35- Teorias de um lugar esquecido

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— Heloisa!

A garota se assustou ao ouvir a voz de Nakime, tão próxima do seu ouvido. Ela olhou para a irmã, ainda com os olhos arregalados, assustando a garota a sua frente:

— O que é isso Heloisa? Viu um fantasma, foi?

— Eu...— Antes de Heloisa esboçar qualquer reação, Sophia e Lucas chegavam ao andar da casa dos pais. A garota estava radiante.

— Aiiii eu tô ansiosa! Será que eles estão em casa? — Ela dizia em meio a pulos, enquanto observava a porta a sua frente.

Sophia retirou da sua mochila, uma chave, presa a um cordão. Suas mãos tremiam enquanto ela tentava destrancar a porta, e assim que a abriu, ela entrou de uma só vez na casa, enquanto berrava:

— EU VOLTEI! — Recebeu o silêncio como resposta. — Ah droga.

Os outros jovens entraram logo em seguida, enquanto observavam os arredores da casa, que possuía dois andares. Realmente, por dentro era bem maior do que parecia. Logo na entrada, havia uma sala de estar, com um sofá redondo e duas poltronas. Entre os móveis, havia uma pequena mesinha de centro, com um vaso de flores encima. No andar de cima, era visível duas grandes prateleiras e dois corredores para seguir. Haviam duas escadas para chegar no segundo andar. Era uma casinha aconchegante:

— Que casa mais fofa! —Comentou Nakime.

— Era bem diferente, sabiam? Mas também, não dá pra manter as mesmas coisas por seis anos!— Quando Sophia pronunciou as últimas palavras, os irmãos unanimente, a encararam chocados.

— Seis anos?? — Perguntou Kisho, incrédulo.

— Sim. Eu sai de casa com 17 anos. Na época foi bem complicado, por que nós tivemos que falsificar um documento para eu entrar em Cosmo. — Sophia falava com tanta naturalidade, que o fato de ela ser uma moradora clandestina em Cosmo, parecia ser normal.

— Por que tiveram que falsificar um documento? — Perguntou Kisho, incrédulo.

— Esqueceu que meus pais foram expulsos de Cosmo? Eles não me deixariam entrar, nem se eu fosse maior de idade na época. Daí demos um jeitinho.

Novamente, a naturalidade em que ela falava, chegava a ser assustador. Ela era uma caixinha de surpresas, que nunca parava de os impressionar. Sophia então, decidiu subir para o seu quarto, para guardar as coisas dos seus companheiros. Assim que adentrou no cômodo, uma enorme nostalgia lhe atingiu, ao perceber que tudo estava exatamente igual. Sua cama, as prateleiras com livros, fotos e alguns artefatos que foram dados por seus pais. Lucas a observava com um sorriso no rosto, enquanto ela mexia nas suas pelúcias encima da cama:

— É tão bom e tão estranho pisar aqui novamente. Foram seis anos longe de casa.

— Ainda fico surpreso por você ter conseguido ficar tanto tempo sem ver os seus pais.

— Foi uma luta, na verdade. — Sophia se aproximou de Lucas e o abraçou. O gesto pegou o rapaz de surpresa. — Mas eu tinha você do meu lado, então eu estava feliz.

Ela apoiou o queixo no peitoral de Lucas e ele a observou, garantindo a maior certeza da sua vida: ele a amava.

O rapaz segurou o rosto delicado de Sophia com as duas mãos, iniciando um beijo lento, porém cheio de sentimentos. Ele a envolveu mais em seu corpo, enquanto afagava os cabelos da garota. Era um momento mágico para os dois, depois de tanto tempo em meio a tragédias e fugas:

— MAS QUE MERDA É ESSA AQUI NA MINHA CASA? — Mas todo momento mágico para eles, durava poucos segundos. Uma voz que Sophia conhecia muito bem, berrava no andar de baixo, provavelmente por conta da "invasão" no seu domicílio.

Fragmentos do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora