Redamancy

Paradise

Esse não é meu primeiro voo, e em todas as experiências que tive — as poucas —, foram traumatizante. Eu fico ansioso e pensando nas probabilidades de uma janela quebrar, a porta abrir e sugar as pessoas, algo bater na gente e o avião se parti ao meio. O filme de premonição fica me atordoando o tempo inteiro. Mas agora é diferente. Eu não sinto nada disso, dessa vez parece ser tão calmo e tranquilo, quase como se eu não estivesse a uma distância tão grande do solo. Talvez seja porque o Naruto me distrai a qualquer momento, ou pelo meu cansaço que me faz dormi sempre que pisco os olhos. Nos momentos que o sono passa ele se aproxima de mim e libera os feromônios, quase não me dando tempo para pensar direito, quando percebo o que está acontecendo já estou agarrado no corpo do Naruto perto de dormir outra vez.

Eu estou feliz que pela primeira vez estou conseguindo aproveitar uma viagem dessa sem estresse, sem ansiedade. Fico mais feliz ainda quando percebo que posso abraçar o Naruto e ficar com meu corpo colado no seu, sem falar que a primeira classe é tão confortável. Esse assento cama é mais confortável que minha cama.

Se eu for despejado vou ir pra casa do Naruto, imagina ser mimado e ter tudo aquilo todo santo dia, parece até um sonho. Enquanto sonhava acordado percebo o que estou fazendo, deitado de lado com uma das minhas pernas em cima das do Naruto enquanto minha mão está no seu peitoral. Eu fiz de novo. Pelo menos ainda não me sinto sonolento.

Quando suspiro sinto os dedos dele tocarem minha bochecha e seus feromônios me deixarem mais relaxado ainda, — mesmo ele liberando pouquinho pra mãos incomodar os outros passageiros já me deixa desnorteado com esse pouco —, mas de repente minha calmaria acaba, não sinto medo ou nervosismo, só inquietação. Então me aproximei mais de Naruto que me encarou parecendo confundo, provavelmente porque pensou que estava preste a dormi de novo.

Preciso falar algo, posso dizer sobre a física da pipoca ou porque o céu é azul, não, esses assuntos são muito entediantes, o Naruto não me entenderia. Puxa um assunto, mas qual? Pensa, pensa.

— Por que você fez uma vasectomia?— Sigo quase que sussurrando, quando percebo o que falei tenho me justificar e me tirar desse assunto tão idiota, por que eu fui falar logo disso? Se for algo pessoal e ele não quiser me contar? Vou ficar com a maior cara de idiota e o constrangimento pode durar a viagem inteira. Como eu pude fazer uma pergunta dessas? É quase como se ele perguntasse sobre algo da minha vida que não quero falar, vamos ficar estranhos, ele vai se distanciar e...

— Meu ômega pensa muito, deveria focar em mim em vez dos seus pensamentos, está pensando que fez a pergunta errada?— Sua voz parece mais grave e quando ela atingi meus ouvidos meu corpo treme. Meu ômega. Meu corpo tá fervendo, eu quero atacá-lo, mas preciso segurar meu desejo.— Está fazendo de novo.

— Não me chame assim.— Ele se aproxima de mim, nossos rostos estão tão perto, só mais um pouquinho e nos beijaríamos.— Me chamar assim em pleno pós cio é praticamente um gatilho pra eu perde o controle.

— Não vou chamar até chegamos no hotel.— Concordo e pensei que a conversa tinha parado por isso mesmo.— Por que eu fiz minha vasectomia, não é? Eu conto se você me contar as cicatrizes que você tem nós dois pulsos. Fico confuso e ele pega meu braço mostrando uma cicatriz grande nas duas mãos, eu tinha me esquecido que elas existiam.

Meu coração começou a bater rápido e o nervosismo me tomou por completo.

— A história da cicatriz te afeta tanto assim?— Ele sabe o que sinto pelo meu cheiro, não tem como eu escapar do faro de um nova espécie.— Você não quer me falar?

— Não.

— Então quero que... Que acaricie minha cabeça, como faço com você.— Ele quer um cafuné? Sendo assim eu concordei.— A história é pouco longa, posso resumir se quiser.