Nakime observou aquela figura, que estava ao lado de fora da caverna, sempre com o mesmo semblante de superioridade e arrogância. Mas, diferentemente das outras vezes, ela não sentiu a fúria que antes sentira, só de pensar naquele ser. Lentamente, ela se levantou e foi em direção a ela.
Caminhou a passos lentos pela floresta escura. Ela não tinha pressa dessa vez. Não tinha que provar nada para ninguém e muito menos para aquela outra versão.
Quando ela chegou num lugar com um pouco mais de espaço para um combate, ela não avistou a sua outra versão, mas não foi preciso procurá-la:
— Você demorou... — A mulher estava sentada num galho de árvore, enquanto observava Nakime de cima. — Já aceitou a sua derrota? — Aquele tom de deboche e convicção, sangravam os ouvidos de Nakime. — Qual foi heim? Desaprendeu a falar?
Surpreendentemente, Nakime começou a rir num tom baixo, porém audível. Aquilo irritou profundamente a sua outra versão, que percebeu que as suas provocações não estavam funcionando:
— Vamos ver quem vai estar rindo, quando eu acabar com você!
Após ameaçar, a mulher de cabelos flamejantes pulou em direção à Nakime com a magia conjurada nas suas mãos, na intenção de a acertar. Mas Nakime, sem muita dificuldade, desviou do golpe como se uma criança tivesse tentado atacá-la. A outra versão rapidamente começou a desferir ataques de magia para cima dela, que com facilidade, rebatia ou desviava dos ataques.
Em um dos golpes, Nakime o repeliu com as suas mãos, enquanto desviava de um segundo ataque. Em seguida, ela solta o poder na direção da sua outra versão, a arremessando contra uma rocha. Nakime não estava nem um pouco afetada com aquela briga. Irritada, a sua outra versão parte para algo mais agressivo, começando uma luta corporal. Os movimentos realizados pela outra, poderiam ser mortais, caso Nakime estivesse desatenta e fosse atingida por um deles.
No meio da luta, Nakime apenas se defendia dos milhares de movimentos feitos pela outra mulher. Porém, numa brecha dada por ela, sua outra versão consegue segurar o pulso de Nakime, lhe dando um chute no estômago e em seguida lhe chuta novamente, a arremessando contra um tronco de uma árvore.
Nakime se levanta sem nenhuma dificuldade, mas sente um gosto metálico na sua boca, o cuspindo logo em seguida: sangue. Convencida de que estava finalmente vencendo a luta, a sua outra versão observa a cena à seguir, com o sangue fervendo em ódio: Nakime sorriu cinicamente, limpando o canto da boca com uma das mãos, enquanto encarava profundamente os olhos ardentes da mulher.
— O que deu em você hoje hein? Desistiu de tentar me vencer?
— E por qual razão eu deveria te vencer? — A pergunta foi como um corte rápido.
— Ora pois! Tá se esquecendo do que tem dentro de si? Decidiu que vai ignorar que é um monstro? Você sabe que não vai conseguir viver dessa maneira não é?
— Já estou seguindo a minha vida, e vou continuar seguindo mesmo sem te derrotar... — A convicção na voz de Nakime era algo novo até para ela mesma.
— Não venha com esse papo para cima de mim Nakime! Você sabe que não vai me derrotar, por que você é mais fraca! — A outra versão tentava as suas últimas provocações.
— Como eu posso ser mais fraca ou mais forte... Se somos a mesma pessoa?
— Você é um monstro... — Respondeu sua outra versão e logo em seguida, correu em direção à Nakime exalando ódio pelo ambiente e com o seu punho carregado de energia.
No momento em que ela tentou acertar o soco, Nakime segura a sua mão, milímetros de distância do seu rosto:
— Não... Eu não sou um monstro...— Respondeu Nakime, abaixando a mão da outra versão. — Nós não somos... — Ela respondeu com serenidade no olhar e calma na sua voz.
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Fragmentos do Passado
FantasyUma jovem guerreira do Reino em que residia, cujo a sua infância é desconhecida, tem os caminhos da sua vida tomados pelo caos, quando ela se vê obrigada a enfrentar o passado esquecido. Acompanhada de seus irmãos, eles seguem numa árdua aventura, e...