Bia
Depois de ter passado o dia com o Cobra era difícil me separar dele para vir trabalhar, principalmente quando eu vi seu olho roxo e a boca cortada, parece que ele tinha brigado feio com o meu irmão e os dois brutamontes resolveram quase se matar.
Cobra: Seu irmão já sabe da gente
Foi a única coisa que ele falou quando chegou em casa segurando um pedaço de pano no rosto, inicialmente eu fiquei tão chocada que nem mesmo consegui reagir, mil coisas passaram pela minha mente, principalmente se ele iria falar algo para os nossos pais, mas logo o Cobra me acalmou dizendo que essa era a última coisa que ele faria.
Por isso não me surpreendi ao ver meu irmão entrar no bar com os olhos roxos e um corte no supercílio bem grande, a boca tava cortada do mesmo jeito e o nariz um pouco roxo demais.
Piloto: Quero falar contigo, vamos ali comigo-falou sério e eu respirei fundo
Bia: Não tenho nada falar com você-avisei virando minhas costas mas ele segurou meu braço sem me machucar
Piloto: Eu não tô brincando Beatriz-seu olhar era duro e sua expressão séria como a muito tempo eu não via, por isso larguei o pano que limpava o balcão e o segui para os fundos onde dava para a pracinha
Bia: O que você quer?-perguntei seca cruzando os meus braços
Piloto: O que eu quero?-rebateu dando uma risada sarcástica-Você tem noção da merda que tá fazendo com a sua vida?
Bia: Exatamente, a minha vida-falei mais alto-Você não tem direito nenhum de opinar sobre ela Vitor
O chamei pelo nome e vi que ele vacilou com o olhar por poucos segundos antes de ficar cara a cara comigo.
Piloto: Você não entende Beatriz, nunca entendeu nada que acontecia ao seu redor-cuspiu as palavras fazendo meus olhos queimarem-Você acha que o Cobra te ama? acha que é a única buceta que ele fode?-meu irmão passou as mãos pelo cabelo visivelmente nervoso-Deixa de ser burra, você é só mais um brinquedinho pra ele assim como todas as outras
Minha mão estalou em seu rosto antes mesmo que eu pudesse pensar, segurei o choro com vontade sem querer dar a ele esse gosto.
Bia: Nunca mais chega perto de mim-falei com a voz trêmula
Virei as costas sentindo meu coração dilacerado e não o olhei novamente, escutei ele chutar a lixeira do lado de fora e rapidamente a Duda veio correndo na minha direção me abraçar.
Duda: Tá tudo bem amiga, eu tô aqui com você-sussurou no meu ouvido enquanto eu desabava nos seus braços
Duda me levou até um pequeno quartinho de dispensa e trancou a porta, por sorte essa hora era vazio e cuidávamos apenas da limpeza, chorei tudo que estava entalado todos esses anos, o seu abandono, o seu afastamento, e principalmente a falta de amor.A maneira como o Vitor me tratou hoje me mostrou mais uma vez que eu não conhecia a pessoa que era meu super héroi, e isso me doía como nunca doeu.
Suas palavras rodavam na minha cabeça me deixando tonta, a culpa por tudo que eu tava vivendo me pegou de jeito e eu comecei a me sentir suja, como se tudo que eu estivesse vivendo fosse errado, a memória do dia que meu irmão saiu de casa e a maneira que meus pais ficaram pesaram ainda mais meu coração.
Eu era a maior decepção de suas vidas, eu ia destruir a minha família assim como meu irmão destruiu.
Bia: Não consigo respirar-avisei a Duda que me olhou preocupada
A crise de pânico chegou com tudo em minha mente e eu comecei a sentir a falta de ar de sempre, pressionei o meu peito com uma mão enquanto ficava completamente alheia ao meu redor, a pressão toda vez que eu respirava era demais para aguentar e eu precisei me apoiar em uma das prateleiras para não cair no chão.
Eram sequências de imagem que passavam uma atrás da outra, meus pais chorando, a vergonha que eu daria, o Cobra me mandando embora depois de ter se divertido o suficiente, meu irmão saindo de casa.Tudo isso foi demais para eu suportar.
Não sei se passaram minutos ou horas, e quando eu jurei que não ia aguentar mais tudo na minha mente, senti duas mãos firmes segurando meu rosto e me puxando para um peito firme que eu conhecia bem.
Bia: Eu vou destruir a minha família-solucei enquanto agarrava com força sua blusa-Eles vão me odiar, vão me colocar pra fora
Cobra: Se acalma Bia-falou em meu ouvido enquanto acariciava minhas costas devagar por debaixo da blusa-Primeiro você se acalma e depois a gente conversa
Cobra me pegou no colo e me sentou no chão enquanto me deixava chorar o usando como meu bote salva-vidas, sua mão quente contra minhas costas nua foram me distraindo e aos poucos fui me acalmando, não sei ao certo quanto tempo durou, mas em nenhum momento ele fez menção de levantar ou de me tirar de cima dele.
Minha mente que trabalhava me auto sabotando se acalmou e voltou a trabalhar de maneira normal, a ferida que meu irmão tinha feito ainda permanecia dolorida demais, por isso joguei tudo que estava sentindo para baixo retomando o controle das minhas ações.Vitor não me conhecia, não sabia nada sobre mim ou sobre o que eu tinha passado.
Vitor não fazia ideia de como eu me sentia viva e finalmente feliz.
E também não sabia que eu estava terrivelmente apaixonada pelo Cobra.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vícios e Obsessões {PAUSADO}
Teen Fiction📍Rocinha-RJ|+18 "Eu sou seu anjo, seu demônio Cê é meu pesadelo, é meu sonho Ela me balança tipo o mar Se sumir vou sentir falta, ela é tipo o ar"