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Bia

Adélia: Posso conversar com você?-perguntou sutilmente enquanto eu assistia um filme qualquer na televisão

Bia: Claro-dei espaço no sofá pequeno para ela se sentar e a encarei preocupada-Aconteceu algo?

Adélia: Eu e seu pai estamos querendo nos mudar-soltou de uma vez e meu corpo gelou

Bia: Como assim se mudar?-soei confusa

Adélia: Eu e seu pai conversamos e achamos melhor assim-ela suspirou-Depois de tudo que passamos com seu irmão já tínhamos que ter feito isso antes, mas agora que as coisas melhoraram conseguimos até mesmo ver uma casa boa

Bia: Isso tem algo haver com o Hugo?-sondei com medo da resposta

O olhar da minha mãe se desviou do meu e vi a sombra de algo que não soube identificar passar em seus olhos, sua postura estava ligeiramente tensa e eu tinha certeza que não estava se sentindo confortável com a situação assim como eu.

Adélia: Hugo tem nos ajudado muito Bia, ele tem algumas casas alugadas e cedeu uma para nós por um valor muito abaixo do mercado-explicou quase de maneira robótica-Tem um galpão bom para nossa igreja e o custo de vida é mais baixo

Bia: Vocês acabaram de conhecer esse homem mãe-falei zonza 

Adélia: Ele é um bom homem Bia-não acreditei nas palavras que saíam da sua boca, aquele homem me assustava-Pode até mesmo ser um homem bacana para você, tem dinheiro, estabilidade e tem nos ajudado muito

Bia: Eu não me envolveria com ele mãe-rebati imediatamente 

Adélia: E por que não?-seu tom aumentou-Hugo é um bom homem, vai cuidar de você 

Bia: Eu não preciso de alguém que cuide de mim

A verdade é que eu sempre lutei sozinha, sempre trabalhei, corri atrás do meu e me cuidei emocionalmente sozinha, toda vez que uma surra do meu pai acabava e eu ficava sangrando com os machucados era eu mesma que ia me limpar e fazer curativos, era eu que sentia a dor e era eu que lidava com os traumas que eles me deixaram.

Adélia: Toda mulher precisa de um marido para sobreviver Beatriz-seu tom submisso me incomodava de tantas maneiras-Estou apenas te comunicando que vamos no mudar, seu pai vai vir conversar com você mais tarde

E com isso ela levantou e foi para o seu quarto batendo a porta, eu me sentia no meio de um furacão, foram tantas informações jogadas em cima de mim ao mesmo tempo que eu me sentia completamente desnorteada.

Cobra tinha vindo aqui na noite passada e falado que me amava, horas antes eu estava pronta para assumir o que tínhamos e enfrentar tudo que viesse pela frente, agora eu me sentia perdida, se mesmo casado com a mesma mulher durante dez anos ele traiu ela na própria casa, o que seria diferente dessa vez?.Uma pessoas podia mudar tanto assim em tão pouco espaço de tempo?.

Eu me sentia insegura, confusa e magoada por ter sido a última a saber dessa história.Eu entendia que o que é que eles tiveram no passado não cabia a mim sentir ciúmes, então por que doía tanto sequer pensar que eles estiveram juntos?.

Respirei fundo e levantei do sofá pegando minha bolsa, precisava respirar um ar puro antes que eu enlouquecesse, por isso peguei a ladeira da rua principal e subi até o alto do morro onde eu peguei o costume de vir com o Cobra sempre que eu saía do trabalho.

Eu não queria me mudar, não queria ficar perto do Hugo, eu tinha certeza que ele não era esse bom homem que demonstrava ser.Além de que se eu saísse daqui minha vida toda ia mudar, toda minha pequena liberdade ia pelos ares além do controle absoluto que meus pais iam exercer sobre mim novamente.Só de pensar nisso me dava desespero.

Rayane: Tá bem mona?-quase morri de susto ao ver ela parada do meu lado, nem o barulho dela chegando eu escutei

Bia: Sim-menti-Vim respirar um pouco

Rayane: Podemos conversar?

Bia: Claro

Rayane pegou um cigarro do bolso e acendeu enquanto sentava em cima de umas das meses que estavam por ali.

Rayane: Sabe por que eu sou tão neurótica com o Falcão?-perguntou me encarando e eu neguei com a cabeça-Bem no começo  do nosso relacionamento ele me traiu com uma marmita aqui do morro-a encarei surpresa-Eu limpava, cozinhava e quando ele chegava em casa ainda lavava as roupas dele-deu uma risada sem humor-Assim que eu soube peguei minhas coisas e fui embora, voltei pra casa da minha tia, fiz meu curso, abri minha loja e fiz ele se humilhar atrás de mim até o dia que eu vi que ele realmente tinha mudado

Bia: Eu não sabia-ela deu um meio sorriso triste que não combinava com sua energia caótica

Rayane: Quase ninguém sabe, ser corna já é ruim, explanado então é pior ainda-murmurou-Enfim, no começo eu não acreditei que ele tinha mudado e que ia me dar valor, precisei de muita força de vontade pra ver que ele tinha aprendido com o erro e que não ia fazer mais-seus olhos pareciam ver dentro de mim tudo que eu estava sentindo-Cobra não seria desleal a você Bia, ele pode ser um cara ignorante e mandão, mas não é burro

Bia: Ele traiu a mulher com quem era casado dez anos

Rayane: Karina nunca foi pra ele o que você é-falou séria-Eles nunca foram apaixonados amiga, Karina sempre soube de todas as traições, nunca ficou no escuro em relação a isso, ela sempre aceitou desde que o posto de primeira dama fosse dela

Era surreal pra mim que uma mulher se submetesse  a tão pouco somente por status e dinheiro.

Bia: Ontem ele disse que me amava-revelei

Rayane: E eu acredito-rebateu sem titubear-Em todos esses anos que eu conheço aquela peste nunca o vi tão feliz ao seu lado e tão transtornado desde que aquela piranha abriu a boca

Fiz uma careta com o vocabulário dela.

Rayane: Se minha opinião vale de alguma coisa-ela levantou da mesa e parou na minha frente-Mesmo que em algumas situações nossa mente grite para irmos embora, temos que escutar nosso coração

Rayane deu um beijo na minha bochecha e saiu me deixando sozinha, pisquei algumas vezes para conter as lágrimas que ameaçavam cair do meu rosto, eu me sentia ridícula estando tão confusa por algo que aconteceu anos atrás, eu não tinha o direito de me sentir isso, não quando eu nem sonhava em me envolver com o Cobra.

Eu sabia que precisava fazer uma escolha, e rápido

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Advinhem qual o próximo livro que está previsto para lançar????
Gael e Gabi!!!!!!!!!
Eu sou apaixonada por eles dois.





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