26- Uma chance a paz

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(Capítulo grande mores/
contém gatilho)

Heloisa era péssima em esconder os seus sentimentos. Nakime e Kisho sabiam perfeitamente que algo havia incomodado a garota, mas deram espaço para ela, pois sabiam que em algum momento ela falaria sobre.

Demorou algumas horas para que ela se abrisse sobre o que vira, e quando finalmente teve coragem para contar, ela mostrou aos seus companheiros o colar que achara no Rio e o que ela usava, contando logo em seguida, o significado dele. Os outros, emocionados, não tinham muito o que falar para ela, a não ser ficarem presentes naquele momento tão difícil. Kisho sabia como era difícil relembrar sobre o passado, pois a sua história era trágica, então ele entendia o que Heloisa sentia naquele momento. Nakime, Sophia e Lucas já não sentiam tanto, afinal, Nakime não se recordava nem de onde viera e os pais do casal estavam vivos.

Eles ficaram ali com ela, lhe dando apoio e tentando confortá-la, num momento tão difícil para a garota...

...

A caminhada seguia cada vez mais complicada. Sophia havia perdido as contas de quantos desvios eles precisaram fazer, por conta das escaladas extremamente perigosas. Para a sorte deles, os monstros do lugar não os atacavam, quase como se soubessem que eles não estavam ali para o mal.

Nakime seguia a sua rotina de treinos e meditação diariamente. Ela concentrava toda a sua energia naqueles momentos, à espera de que pudesse ver a sua outra versão novamente e derrotá-la. E elas se encontraram algumas outras vezes. Seus embates ficavam cada vez mais acirrados, mas Nakime em nenhum momento, conseguia se conectar ao poder oculto, gerando uma grande frustração que a desconcentrava e fazia com que ela perdesse as batalhas.

Ela não entendia onde estava errando, mas seguia achando que a sua rotina lhe ajudaria em algum momento. No entanto, ela não demonstrava a sua frustração para seus companheiros. Quando estava com eles, ela fazia o máximo para não deixar transparecer o seu cansaço e se mostrava uma pessoa contente, assim como ela era antes da fuga. Isso de certa forma, era aliviador para os irmãos da garota, que agora não viam mais aquela Nakime apática, como no início da jornada. Vê-la feliz e bem, os fazia estar bem.

...

— ME PROVA QUE VOCÊ É MAIS FORTE! VAMOS! É SÓ ISSO QUE VOCÊ SABE FAZER? — Mais um combate entre Nakime e a sua Outra versão. Naquele dia em específico, Nakime estava esgotada. Diferentemente dos outros combates, aquela luta estava completamente desnivelada. Nakime mal conseguia se defender e muito menos atacar.

Sua Outra versão lhe atacava com feixes de magia e mal utilizava feitiços. Aquela luta não exigia um nível mais alto de poder, por conta da fraqueza da sua oponente. Ela golpeava Nakime em todas as áreas do seu corpo, lhe dando socos e chutes carregados de energia, enquanto Nakime apenas utilizava um escudo para não ser completamente destruída. Ela precisava de uma distração, para pelo menos se recompor.

Numa tentativa de contê-la, Nakime usa o feitiço do campo de força, fazendo um círculo de magia em volta da Outra versão e a prendendo ali. Quando a sua Outra versão tentou sair do local, ela deu de cara com a parede invisível formada por magia, e Nakime abaixou a sua guarda para poder respirar. Um erro genuíno da sua parte, que foi surpreendida por mais um feixe de poder, lhe acertando no seu rosto. Desnorteada, cansada e esgotada ela se deu por vencida, erguendo a sua mão, indicando a sua derrota:

— Patética. — Foi o que a sua Outra versão lhe disse, antes de desaparecer novamente.

Os ematonas e machucados haviam desaparecido, mas o cansaço e a dor permaneciam em seu corpo e na sua mente. Ela continuou deitada no chão, observando aos poucos o céu se clarear e o amanhecer chegar. Um novo dia, uma nova luta... Nakime estava farta de tudo aquilo, mas precisava continuar até que desse certo. Ou até ela morrer de exaustão...

Fragmentos do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora