Capítulo bônus (Sombra)

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Sombra

Estava relendo pela milésima vez a ficha que pedi ao Igor, confesso que obtive informações interessantes a respeito da mulher que não saía dos meus pensamentos.

Brenda tinha vinte anos e foi abandonada na rua depois dos seus pais morrerem em um acidente de carro após um bêbado qualquer bater no carro em que eles estavam

Depois de meses dormindo na rua e fazendo pequenos furtos para conseguir comer havia sido resgatada pela cafetina que administrava seus clientes e pagamento, pelo que eu li ela tinha dado educação, casa e comida para Brenda.

Se eu não fosse macaco velho no mundo do crime poderia até acreditar que a mulher tinha feito tudo isso por amor.

Mas eu tinha quase certeza que não era.

Fiquei satisfeito ao ver que Brenda fazia uma faculdade a qual tinha notas altas e que já tinha praticamente finalizado seu TCC antes mesmo de estar formada, tive acesso a alguns de seus clientes e até mesmo da sua conta bancária que tinha um valor interresante.O que me fazia pensar o motivo dela ainda estar se prostituindo.

Meu demônio interior rugiu quando a agenda dela apareceu no meu celular reserva, mas ao mesmo tempo fiquei satisfeito ao ver que na sexta feira ela seria minha, toda minha.

E depois disso, nem todo dinheiro do mundo a faria dormir com outro alguém.

Acendi um cigarro e levei meu olhar até minha presa, ele sabia que o tempo estava acabando e que em breve estaria morto assim como todos os seus amigos.

Era questão de tempo.

Tic tac.

Cobra: O que você está esperando para matá-lo?-perguntou acendendo um cigarro

Cobra tinha irritado alguém importante, era um homem inteligente, porém, nesse momento estava sendo burro por não enxergar que o tal do Jacaré não foi o culpado por ele estar aqui.

O cara não tinha dinheiro o suficiente para pagar uma diária desse inferno e muito menos tinha os requisitos para colocar alguém aqui, não tinha influência o suficiente e nem mesmo ficha limpa para isso.

Sombra: Gosto do jogo psicológico-respondi ainda o observando-Ele cada dia fica mais apavorado, não consegue comer com medo de estarem envenenando sua comida, não consegue dormir com medo de alguém o matar de madrugada, fica recluso sem saber em quem confiar-pontuei-Isso tudo o deixa cada vez mais fraco e vulnerável

E era exatamente disso que eu me alimentava, do medo.Adoecendo a pessoa até que ela estivesse completamente a minha mercê.

Cobra: Você é um filho da puta sádico-murmurou e eu dei um sorriso de lado

Sombra: Já sabe quando vai sair daqui?-questionei me virando pra ele

Depois de um rápido levantamento de quantos homens ele tinha e da sua força bruta, soube na hora que nem se ele quisesse iria conseguir invadir aqui, não que seus homens não fossem bons, eles eram, muitos deles passaram pelo meu treinamento e eu era o melhor no que fazia.

Mas, esse lugar ia além de qualquer coisa, precisaria de um exército e um grande volume de armamento, eu poderia ignorar e deixar que eles morressem tentando.A sorte do Cobra era que ele me ajudou anos atrás e eu não gostava de ter dividas penduradas.

E isso ia até mesmo além, quando ele saísse daqui teria problemas muito maiores, tinha alguém grande por trás dessa história.

Eu não tinha empatia, esse foi um dos sinais que fez minha terapeuta me diagnosticar como um psicopata, uma vadia burra que tentou chupar o pau do meu pai e que acabou sendo morta pela minha mãe.

E talvez ela realmente estivesse certa, eu enxergava tudo e todos como um jogo do meu tabuleiro, e o Cobra não era uma peça que eu descartaria, era inteligente e pensava quase igual a mim, podia ser importante caso algum dia eu precisasse.

Eu o ajudaria, mas em troca ele ficaria com uma dívida pendente, uma boa troca.

Cobra: Falcão me disse que daqui a uma semana-murmurou-Porra, estou agoniado de saudade da minha mulher e quero conhecer minha filha

Por um momento me desliguei do que ele falava e imaginei a Brenda com a barriga inchada carregando um filho meu, eu gostaria disso?

Com certeza não, odiaria ter que dividir a atenção e o amor dela com um ser, mas, com um filho meu na barriga ela não poderia se afastar de mim.Depois eu precisava verificar como estava seu histórico médico.

Cobra: Pretende trazê-la para uma íntima?

Ponderei, eu jamais faria ela entrar nesse lugar novamente, não com tantos homens desejando seu corpo, o seu corpo que me pertencia.

Sombra: Não, eu vou embora junto com você-surpresa brilhou em seus olhos e eu joguei a bituca no chão pisando em cima-Já avisei para o Neguinho que estamos saindo daqui

Cobra: O que você quer em troca?-perguntou, era esperto, sabia que eu não fazia nada de graça

Sombra: Por enquanto?-ele acenou-Nada, ainda temos uma longa guerra

Cobra apenas encarou meus olhos procurando por algo que pudesse ler mas não encontrou nada, nem mesmo uma emoção, e não era apenas uma máscara, mas sim o tédio infinito que eu sentia.

Poucas coisas faziam demonstrar alguma emoção, poderia contar nos dedos as vezes que eu saí do meu estado mental, e uma delas, estava prestes a ser minha, completamente minha.

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