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pov. bia são paulo, são pulo
depois que eu sai da academia, o otto me ligou falando que uma cliente apareceu, uma cliente surda, e como scarpa designer é acessível para todos, também atendemos clientes que tem "dificuldades" a mais que outros.
quem lidera a parte dos deficientes auditivos sou eu, já que eu cursei aula de libras dos 10 aos 12 anos.
— tudo bem, aurélio? - falo com ele em libras. — sim, eu realmente fiquei surpreso ao saber que viria aqui sem um intérprete.
— é, gosto de fazer as coisas diferentes do normal - sorrio - então, é uma casa? apartamento?
— apartamento - ele me comunica - eu quero algo aconchegante, em tons verdes, mas que não se torne... uma selva - ele dá um risinho.
— entendi, tem vários tons de verdes - pego algumas amostras - eu posso trabalhar em um modelo de interiores de acordo com os seus gostos, você vai preencher um fichário, e depois preciso de fotos da área do apartamento, pra que tudo fique do jeito que você quer.
— isso é perfeito - ele sorri - posso preencher o fichário agora? - ele pergunta. — claro que pode - faço o sinal, olho sobre o ombro do aurélio pro otto e ele me entrega a prancheta - aqui.
escuto o sininho da porta de entrada, e meus olhos se arregalam.
— otávio - me levanto - você sabe o básico de libras, fique aqui, eu volto já - olho pra ele.
— fala sério, beatriz - o otto fala.
corro até o piquerez e basicamente, pulo nele.
— joaco - aperto ele. — malukeirinha - ele me gira e beija minha bochecha.
— o que você tá fazendo aqui ein? - ele me solta e eu cruzo os braços. — eu posso ter dado uma fugida da academia - ele sorri.
— como assim "você deu uma fugida" ? - faço aspas. — eu não ia conseguir ficar sem te ver, malukeirinha - ele faz bico, MUITO FOFO.
— você poderia esperar até de noite - dou um tapa no ombro dele. — mas não consegui - ele me dá língua - você tava fazendo libras? - ele aponta pro aurélio.
— sim, clientela do scarpa designer é muito abrangente - sorrio orgulhosa. — o que é que você não sabe fazer? - ele sorri e olha pra minha boca.
— não sei, mas você pode saber o que eu sei fazer - mordo meu lábio inferior e sorrio.
— tô interrompendo? - o otto cruza os braços. — não, não tá - olho pra ele - o aurélio já terminou?
— tá nas últimas perguntas, você vai finalizar com ele? - o otto aponta. — vou sim - olho pro piquerez - espera sentado ali - aponto pra uma das cadeiras.
