Cobra: Eu e Duda transamos algumas vezes quando eu estava com a Karina-confirmei e vi sua respiração ofegar-Nós sempre fomos amigos e em uma noite bebemos demais no baile e acabamos transando, depois desse dia nos encontrávamos quase sempre durante alguns meses

Bia: O Isaac é seu filho?-questionou com um fio de voz

Cobra: Não, assim que a Duda descobriu que tava grávida nós até pensamos que pudesse ser meu já que não lembrávamos se tínhamos usado camisinha na primeira noite-expliquei-Mas assim que o menor nasceu nós fizemos o DNA e deu negativo, confirmando que o pai era o playboyzinho da pista mesmo

Bia: Você sente alguma coisa por ela?

Bia estava extremamente insegura e eu me odiava por isso, puxei ela para o meu colo e segurei bem em seu rosto fazendo ela me encarar.

Cobra: Não tem outra pessoa na minha vida e no meu coração que não seja você Beatriz-falei sério e vi seus olhos brilharem-Eu amo você

Bia: Cobra...o que?-falou sem acreditar e eu acariciei seu rosto com o polegar

Cobra: Eu amo você Bia-repeti e ela me abraçou com força enquanto escutava um soluço sair da sua garganta

E ela não precisa me dizer, eu sabia, e mesmo se Bia não me amasse, não tinha problema, eu era dela de qualquer forma.








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