Redamancy

O Gostosão Do Bar

As ruas de Londres estão mais movimentadas que de costume, quase como se fosse véspera de natal, as pessoas pareciam competir entre si para ver quem está mais arrumada, quase como se todos estivem indo para um evento de alta costura. Desde as mulheres com seus vestidos longos até os mais curtos, — me fazendo perguntar como elas conseguiam usar essas roupas que mostrava tanta pele estando tão frio —. Não posso negar que todos que tive o deslumbre de ver mostra como as londrinas ao mesmo tempo que demonstram elegância davam um toque de sensualidade, sem falar das mulheres de terno que esbanjavam um ar de superioridade e uma presença marcante. Já os homens não chegava a ser muito chocante, sempre usavam as mesma coisas que chegava a ser até desanimador de se olhar, eram poucos os que não usavam terno ou calça e um blusão. A minoria que conseguia se destacar usava cores vibrantes e estampas um pouco diferente do que estava acostumado. Parecia que cada pessoa queria se destacar nessa cidade tão grande.

Entre tantas pessoas, cada uma mais diferente que a outra, tinha eu, correndo para não perder minha última entrevista de emprego daquele dia, e corri tanto que já estava sentindo minhas pernas latejarem e meu peito queimar pedido por ar, quando tentei respirar pelo nariz o ar gelado pareceu queimar por dentro me fazendo perder o ritmo. Por sorte já estava perto do lugar da entrevista, então caminhei sentindo aquela sensação horrível de queimação diminuir.

Assim que fiquei atrás de um homem, dei uma olhada para ver o tamanho da fila, é enorme, parecia até o supermercado Guanabara em black friday, — tirando a parte do desespero e as brigas por um detergente —, e o que eu mais temia aconteceu, todos os olhares caíram em cima de mim — parecia até que eu tinha espancado uma velha —, mas também, difícil seria se não tivessem me olhando, tão bonito assim fica difícil não olhar. Ou será que é minha roupa? Acho que sim, se não for, deve ser por eu ter chegado correndo. Respirei fundo, — rezando pro ar gelado não queimar meu nariz por dentro de novo —, deve ser só impressão, repeti diversas vezes pra mim mesmo, ninguém deve está me olhando.

— Aqui é entrevista para Uzumaki Company, a entrevista para cafeteria é do outro lado da rua.— O homem da minha frente ousa me dizer, encaro ele incrédulo, parece até piada, eu até tinha pensado que era impressão mas parece que estão me encarando mesmo.

— Eu estou no lugar certo, senhor.— Espero que seja atropelado quando sair daqui.
Ele me olha de cima a baixo e rir, se virando para frente.

Olho para pessoas que estão na minha frente, todos de terno e eu pareço que acabei de sair da faculdade, que seja, eu estou ótimo. Posso não estar de terno, mas minha roupa não é um sacrilégio. Uma blusa de gola alta cinza claro, uma calça de alfaiataria cinza escuro e por último tem meu casaco enorme preto para não morrer de hipotermia. É uma boa roupa pra entrevista de emprego, é modesta, mas talvez um terno seria melhor... Que inferno, me sinto um ponto cinza no meio de milhares terno, não posso nem voltar pra casa e colocar outra roupa e nem posso dar na cara desse cara. Se eu chutar a perna dele, será que ele faz escândalo?

Mesmo sendo tentador bater nesse cara eu me segurei e foquei no meu objetivo, não estou aqui para arrumar briga, e sim um emprego. Mas pelo tamanho da fila vou acabar ficando o resto do dia aqui, — e se meu azar agir vou ficar atoa porque nem me chamar vão, é capaz de chegar alguém tão bom que vai ser contratado na hora —. E assim como imaginei aconteceu, ninguém foi contratado na hora para minha sorte, mas está quase anoitecendo e ainda estou longe de ser entrevistado, a cada passo minúsculo que eu dava minha vontade de ficar até o fim ia embora, foi quando senti alguém tocar meu ombro e me viro assustado, era um homem que parecia está na mesma situação que eu a um tempo atrás, ofegante e totalmente perdido.

— Aqui é a fila da entrevista de emprego?— Ele pergunta e eu concordo com a cabeça, e então, para quem parecia está na mesma situação que eu, agora agia como se fosse um grande executivo, me olhando de cima a baixo, gostaria tanto de falar umas coisinhas, pena que tenho que manter meu réu primário. Tô com um imbecil na frente e outro atrás, ninguém merece, eu devo ter jogado pedra na cruz, não é possível tanto azar assim não.