Cobra
Quando eu acabei de ler as cartas da minha mulher meu coração batia tão forte que eu pensei que fosse sair pela minha boca.
Eu tinha a porra de uma filha.
Uma menina chamada Marcela que era linda e muito parecida comigo.
Peguei uma foto da Bia com uma enorme barriga de grávida que a deixava ainda mais linda sorrindo para câmera, e mesmo que ela parecesse estar realmente feliz, seus olhos estavam vazios, carregados de uma tristeza que acendeu todo o ódio do meu corpo.
Minha mulher devia estar passando pelo inferno com toda essa situação de merda e eu nunca iria me perdoar por tê-la arrastado para toda essa bagunça, todo o sofrimento e todas as lágrimas que ela derramou iriam ser vingadas com sangue.
E isso era uma promessa.
Sombra: Então temos aqui o papai do ano-falou após eu mostrar uma foto da Marcela para ele-A garota é a sua cara
Cobra: Ela é-encarei seus olhos que pareciam estar sempre vazios e opacos-Eu quero vingança
Sombra: E você vai ter-concordou-Mas eu quero algo em troca
Cobra: Me diga o seu preço
Sombra: Eu quero tudo sobre a mulher que esteve aqui mais cedo, a ficha completa-acenei já imaginando que seria algo sobre ela-Peça para o Falcão mandar tudo para o meu braço direito e meu computador
Cobra: Considere feito-apertei sua mão e ele sorriu, seus dentes caninos eram mais afiados do que o normal, deixando o filha da puta mais assustador ainda
Sombra: Ligue para sua mulher, vou distrair um dos guardas-ele alcançou um osso de fêmur que ele mesmo arrancou e afiou a ponta o suficiente para se parecer com uma faca
Esperei que ele saísse e liguei o celular colocando o chip recarregado rapidamente, encarei o corredor estranhando o silêncio e disquei o número do Falcão que por sorte eu já sabia de cabeça, esperei que tocasse e apoiei minha cabeça no meu antebraço.
Falcão: Alô
Cobra: Sentiu saudade?-perguntei com um sorriso ansioso no rosto
Falcão: Porra patrão, é tu mesmo?-praticamente gritou do outro lado da linha
Cobra: Sim-respondi baixo para não chamar atenção de ninguém-Preciso falar rápido-me apressei a escutar vozes no final do corredor-Esse lugar é uma fortaleza, consiga o máximo de homens que puder e entrem para matar
Falcão: Correto, o braço direito do Sombra entrou em contato, devo confiar?
Na mesmo hora me lembrei do que ele pediu.
Cobra: Sim, inclusive mande para ele toda a ficha da prostituta que você mandou pra cá
Falcão: Jae, vou fazer agora-a linha ficou muda com alguns segundos-Aproveite a ligação
Não entendi o que ele falou, e assim que ia apertar o botão de desligar escutei o barulho de outra respiração.
Bia: Alô?-a voz da minha mulher soou em meus ouvidos e eu trinquei o maxilar com força, era tanta saudade que assim como a Bia falou, parecia ser físico
Cobra: Eu vou voltar para você meu amor-falei sentindo minha garganta secar-Para você e nossa filha
Bia: Cobra?-perguntou com a voz embargada e trêmula-Amor, onde você tá?, você tá bem?-disparou
Cobra: Não se preocupa com isso, em breve eu estou de volta-a acalmei-Preciso ir meu amor, eu amo você e a nossa filha mais do que tudo nesse mundo, nunca se esqueça disso
Bia: Eu também te amo meu amor-nesse ponto ela já estava aos prantos, fazendo a porra do meu coração sangrar junto com ela-Volta para nossa família
E então a ligação caiu ao mesmo tempo que passos se aproximaram, desliguei o aparelho e escondi no azulejo em falso que eu tinha colocado.
Durante todo esse tempo que eu estava aqui, haviam momentos que eu tive que bloquear a Bia da minha mente para não enlouquecer, quanto mais eu pensava nela e no que ela sentia, mais eu queria agir por impulso e fugir daqui de qualquer maneira, por mais que isso custasse minha morte.
E era isso que era perigoso, nesse momento eu só tinha que se racional, e não impulsivo.
Peguei a foto da minha filha recém nascida mamando no peito da minha esposa que a encarava como se estivesse segurando seu mundo inteiro nas mãos e acariciei.
Cobra: Eu vou voltar para vocês meus amores, eu prometo.
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Vícios e Obsessões {PAUSADO}
Teen Fiction📍Rocinha-RJ|+18 "Eu sou seu anjo, seu demônio Cê é meu pesadelo, é meu sonho Ela me balança tipo o mar Se sumir vou sentir falta, ela é tipo o ar"