Fragmentos do Passado

40- Onde a chuva cai

Após a volta dos soldados ao Reino Lunar, as coisas no Palácio estavam um tanto delicadas. Mesmo que Thomaz soubesse dos riscos que ele estava correndo, não imaginava que seus soldados fossem incapazes de conseguir trazê-los pela terceira vez. Mas, não se enganem. Ele tinha suas cartas na manga.

Por outro lado, Lídia faltava espumar de tamanha raiva. "Uma intimação? Isso é sério?"; pensava consigo mesma, sobre a proporção em que as coisas estavam tomando. Uma intimação real era algo muito sério de se fazer e isso poderia desencadear eventos não muito favoráveis para as nações.

Assim que terminara o seu treinamento, foi direto para o quarto evitando qualquer tipo de contato com as outras pessoas. Toda aquela situação estava mexendo de uma maneira sem igual com a princesa. Ela precisava digerir muitas informações, ao mesmo tempo que muitas outras chegavam. Essa era a vida de uma futura rainha.

Chegando ao seu quarto, tomou um rápido banho para lavar o seu cabelo, colocou um roupão e sentou-se na sua escrivaninha, para analisar os relatórios enviados pelos soldados. Parando para pensar, a ideia de invadir as terras de Eatonia era realmente horrível e agora estavam lidando com as consequências de tal ato.

Lendo mais um pouco, o soldado citava Nakime, novamente transformada na criatura e pelo visto, ela quase conseguira os vencer, se não fossem os outros soldados que chegaram com os irmãos da garota. Ela pensava naquele momento, quantas pessoas seriam necessárias para conseguir capturar a garota. Não era possível que eles fossem precisar mandar um batalhão inteiro de soldados, para consegui derrotar apenas uma pessoa, além de prender outras duas.

Os guerreiros lunares possuíam três derrotas na conta. Uma delas, Lídia fizera parte do grupo e quase conseguira, se não fosse surpreendida pela transformação de Nakime. O que era aquela coisa em que a garota estava se transformando? E desde de quando ela conseguia fazer aquilo?

"toc toc"

— Entre! — Respondeu as batidas, sem tirar os olhos dos papéis.

— Princesa Lídia, o seu pai solicita a sua presença na ala de reuniões. — Um dos guardas lhe passava tal informação.

Lídia acenou com a cabeça e em seguida o homem se retirou. Era provável que o assunto a ser tratado na reunião, seria o fato de terem sido intimados para um julgamento no Palácio do Reino Tecno.

A garota se levantou da escrivaninha, vestiu-se decentemente e foi-se em direção à sala de reuniões. O anoitecer estava próximo, deixando uma coloração alaranjada atravessar pelas janelas do Palácio. A primavera estava chegando ao seu fim e em breve as comemorações de fim ano chegariam juntas do verão. Naquele dia em específico, haviam uma boa quantia de nuvens espalhadas pelo céu, tingidas de cores alranjadas e até mesmo, alguns tons de rosa. Provavelmente a chuva cairia ao anoitecer.

Lídia estava mais calma, porém tinha plena consciência de que as coisas ficariam mais tensas no momento em que atravessasse aquela porta. Assim que bateu, a ordem de seu pai para que entrasse soou pelo corredor em seguida:

— O senhor solicitou a minha presença? — Perguntou a garota, entre a porta e a sala. O clima no local já não parecia um dos melhores, visto que os guerreiros pareciam todos irritados e intimidados.

— Por favor, entre e sente-se. Temos que discutir sobre esses últimos fracassos em missões, sem contar essa última intimação que recebemos. — Thomaz estava sério, impossibilitando que Lídia identificasse se ele estava concentrado ou mau humorado.

A princesa entrou e se sentou ao lado do seu pai, com os relatórios em mãos. Assim que Thomaz os viu, ergueu a mão para pegá-los e começou a lê-los silenciosamente. Todos estavam tensos na espera das considerações do rei: