Calmaria

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Estar na casa do Naruto pode ser reconfortante, pode não, é muito reconfortante, tanto que minhas agonias e — possivelmente — delírios acabaram. Estou sendo mimado como se tivesse acabado de passar por uma cirurgia muito complicado e agora, alguém precisa me ajudar com tudo, bem, eu acho que essa é a melhor comparação. O Naruto não me deixa nem ir para o banheiro sozinho, segundo ele, posso desmaiar e bater minha cabeça em alguma quina, e que ele não conseguiria viver sem mim, além de está me ajudando a comer como se eu fosse um bebê porque não posso me esforçar demais. E o Naruto está me deixando dormi, normalmente ele me deixa acordado e só me deixava dormir de noite, que é o correto, mas quando me deito ou me encosto em algo confortável faz parecer que tomei sonífero.

Dormi é minha atividade favorita, não, é uma das.

O único ponto ruim é que me sinto muito parado, antes eu tinha que caminhar com o Naruto, desde que voltamos a trabalhar minha caminhada diária se tornou minhas idas ao trabalho, que são até mais longas. Mas na casa do Naruto me sinto um pouco entediado, nós conversamos mas quando não tô sentando estou deitado. É muito monótono.

E eu posso está sendo paranoico e vendo algo que só deve ser impressão, mas eu sinto que o Naruto muito distante, por mais que ele esteja fazendo tudo como normalmente tem algo diferente, como ele está ficando mais deitado que eu, normalmente o Naruto fica perto de mim mas sempre chega um momento que ele não aguenta mais e fica sentado ou fica em pé andando pelo quarto, mas isso não tá acontecendo.

Por mais que eu pergunte — e muito — ele sempre desconversa e diz que está bem, que só preciso descansar, mas eu não sou louco, não é possível que ele não esteja acontecendo nada.

Falando no Naruto ele de repente aparece na sala, ele se senta perto de mim, quase grudado e fica em silêncio olhando pra o que eu estou assistindo.

— Parece distante.— Agora eu consigo fazer ele falar alguma coisa.— Aconteceu alguma coisa no trabalho?

— Sinto muito por isso.— Ele murmura deitando a cabeça no meu ombro.

— Por que não conversa comigo?— Me ajuda a te ajudar.

— Sinto muito, não estou dando a atenção que você merece. Minha cabeça tá doendo e isso tá me deixando um pouco aéreo.

— Claro que já recebi toda atenção que mereço, mas por que eu não te dou atenção? Não vai ser tão incrível quanto você faz comigo mas a gente pode deitar, desligamos a luz e a televisão, você descansa e eu fico mexendo no celular liberando meus feromônios, se a dor estiver muito forte melhor tomar um remédio.

— Deitar parece bom.

A gente vai para o quarto e faz o que eu falei, ele se deita me abraçando e depois de alguns minutos ele estava completamente apagado, e por incrível que pareça eu não dormir, fiquei mexendo no celular no silencioso com o brilho bem fraco pra não acabar incomodando o Naruto, e minha meta pra continuar acordado foi continuar liberando meus feromônios em uma quantidade boa, porque se eu dormi meus feromônios vão ficar fracos demais e não vão fazer diferença se essa dor de cabeça for relacionada a síndrome de rejeição.

. • . • .

Tem vezes que eu gostaria de abusar do poder que tenho sobre o Naruto, se eu fosse mais como antigamente eu não estaria me irritando no ônibus porque uma criança está rindo alto demais com um volume de celular alto demais, eu posso está sendo amargurado, onde já se viu ter raiva de uma criança? Mas eu gostaria tanto de enfiar esse celular na boca dela e depois dar um murro na cara dessa mulher sonsa que nem pra pedi pra abaixar o volume do celular da provável filha pede. Sinto saudades do Brasil quando me lembro que uma mulher falou que ou o filho abaixava o volume do celular ou ele levava uma surra e ficaria um mês sem celular.

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