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Bia.

A primeira contração que veio quase me rasgou ao meio, apoiei minhas mãos no corrimão da escada e segurei minha barriga enorme que parecia pesar o triplo do meu peso, soltei um gemido de dor que atraiu a atenção pra mim e as meninas levantaram assustadas.

Rayane: Você tá bem?-perguntou preocupada olhando meu corpo a procura de algum ferimento

Bia: A bolsa estourou-respondi em meio a dor alucinante que estava sentindo 

Falcão: Eita caralho-xingou entrando em desespero-Temos que ir para o hospital?

Duda: Não, ele vai sentar na escada e ter o bebê aqui-debochou vindo para o meu lado e me ajudando a andar-Lógico que ela vai para o hospital

Falcão: E o que eu faço?

Rayane: Vou pegar a bolsa da maternidade enquanto vocês levam ela para o carro

Dei o primeiro passo e apertei a mão da Duda com força  quando a contração veio com tudo, me contorci e senti lágrimas encherem meus olhos.

Bia: Puta que pariu que dor-xinguei ofegante

Duda: Vem, vou te ajudar

Falcão: Deixa que eu levo ela-murmurou vindo até mim e me pegando no colo-Tá pesadinha ein

Bia: Eu estou com seu afilhado aqui dentro, só ele pesa quase quatro quilos

Falcão: Essa garota é braba mesmo, veio logo no dia dos pais-dei um sorriso em meio a tanta dor

Depois de uma gestação difícil a qual eu desabei várias vezes, minha filha veio como uma lufada de ar depois de um sufocamento, não ia mentir e dizer que meu coração não estava em pedaços por não ter o Cobra comigo, mas aprendi a viver em meio a tanta dor e luto.

A cada passo que eu dava, fosse na montagem do quarto ou na organização das roupinhas eu  mentalizava ele comigo e o quão feliz ele estaria ao ver nossa família completa do jeito que a gente queria.

Eu não tinha desistido dele e nem o Falcão, eu sabia que tinha algumas coisas que ele não queria me contar pra não me deixar criar expectativas, mas aquele brilho nos olhos dele quando falava do amigo não me enganava.

Tudo que eu mais queria no momento era minha família junta.

Duda: Acelera esse caralho, as contrações estão menos espaçadas-avisou para o Falcão que tinha uma expressão confusa que me fez rir-Quer que um bebê nasça no seu carro?-ele negou rapidamente-Então acelera essa porra

E assim ele fez, em menos de vinte minutos estávamos em frente a maternidade particular que eu fiz questão de pagar, queria que minha filha tivesse os melhores médicos em volta dela e que fosse tudo o mais humanizado possível.

Patrícia: Boa noite, Bia-me cumprimentou carinhosamente assim que eu entrei de cadeira de rodas na emergência-Como estão suas contrações?

Doutora Patrícia era um anjo em forma de médica, sempre muito atenciosa e me deu todo o suporte quando soube da minha situação, se tinha alguém que eu confiava para cuidar da minha filha, era ela.

Bia: Cinco em cinco minutos

Patrícia: Perfeito, vamos para o seu quarto que eu vou te examinar-apertei a cadeira quando outra contração veio com tudo e ela acariciou minhas costas-Sua acompanhante?-olhou para Duda e eu acenei

Eu queria que a Rayane entrasse junto, mas como ela tinha pavor de sangue e desmaiava, achei melhor poupá-la do trauma.

Entramos na sala da médica e ela rapidamente me avaliou, eu já estava com oito centímetros de dilatação e preferi colocar a parte de cima do biquíni para entrar na banheira.

O quarto era lindo e espaçoso, o teto tinha alguns adesivos de estrela que brilhavam conforme a luz era abaixada e ainda contava com a banheiro redonda que eu tinha idealizado desde que comecei a ler sobre o parto humanizado.

Duda: Tem certeza que não quer a anestesia?-perguntou pela milésima vez

Bia: Absoluta

E assim como eu queria, Marcela veio ao mundo trinta minutos depois, seu choro era alto e forte, vibrando por todo o quarto e fazendo com que eu chorasse junto com ela.

Eu estava exausta, mas tão feliz de finalmente tê-la em meus braços que não me incomodou.

Amamentei e depois da doutora checar se estava tudo bem fui transferida para um outro quarto com a mesma estrutura mas sem a banheira.

Duda: Ela é linda-murmurou vendo a afilhada dormir no bercinho ao meu lado

Marcela era a cópia do pai, a mesma boca e queixo, os cabelos pretos e cílios longos iguais aos dele.A única coisa que parecia comigo eram os olhos.

Rayane: Estou apaixonada-disse tirando a milésima foto

Como estava frio, coloquei um macacão da Carters rosa com algumas nuvens que era quentinho e de tecido grosso.

Falcão: Minha afilhada é bonitona mesmo

Rayane: Vou te deixar descansar-se inclinou e beijou minha testa-Amanhã nós voltamos

Falcão: Qualquer coisa é só bater um rádio cunhada

Bia: Obrigado por estarem do meu lado hoje, vocês não tem noção de como foi importante para mim ter vocês aqui comigo

Aqueles três eram minha família, a única que eu tinha.

Rayane: Nós te amamos Bibi, agora vai descansar

Me despedi de todos e Duda se aajeitou no sofá cama ao meu lado para passar a noite comigo.

Duda: Pode chorar amiga, você não precisa ser forte o tempo todo

Bia: Eu sinto tanta falta dele-sussurei já deixando umas lágrimas escaparem, ela veio rapidamente para o lado e se sentou na ponta da cama

Duda: Eu sei amiga, imagino o quão dolorido tem sido pra você -disse suavemente-E tenho certeza que o Cobra vai ficar todo bobo quando descobrir que tem uma filha

Ele ia.



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