35

3.1K 160 17
                                    

Bia

Falcão: Tá maluco, se eu broto no bailão sem minha dona eu chego em casa e minhas roupas estão na rua po-dei risada do balcão enquanto secava uns copos e escutava eles discutindo

Cobra: Muito pau mandado mesmo

Falcão: E tu não é não, né?-rebateu e eu levantei meu olhar vendo o Cobra me encarar e dar um sorrisinho 

Cobra: Quer ficar sem emprego?

Os outros seguranças de sempre que estavam na mesa riram e a Duda voltou depois de ter levado mais cerveja pra eles.

Duda: Ainda bem que hoje tá fraco o movimento-falou enquanto roubava uma batata separada para entregar na mesa e eu a olhei feio

Bia: Geralmente quinta é assim, final do mês então

Duda: Tu acha que amanhã ele vai colocar o pagode?-perguntou desesperada fazendo cara de sofrida e eu ri

Bia: Acho que sim, isso aqui fica lotado-coloquei mais um copo no escorredor-Já estou cansada só de pensar nisso

Duda: Nem fala, semana passada fechamos quase quatro da manhã

Bia: Nem consegui raciocinar no dia seguinte

Estávamos conversando já que o único cliente que estava na mesa era o Cobra até que eu vi a Karina entrar na rua junto da Jéssica com uma cara que arrepiou meu corpo, ela encarou o ex marido com os olhos carregados de ódio e chutou uma mesa perto da que ele tava sentado.

Falcão: Lá vamos nós-sibilou encarando a cena

Duda saiu do balcão onde estávamos já irritada e deu a volta indo em direção a ela que parecia um bicho, um sentimento ruim encheu o meu peito enquanto minhas mãos ficavam levemente dormentes por conta da ansiedade.

Duda: O que tu quer Karina?, vai dar esses ataques de maluca longe daqui, bora

Karina: Então essa é a vagabunda que tu tá?, É essa vagabunda que tu tá escondendo de todo mundo?-gritou para o Cobra que tinha os olhos na situação sem mover um músculo do rosto-Já não bastou foder essa vagabunda na minha cama enquanto eu tava fora e agora tá colocando ela dentro da nossa casa?

Espera, o que?

Falcão: Karina-avisou se levantando e indo em direção a ela que deu um passo pra trás, transtornada demais

Karina: Eduarda é uma vagabunda que dormia com o meu marido em troca de dinheiro-cuspiu para todo mundo ouvir e eu senti uma leve tontura-Me diz, aquele moleque é fruto do lindo caso de amor que vocês estavam tendo embaixo do meu nariz?-debochou dando uma risada amarga

Cobra chegou até ela na velocidade da luz e a pegou pelos cabelos começando uma enorme confusão, meus ouvido zumbiam e antes que alguém viesse atrás de mim eu já estava saindo pelas portas dos fundos e descendo as escadas que davam para a rua debaixo.Meus pulmões doíam com a necessidade de ar enquanto lágrimas queimavam em meus olhos, eu estava completamente desnorteada.

Cobra e Duda já tinham tido algo?, ela tinha sido amante dele por quanto tempo?, o Isaac era filho dele?.Mil perguntas rondavam na minha mente enquanto eu andava mais rápido querendo loucamente sair do morro, precisava respirar longe daqui e pensar, por que eles não tinham me contando sobre isso?, será que eles ainda tinham algo pelas minhas costas?.

Karina falou com tanta certeza que eles tinham algo que eu realmente duvidei se eu era a única na sua vida, eu tinha sido burra se eu acreditei que mesmo com seu histórico de traições ele ia se manter fiel, a magoá se formou em meu peito mais rápido do que eu esperava enquanto sentia como se uma faca tivesse atravessado o meu peito.Eles dois eram as pessoas que eu mais confiava na minha vida, e saber que eles talvez estivessem juntos era sufocante.

As palavras do meu irmão praticamente gritavam em minha cabeça enquanto tudo que eu construí para manter longe voltou com tudo, eu realmente era capaz de viver sozinha?, ter minha própria vida?, eu realmente estava fazendo o certo decepcionando minha família?.Não tinha mais tanta certeza.

Quando finalmente meus tênis tocaram na areia da praia eu relaxei, andei até uma parte um pouco afastada e me sentei tirando os sapatos, puxei meus joelhos para o meu peito e tentei jogar tudo que estava sentindo para baixo, não queria pensar e nem mesmo criar teorias, sabia que eu precisava conversar com os dois assim que voltasse, só precisava tomar coragem pra isso.

Estava quase pegando meu celular quando um rosto conhecido apareceu correndo na praia, Hugo estava sem camisa com fones de ouvido quando olhou em minha direção com pura surpresa em seu rosto vindo em minha direção.

Hugo: Tá tudo bem?-perguntou preocupado enquanto se agachava na minha frente

Bia: Está sim-menti, agradecendo por não ter chorado-Vim pensar um pouco

Hugo: Ah, é muito bom, sempre venho pra cá correr quando estou com a cabeça cheia demais-abriu um sorriso com dentes muito brancos e eu dei um meio sorriso-Veio sozinha?

Bia: Sim, pode não contar para os meus pais?, não queria preocupá-los, tá tarde

Hugo me encarou como se tivesse vendo atrás de mim e isso me incomodou como sempre, me mexi desconfortável e ele deu uma risada se sentando do meu lado.

Hugo: Não conto se você me deixar ficar com você, está tarde e essa hora é perigoso

Bia: Não precisa, não quero te dar trabalho-disse sem graça, eu não queria ele perto de mim

Hugo: Você não me dá-rebateu imediatamente-Não posso te deixar aqui sozinha essa hora

Bia: Tudo bem-cedi, sabendo que ele não ia sair daqui e que se ele contasse para os meus pais, ia ser outra grande confusão, tudo que eu não precisava-Não vou demorar

Fiquei por ali cerca de uma hora enquanto as ondas iam e vinham, vez ou outra o Hugo tentava puxar um assunto e eu respondia sem me prolongar muito.Quando o sono começou a bater e já estava na hora de eu voltar, me levantei e fomos andando até o calçadão que estava vazio.

Bia: Obrigado pela companhia-agradeci enquanto ajeitava meu tênis que precisava urgentemente de uma lavagem

Hugo: Não precisa agradecer, é sempre um prazer estar com você-dei um sorriso amarelo 

Bia: Vou indo

Hugo: Eu chamei um uber pra você, jamais te deixaria ir sozinha essa hora

Bia: Não precisava-disse sem graça-Eu moro perto, posso ir andando

Hugo: Não aceito não como resposta-seu tom mudou, se tornando mais firme

Bia: Obrigado-agradeci novamente enquanto um carro branco parava bem onde nós estávamos

Hugo puxou meu pulso suavemente e beijou o dorso da minha mão.

Hugo: Nos vemos em breve

Estranho.

-------------------------------------------------------- 

Bom dia pra vocês







Vícios e Obsessões {PAUSADO}Onde histórias criam vida. Descubra agora