Contratempos

184 27 27
                                    

Provavelmente eu fui muito ingênuo, ou só muito idiota por pensar que morar em casas diferentes tendo uma conexão com o Naruto poderia ser fácil. O pior de tudo é que me sinto o maior egoísta do mundo por não ter saído da minha casa e acabar com essa tortura, porque eu sei que morar com o Naruto é bom, mas agora que voltei e que me lembrei o quanto me esforcei para conseguir ter um lugar para chamar de meu eu me sinto receoso em sair. Mesmo que o Naruto tenha falado em comprar esse lugar eu não quero passar o resto da minha vida em uma caixinha, principalmente porque sei que ele iria odiar com todas suas forças está aqui. É pequeno, não tem cômodos sobrando para ele transformar em um escritório, e aqui é mais para uma pessoa do que pra duas, até para um bichinho de estimação seria torturante.

Sem uma troca constante de feromônios meu corpo parece ficar cada dia pior, e mesmo que eu vá dormi no final de semana na casa do Naruto e tenhamos uma boa troca de feromônios, ainda sim me sinto detonado, parece que estou com uma gripe persistente, meu corpo dói e minha cabeça parece está sempre a ponto de explodir, chega um momento que você fica no automático. De casa pro trabalho, do trabalho pra casa, nos finais de semana é do trabalho pra casa do Naruto. Será que é errado desejar umas férias depois de passar tanto tempo afastado?

Agora eu estou voltando para casa, sentado em uma cadeira no ônibus, vendo as pessoas entrar e sair.

Meu corpo dói e me sinto no automático, eu não tenho disposição nem pra falar, pareço um morto vivo, da pra perceber até no meu tom de voz. Parece que estou com preguiça ou doente, falo bem devagar e provavelmente com cara de desânimo. Devem pensar que sou um mau educado, o pior de tudo é que meu trabalho não me permite agir assim, eu preciso ser gentil e está com um sorriso no rosto, com um tom de voz ao menos animado, tanto que hoje uma cliente me acusou de debochar dela.

— Ei! Se levanta garoto, não tá vendo que sou idoso?— Eu viro meu rosto e vejo o idoso, eu olho para trás e vejo o banco preferencial com aqueles estudantes irritantes. Por que ele está pedindo isso pra mim em vez de que para aquelas pessoas?

— Eu não estou em um banco preferencial, por que devo me levantar? Se o senhor quer tanto sentar por que está falando comigo e não com aqueles adolescentes que realmente estão sentados no banco preferencial?

— Está me respondendo? Sua mãe não te deu educação?

— Não, ela me jogou em uma lixeira para morrer assim que nasci.— Ele fica em silêncio e se distancia de mim e vai até o banco preferencial.

Pelo visto minha história trágica com aquela mulher me ajudou em algo.

Depois de alguns minutos eu cheguei no meu ponto e desci, caminhei até a minha casa e tomei um banho, depois comi e me deitei. Faço isso toda semana. E sem nenhuma surpresa, me sinto esgotado. Parece que voltei à adolescência, a diferença era que eu ia para escola, fazia aula de taekwondo, curso de inglês, academia e tinha que estudar pro vestibular. Não é de se admirar que eu chegou um momento que eu não tinha mais forças para levantar da cama, mesmo fazendo menos coisas agora, me sinto tão exausto quanto naquela época.

Na minha cama que eu adoraria que fosse mais confortável eu tentava relaxar, normalmente eu apago assim que me deito, mas hoje eu me sinto inquieto, então fico de bruços e enfio meu rosto no travesseiro, minha intenção era gritar de raiva, mas em vez disso sinto os feromônios do Naruto invadir meu nariz. Meu corpo relaxa e esse é um dos poucos momentos do dia que não me sinto completamente desgastado.

— Isso não é justo! Nem uma marca na nuca eu tenho para sofrer tanto.

Depois de choramingar e quase chorar de raiva eu dormi. O bom é que mesmo em momentos como esse meu sono nunca me deixa na mão, qualquer cantinho minimamente confortável se torna um lugar perfeito para um cochilo. O ruim de dormir é acorda para ir trabalhar. Mas eu não tenho muita escolhas, então reúno forças para levantar e faço o mesmo dos outros dias. Tomo banho, troco de roupa, faço um café da manhã e como, escovo meus dentes e pegos minhas coisas e saio.

RedamancyOnde histórias criam vida. Descubra agora