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Bia

Depois de sair da sorveteria com um Isaac dormindo no meu colo, tive que aceitar uma carona que o Cobra me deu, não falamos mais nada durante o caminho e estava bom assim.

As palavras dele sobre curtir a vida mexeram com a minha cabeça e eu me imaginei idosa sem nem ter conhecido um terço do que planejava, nunca fui a praia, ao shopping, ao cinema e muito menos sair para dançar como a Duda fazia junto da sua prima.

Eu sentia falta de algo que nunca tive, e mesmo tendo vivido dezenove anos assim, agora era algo que estava me incomodando muito mais do que devia.

Cobra mexia comigo de um jeito esquisito, não sabia o motivo e nem como, mas ainda sim eu o sentia dentro de mim quando isso não era pra acontecer.

Duda: Qual que é mais bonito?-perguntou me tirando dos meus pensamentos e mostrando dois vestido idênticos no cabide, a única coisa que diferenciava era que um tinha glitter e o outro não

Bia: Você realmente quer saber minha opinião sobre suas roupas?-perguntei novamente, eu não era um parâmetro pra isso

Duda:Sim-fez um biquinho colocando cada um na frente do corpo em frente ao espelho do armário

Bia: Eu acho curto e muito justo-ela revirou os olhos-Mas se eu fosse escolher, seria o branco

Pelo que ela me explicou, era um vestido tubinho de alças finas que eu me perguntava como conseguia sustentar seios grandes iguais os meus, será que arrebentava?

Duda: Prova-ela jogou a peça em cima de mim e eu dei uma risada nervosa

Bia: Tá doida?

Duda: Anda, só tem nós duas aqui-rebateu e eu estreitei meus olhos-Vai logo

Bufei e fui até o banheiro do seu quarto, era óbvio que eu não iria sair assim, mas a curiosidade falou mais alto, eu só queria ver como seria vestir algo...normal.

Tirei o longo vestido cinza que me cobria ficando de calcinha e sutiã de algodão bem simples e passei o vestido pela cabeça sentindo que ele realmente era justo.Demorei um pouco para entender como ajustar no meu corpo e quando finalmente o coloquei saí sem muita expectativa.

Duda: Puta que pariu-foi a primeira coisa que ela falou quando ela me viu, era ruim?

Bia: Ficou feio?-perguntei insegura olhando para ele no meu corpo

Duda: Feio?-rebateu indignada-Mona você tá um espetacúlo

Duda puxou minha mão me colocando na frente do espelho e eu quase não me reconheci, era impressionante como uma peça de roupa pode mudar nossa aparência, o vestido moldou um corpo que eu nem sabia que existia, deixando minha cintura fina bem marcada e delineando meus quadris mais cheios, ainda por cima valorizou meus seios fartos deixando meu corpo com uma silhuheta de violão que nem em mil anos eu saberia que tinha.

Bia: Uau-murmurei

Duda: Pois é, se eu tivesse esse corpo, só andaria de bíquini pra cima e para baixo-resmungou e eu dei uma risadinha

Me observei novamente me sentindo bonita depois de não sei quantos anos, dei uma girada com um sorriso bobo no rosto que morreu no minuto que meu celular começou a tocar indicando que era minha mãe.

Um balde de água fria me trazendo de volta para realidade.

Duda: Fica pra você-falou de repente e eu girei vendo ela encarando meu telefone

Bia: Não posso aceitar

Duda: Faço questão que aceite Bia, é um presente-falou séria

Bia: Eu não tenho onde usar

Duda: Só aceita, ok?-acenei e ela sorriu-Ótimo, agora me ajuda com o cabelo

Dei uma risada e liguei a prancha na tomada enquanto ela me contava as fofocas do morro.

***

Quando cheguei em casa o vestido parecia pesar uma tonelada na minha bolsa, coloquei minha mochila no quarto e assim que voltei a sala vi meus pais tomando um café enquanto sorriam um para o outro, uma cena rara de se ver hoje em dia.

Adélia: Ainda bem que chegou, temos novidades-sorriu animada, outra cena rara nesses últimos dias

Bia: Aconteceu algo?-perguntei me sentando no sofá um pouco afastada deles

Adélia: Sim, seu pai conseguiu um patrocinador para obra

Gilmar: E ainda vai nos ajudar nas despesas-completou sorridente e eu franzi o cenho

Bia: Ajudar nas despesas de casa?

Gilmar: Sim-respondeu um pouco rispído-Algum problema?

Bia: Nenhum-murmurei indo até a geladeira e pegando minha garrafa de água

Resolvi não interromper o momento deles dois mesmo que minha intuição gritasse que tinha alguma coisa de errada, os fiéis que iam a igreja realmente sempre ajudavam nas obras, agora, ajudar nas despesas da casa do pastor era um pouco demais.

Tranquei a porta do quarto e liguei minha televisão que foi um presente que eu me dei ano passado depois de trabalhar mais de doze horas seguidas durante todo mês, Duda tinha comprado outra e acabou me vendendo essa, era o único momento de lazer que eu tinha.

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Comentem aqui suas teorias e o que estão achando do casal!
Beijos


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