14- O outro lado

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Lídia estava no ateliê da vila de seu reino. Fora ali que sua mãe havia feito o vestido de coroação dela, além de ser amiga das costureiras do local. Em forma de homenagem a sua mãe, usaria o mesmo vestido que ela usara em sua coroação, mesmo que o modelo fosse mais antigo.

Além disso, ela também havia comprado um presente para Nakime: sua roupa para o dia da coroação. Como ainda faltavam dois dias para o evento, ela entregaria pessoalmente para a garota, na casa de seus pais, pois sabia que Cristina estava doente e que Nakime e seus irmãos estavam cuidando dela.

Mal podia esperar para ver a reação de sua amiga. Lídia havia lhe comprado um terno na cor amarela (cor favorita de Nakime) pensando em recriar o momento de sua festa de 15 anos, quando as duas dançaram juntas, já que Nakime usava amarelo e Lídia usava um azul mais escuro.

Ela conversava animadamente com as costureiras, dizendo sobre como estava ansiosa para o dia da coroação, por que ela faria assim como sua mãe: em sua coroação, fora Cristina que levara a coroa para ela e assim, Lídia também faria com Nakime.

Quando o vestido de Lídia finalmente se encontrava pronto, a garota decide voltar para o palácio, mas acaba sendo surpreendida pela chuva forte que caia em Cosmo. Teve de esperar longos minutos até que a chuva desse uma trégua, mas acabou demorando mais do que o esperado.

Após um longo tempo, Lídia finalmente retorna ao Palácio. Porém, de cara já percebia que havia alguma coisa errada.

As ruas se encontravam agitadas e com muitas patrulhas de guardas. "Meu Deus... Será que recebemos um ataque?" Desesperada, Lídia começa a correr em direção ao seu castelo e como previsto, algo tinha acontecido. Bem na entrada do Palácio, havia uma multidão em frente a porta e alguns guardas tentando segurar todo aquele movimento:

— Princesa Lídia! Por aqui! — Um guarda apareceu atrás da garota e começou a guiá-la para dentro do local.

— Soldado, que bagunça é essa? — Lídia estava preocupada, pois parecia que algo grave tinha acontecido.

— Seu pai sofreu um ataque vossa majestade... Ele está em observação com as fadas, mas o estado é grave... — Lídia havia parado de escutar no "seu pai sofreu um ataque". Ela teve um branco de repente. Escutava o guarda lhe explicar o que havia acontecido, mas não compreendia uma palavra se quer.

— Me leve até meu pai, soldado...

— Sim senhora!

Lídia foi levada até a ala médica do palácio. Haviam fadas e pessoas de um lado para outro, pedindo resultados de exames e exigindo que mais exames fossem feitos.

Lídia para em frente ao local e se depara com a fada chefe da ala médica:

— Anala, o que houve com meu pai? — perguntou a princesa, sem esboçar nenhuma reação.

— Vossa Majestade, o seu pai sofreu um ataque muito forte na região do tórax. Não chegou a perfurar nenhum órgão, mas a estrutura óssea sofreu contusões.

— Se não houve perfuração, então quer dizer que foi um ataque de magia...

— Sim senhora, mas não foi qualquer magia... Analisando bem o ferimento local, houveram queimaduras ao redor, sem contar que no ponto principal do golpe, existe uma concentração surreal de calor! No momento em que o seu pai chegou aqui, esse "calor" estava se espalhando por toda a área do machucado, ferindo cada vez mais a região e de repente esse calor parou... Nunca tinha visto algo parecido, princesa... Já vi golpes de magia em que ficaram marcas profundas, mas igual a este... Isso está em outro nível...

— Quem desferiu o golpe? — Lídia perguntou friamente.

A doutora olhou bem para ela, com uma expressão nada agradável no rosto. Lídia não estava entendo aquele medo no olhar da doutora, então perguntou novamente:

— Quem desferiu o golpe?

— Vossa Majestade... Fora a ex capitã Nakime que o atacou...— Lídia paralisou.

— Co...como? — Perguntou na esperança de ter ouvido o nome errado. " Não... Ela não..."

— Sinto muito, princesa, mas o golpe foi feito por sua amiga. O alerta de procura já foi emitido por toda a Cosmo e ao que tudo indica, ela fugiu junto de seus irmãos e mais dois procurados por furto ao Palácio. — As palavras proferidas pela fada soaram como murros em seu estômago. Nada se encaixava na sua cabeça e ela torcia para que alguém aparecesse do nada e dissesse que tudo não passava de uma mera brincadeira.

Lídia se sentiu tonta e cambaleou um pouco até se apoiar na parede do corredor. Seu coração batia desenfreadamente só de imaginar que Nakime teria sido capaz de fazer algo tão horrendo como Anala lhe disse.

— Vossa Majestade, a senhora está bem? — Anala chegou perto de Lídia, mas a garota se afastou.

— Preciso me retirar... Se tiver mais alguma informação do meu pai, por favor peça para que me contem... Com licença...

Lídia correu o mais rápido que pode até seu quarto, mas logo chegando em frente à porta, haviam uma equipe de guardas, analisando o local. Mais um baque para a garota, pois aparentemente o seu quarto havia sido o lugar da "cena do crime". Suas portas estavam no chão e a parede do corredor possuía uma marca, que provavelmente fora onde o rei se chocou.

A única coisa que Lídia queria, era se deitar e ter certeza que tudo não passava de um sonho, mas nem o seu quarto ela poderia usar. Andou mais um pouco e chegou no local onde ela e seus amigos costumavam ficar. Era uma varanda externa com um barzinho ao lado de fora. Lídia se senta em um dos bancos do local, sentindo o vento se chocar contra seu corpo. Sua cabeça estava a milhão por hora e tudo parecia desmoronar em sua frente. Observava a paisagem caótica de nuvens carregadas e raios caindo ao horizonte, além de escutar toda a barulheira que as pessoas faziam lá em baixo, em busca de notícias sobre o rei e sobre o ataque que sofrera.

"Isso não pode ser real... Não faz sentido algum... Por que a Nakime faria uma coisa dessas?"

...

(lembranças/10 anos atrás)


— Qual é o seu sonho? — Perguntava Nakime, depois de uma caminhada com Lídia pela vila do reino.

Lídia olhou para Nakime e depois olhou para o palácio. Nakime sempre aparecia com essas perguntas aleatórias quando menos esperavam:

— Bom... Quero ser a melhor rainha que Cosmo já viu! Quero ter muitos poderes e ser muito muito forte! — Dizia Lídia, com brilho nos olhos.— E o seu?

— Hmm...— Nakime parou e pensou um pouco. — Eu quero ser a bruxa mais poderosa que todo mundo já viu! Quero ser tão incrível quanto a Cristina foi! Assim eu vou poder me tornar uma amazona e vou poder proteger você e sua família! — A garotinha respondia com um sorriso gigantesco nos lábios e deixou Lídia curiosa.

— Por que quer me proteger?

— Por que você é minha amiga! E amigos protegem os amigos e suas famílias!

A resposta inocente de Nakime deixou um leve sorriso no rosto de Lídia, o que era raro naquela idade:

— É... Eles protegem uns aos outros...

...


"Por que Nakime?... Por que...?"

Lídia se perguntava aos prantos por conta da situação. Ela não podia deixar essa história assim. Precisava encontrar Nakime e tirar isso a limpo, ou seria obrigada a se juntar a equipe de guardas para prendê-la e se fosse necessário...

Matá-la...

...


Finalizamos mais um!


até o próximos meus amores❤️**


Perdão pelos erros ortográficos✨️


Fragmentos do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora