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Bia

Adélia: Está pronta?-minha mãe perguntou enquanto entrava no meu quarto

Bia: Só estou terminado de trançar meus cabelos

Adélia: Não demore, seu pai já está pronto

Acenei com a cabeça e continuei a ajeitar meus cabelos, hoje a noite íamos jantar em um restaurante junto de um amigo do meu pai que eu não conhecia, ele disse que ele tava ajudando ele na obra da igreja e queria sua família reunida, acabou que até folga eu tinha pedido hoje.

Resolvi vestir um vestido canelado longo de gola alta preto já que mais cedo o Cobra se empolgou e acabou marcando meu pescoço de maneira muito visível, eu estava praticamente passando minhas manhãs com ele e a noite ele me levava para o trabalho e quando podia ficava por lá junto dos seus seguranças e do meu irmão.

Confesso que estava gostando mais dessa rotina do que deveria, estava descobrindo novas sensações que eu me perguntava como vivi sem uma gota disso durante tantos anos.

Depois de me arrumar e calcar minhas sapatilhas nós finalmente saímos de casa, o clima hoje estava frio e um vento gelado arrepiou meu corpo, alguns moradores nos cumprimentaram e eu sorri fraco para eles, pelo que eu entendi, o tal homem que tinha marcado o jantar tinha mandado um carro para nos buscar no pé do morro.

Passamos pela boca e tive o vislumbre do Cobra parado do lado do Falcão sem camisa, seu olhar veio até mim imediatamente me fazendo lembrar da sua boca em minha intimidade mais cedo, ainda conseguia sentir algumas pontadas enquanto eu andava.

Gilmar: Esses vagabundos agora deram para nos encarar?-meu pai perguntou visivelmente irritado e eu desviei o olhar antes que ele percebesse alguma coisa

Adélia: Sem confusão Gilmar, sabe como eles são-mamãe o repreendeu e escutei ele bufar

***

O tal restaurante era de luxo, percebi isso assim que vi o tipo de gente que estava frequentando o local, me senti imediatamente mal arrumada e um pouco confusa de como meu pai conhecia alguém que pudesse ter tanto dinheiro.

Gilmar: Ali está ali

Falou com a minha mãe que acenou e vi que sua postura mudou para uma postura totalmente tensa e rigída.Fomos andando até o final do restaurante em uma mesa bem intimista e longe dos olhares dos outros.

Um homem um pouco mais alto que eu vestido com roupas de marca se levantou com um sorriso no rosto, era um homem bonito com cabelos loiros, barba por fazer e sobrancelhas grossas, seu maxilar era redondo e daqui eu conseguia ver que seu nariz era um pouco torto, o que me indicava que ele devia ter quebrado, o do meu irmão também era assim, não tão acentuado.

Seus olhos vieram imediatamente em mim e meu corpo se arrepiou de uma maneira ruim, meu corpo se retraiu um pouco e meu pai estendeu a mão para que ele a apertasse.

Gilmar: Hugo, essa é a minha filha, Beatriz-meu pai puxou meu braço com um pouco de força, seu tom de voz me incomodou e eu dei um sorriso amarelo

Bia: Prazer, senhor-o cumprimentei educadamente e vi seus olhos brilharem

Hugo: O prazer é todo meu-ele pegou minha mão e deixou um beijo molhado demais-Adélia

Minha mãe sorriu e ele a cumprimentou da mesma maneira.

Hugo: Vamos nos sentar-ele indicou os lugares e eu fiquei levemente incomodada por estar sentada ao seu lado de frente para os meus pais

O garçom nos trouxe os cardápios que foi entregue aos homens da mesa, minhas mãos estavam soando tanto que eu limpei discretamente em meu vestido.

Hugo: O que você gostaria de comer?-perguntou para mim com um sorriso galanteador

Bia: Ah, pode ser uma massa

Hugo: Perfeito

Meus pais escolheram uma massa também e nós fizemos o pedido, uma garrafa de vinho foi rapidamente posta na mesa e eu recusei, não gostava de nada alcoólico e preferi beber uma água com gás.

Hugo: Confesso que fiquei surpreso de uma jovem como você não beber alcóol-falou somente para eu que escutasse, ele não devia ser muito mais velho que eu, talvez uns cinco, seis anos

Bia: Ah, não gosto-respondi sem graça, tinha alguma coisa naquele homem que me incomodava veementemente

Hugo: E me conta, seus pais falaram que você trabalha bastante-puxou assunto

Bia: Sim, sou faxineira e a noite trabalho em um bar

Hugo: Trabalha em um bar e não bebe?-questinou de maneira descontraída

Bia: Acho que exatamente por isso não bebo-fiz uma piada para quebrar o clima tenso na mesa

Hugo: Pensa em fazer faculdade?

Bia: Ainda não pensei sobre isso-respondi bebericando meu copo-Talvez daqui a alguns anos

Hugo: Estudar é importante, abre portas para o nosso futuro-acenei 

Bia: Fez alguma faculade?-perguntei 

Hugo: Admistração, tenho algumas empresas

Gilmar: Não seja modesto Hugo-meu pai se intrometeu com um sorriso enorme no rosto-Hugo comanda uma das maiores empresas do país

Hugo: Besteira-deu uma golada no vinho que devia custar uma fortuna-São fruto de muito estudo

Meu pai e ele entraram em uma conversa paralela enquanto encarei minha mãe que tinha uma feição congelada em seu rosto, sabia que algo a estava incomodando, sua postura era tensa e a todo momento ela olhava para mim de maneira preocupada, o que me incomodou.

O jantar transcorreu sem maiores estresses, em alguns momentos ele puxava assunto comigo e eu o respondia de maneira educada, pelo que eu entendi, Hugo era um investidor que fazia alguns projetos de caridade, meu pai correu atrás e dessa maneira conseguiu ajuda, o que tinha sido uma sorte.

Hugo: A noite foi incrível, uma companhia realmente agradável-ele nos conduziu até a porta do restaurante aonde o mesmo carro que nos trouxe estava parado

Adélia: Nós que agradecemos o convite-falou simpática mas que não chegou em seus olhos

Hugo: Espero que final de semana possamos nos encontrar novamente-seu olhar veio até mim e eu senti meu rosto corar

Gilmar: Tenha certeza que sim-eles se cumprimentaram e meus pais entraram no carro me deixando sozinha

Hugo: Foi um prazer te conhecer Bia, você é uma mulher encantadora-seus olhos passaram pelo meu corpo e eu sorri sem graça

Bia: Obrigado pelo jantar

Hugo: Não tem de que-ele se aproximou de mim e deixou um beijo perto demais da minha boca que me deu vontade de vomitar 

Meu corpo se arrepiou novamente de maneira ruim, mas foi a tatuagem de jacaré comendo uma cobra que estremeceu meu corpo e fez com que um pressentimento horrível atravessasse meu corpo. 




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