Vícios e Obsessões {PAUSADO}

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Bia

Eu estava sentindo que tinha uma coisa de muito errada acontecendo, meu coração estava apertado e eu mal conseguia respirar.

O tiroteio que tinha começado a algumas horas de uma forma intensa parou de uma hora para outra, me levantei do sofá roendo todas as minhas unhas completamente impaciente e ansiosa.

Eu sabia que essa era a vida do Cobra, mas mesmo assim era muito difícil de entender e aceitar que a qualquer momento ele podia morrer ou ir preso, mesmo não sendo um pensamento constante na minha mente ainda sim era algo que me assombrava toda vez que eu o via armado ou saindo para boca.

Esperei por quase três horas sem nem mesmo conseguir raciocinar direito, nunca aconteceu de em uma operação ele ficar tanto tempo sem dar notícias, geralmente sempre pedia para um dos meninos daqui da frente me avisar que ele tava bem e escondido.

Sempre quando tinha uma operação que o foco era prender o Cobra ele ficava escondido em algum lugar seguro enquanto esperava os policiais irem embora, sabia que ele odiava essa logística, mas era melhor do que ir preso e não ter o controle do morro nas mãos.

Quando o cansaço finalmente começou a me pegar escutei o barulho da porta abrindo e me levantei vendo o Falcão com uma cara séria que eu nunca tinha visto antes, geralmente ele era sempre brincalhão e leve.

Bia: O que aconteceu?-meu corpo estava rígido e meus olhos encheram de lágrimas

Eu sabia que alguma coisa muito ruim tinha acontecido.

Falcão: Preciso que você fique calma-se aproximou de mim e eu me apoiei no painel da televisão

Bia: Falcão...

Falcão: Cobra sumiu-soltou de repente e eu paralisei 

Bia: S-sumiu?-perguntei com a voz falha-Como assim?

Falcão: Ele foi ajudar um dos nossos seguranças  e sumiu-senti que tinha alguma coisa por trás que ele não queria me contar-Usaram a operação como disfarce

Meus olhos encheram de lágrimas e eu não consegui segurar.

Bia: Ele morreu?

Falcão me encarou e eu apertei com mais força no painel que me sustentava, ele não precisava me responder, nem ele sabia o que tinha acontecido.

Falcão: Eu realmente não sei Bia-suspirou nervoso passando a mão pelos cabelos-Preso ele não foi por que não vazaram na impressa, e com a ficha criminal extensa que o seu marido tem com certeza isso já teria vazado se fosse o caso

Minha cabeça rodava.

Bia: Eu não posso perder ele Falcão-murmurei com a voz embargada e ele me abraçou, um soluço alto saiu da minha boca 

Falcão: Eu vou descobrir o que aconteceu Bia, eu prometo

***

Eu não dormi, quando eu fingi que estava melhor o Falcão saiu avisando que ia começar a procurar pelo meu marido, passei a noite inteira pensando e criando mil teorias do que poderia ter acontecido.

Era uma dor física que parecia me rasgar de dentro pra fora, nunca tinha sentindo nem de longe essa angústia e sensação de desconexão com a realidade.

Duda: Você precisa comer amiga-pediu com a voz suave

Bia: Não tô com fome, sinto que se eu colocar alguma coisa pra dentro vou vomitar

Duda colocou o prato de sopa de volta ao balcão e me encarou segurando minha mão.

Duda: Eu não consigo imaginar seu desespero-meus olhos se encheram de lágrimas novamente e eu pisquei várias vezes-Mas você precisa se alimentar, tenho certeza que o Cobra não ia querer te ver assim 

Bia: Eu não consigo Duda-sussurei-Não consigo imaginar minha vida sem ele, não consigo nem mesmo respirar quando eu penso que alguém pode ter matado ele e desovado o corpo em algum lugar que a gente não sabe

Por que por mais que o Falcão não estivesse me dizendo tudo, eu sabia que essa era uma possibilidade que estava passando na cabeça dele.

Duda: Você precisa ter fé Bia-apertou minha mão-Tenho certeza que vamos achar ele e isso não vai passar de um susto

Eu queria acreditar nas suas palavras, queria me apegar a alguma força superior, mas por mais que ele estivesse vivo, tinha alguma coisa muito ruim acontecendo com ele, eu sentia isso dentro do meu coração.