No Limite

601 57 46
                                    

Quando olhei pela janela a neve já havia coberto boa parte dos arredores, e sabia que depois de mais algumas horas ela iria cobrir mais ainda, até toda essa neve derreter poderia ser alguns dias ou até semanas, essa era minha maior preocupação, e o gerador pra caso faltasse energia, se ele parece de funcionar seria um grande problema. Tentei levar meus pensamentos para outra coisa que não fosse um desastre, e tentava manter a ideia que estava tudo sobre controle — o que claramente não estava acontecendo — percebi o nervosismo de Sasuke aumentar e junto dele a paranoia. E como no elevador ele começou a me fazer perguntas, eu respondi imaginando que isso acalmaria ele de alguma forma, — spoiler, não acalmou —, chegou em um nível que Sasuke estava falando que um de nós teríamos que sacrificar algum membro do nosso corpo pra um bem maior.

A paranoia que antes era só dele agora estava me afetando também, e a ideia de ter que corta meu braço porque segundo ele eu tenho mais carne começou a me atormentar.

— E se a gente morrer de hipotermia? A energia pode cair e podemos ficar vulneráveis ao frio, eu vi em uma pesquisa que a pessoa até alucina ou pensa que tá com um falso calor, não sei se é verdade, mas é só falando.— Ele fala como se o " e se a gente morrer de hipotermia?" Se amenizasse com um "mas é só falando".— Por que está fazendo essa cara?

— Querido, por mais que eu goste de escutar você falando, eu prefiro não saber as milhões de formas de como eu posso morrer.— Vi os olhos de Sasuke se arregalarem um pouco, e ele sorriu sem graça ficando com as bochechas rosadas.

— Ah... Sinto muito, é que quando eu fico nervoso eu falo sem parar, mas eu juro que não é de propósito, acaba saindo sem eu pensar, mas eu vou tentar não falar mais sobre isso. Meu pai diz que o maior erro da vida dele foi ter me ensinado a falar, mas eu sou um doce de pessoa, ele que é muito sem graça.
E não querendo incomodar, mas não acha que tá cortando muito fino e pequeno a calabresa?

— Não gosta assim?

— Mais ou menos, é que é tão pequeno que até o milho vai dar mais gosto.

— Por que você não corta? Então eu posso fazer o resto enquanto isso.— Digo e vejo seus olhos brilharem, parecia que ele estava se remoendo até agora pra que eu dissesse algo pra ele fazer. Então com um sorriso pequeno ele diz que vai lavar as mãos e que eu podia ir fazendo o resto.

Enquanto pegava o macarrão vi Sasuke começar a corta a calabresa, então fui fazer minha parte, um silêncio acabou tomando conta da cozinha, mas não era ruim, eu diria que é até um silêncio confortável.

— Onde aprendeu a cozinhar?— Sasuke pergunta e eu encaro ele mas vejo que ele estava concentrado demais no que estava fazendo.

— Já respondi essa pergunta.

— Então... Por que me contratou?

— Não fui eu, esse não é meu serviço, Shikamaru faz parte do RH, então foi ele que achou que você seria apropriado para vaga. Até eu fiz essa pergunta a ele e recebi a resposta que você é muito habilidoso, fala muitos idiomas e tem uma ótima formação.— Mesmo de costas podia até ver um grande sorriso se formando nos lábios dele, sentia de longe sua timidez junto com um orgulho vindo dele.

— Então não sabia quem era eu até o dia que apareci no seu escritório?

— Sim, bem, eu conheci você um pouco antes. Mas em parte sim, só sabia quem era você quando apareceu no meu escritório.

RedamancyOnde histórias criam vida. Descubra agora