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Logo após a saída do rei de Cosmo e de sua corte do Palácio de Aline, o local se encontrava em completo caos.

A princesa admirava a tamanha coragem de Thomaz, de sair de suas terras, apenas para causar um tumulto no seu palácio, e sair como se nada tivesse feito. Aquilo havia a enfurecido de uma maneira inimaginável, mas ela não tinha tempo para pensar nisso. O julgamento estava marcado, e em dois meses, as civilizações se encontrariam próximas de um dos maiores acontecimentos da história.

Nakime estava em estado de choque, causando preocupação em seus companheiros. Ela não queria companhia, não queria conversar, não queria nem a presença de seus pais ou irmãos próximos de si. Os baques psicológicos que a garota vinha sofrendo, em tão pouco tempo, estavam destruindo o pouco da sanidade que a garota ainda tinha. E pensar que eles ainda não estavam nem no início de tudo aquilo, tendo um julgamento real para participar em dois meses, deixavam a mente de Nakime, em completo caos...

...

A corte de Thomaz, agora no caminho de volta para Cosmo, se encontrava num trem exclusivo da família real. Todos voltavam receosos, divididos nas suas cabines, pensando no quão desastrosa aquela atitude poderia ter sido.

Thomaz e Lídia estavam almoçando juntos, num silêncio quase que mortal. As palavras de Alex martelavam a sua cabeça, mas ela não tinha coragem de perguntar ao seu pai o que aquilo significava. Não seria possível... Ou seria?

— Não vai comer? — A voz de Thomaz preencheu o ambiente silencioso, acordando sua filha do transe em que estava. Ela olhou para Thomaz e em seguida para o seu prato de comida, que estava praticamente inteiro.

— Não estou com muita fome... — Ela o respondeu, mas sem o encarar. — Pai... O que aquele soldado disse...

— Não acredite no que eles dizem, Lídia. — Thomaz a cortou, pois sabia exatamente o que sua filha perguntaria. — Hoje pudemos ver que nem a família de Nakime, era da nossa confiança. Eles não tem provas de nada que possa me incriminar, então inventam essas atrocidades sobre mim. E claro, que o Reino Akangatu não deixaria de se aproveitar dessa situação para crescer as nossas custas. Não pense no que eles dizem, ok? Eu jamais faria um absurdo daqueles...

Lídia não o respondeu sobre nada. Ela desviou o seu olhar para o horizonte que passava pela janela. O Reino de Aline ia se distanciando aos poucos da visão da princesa, deixando um turbilhão de sentimentos no seu peito. A maneira desesperada em que Nakime olhava para o seu pai...

— Lídia... Você acredita em mim, não é? — Lídia demorou alguns segundos para responder a pergunta.

"Ele é o seu pai afinal. Você deve confiar nele... Não é?"

Uma voz interna de Lídia dizia para ela mesma:

— Sim pai... Eu confio em você...

...

A semana corria de maneira caótica. Já era de se esperar, depois de tamanha confusão, que inclusive, já estava se espalhando para as outras civilizações.

Após muita insistência, Nakime finalmente dava abertura para uma conversa com os seus companheiros:

"Da última vez em que eu tentei esconder, me lembro claramente de não obter um resultado positivo. Então eu estou deixando bem claro para vocês, que eu estou a um passo de enlouquecer. Tantas informações, descobertas e acontecimentos sem nem terem um tempo para processar umas das outras, tem me deixado exausta. Eu preciso de ajuda. Nesse estado eu não consigo enfrentar o Thomaz naquele tribunal."

Ela não precisou se prolongar na conversa, pois todos a compreendiam perfeitamente. Aquela havia sido a primeira vez em que Nakime via Thomaz, depois do que ele fez, e da maneira como foi, era esperado que sua mente não reagisse muito bem.

Fragmentos do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora