22- A jornada começa

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Nakime se levanta extremamente assustada. Ela olha ao seu redor, percebendo que estava no acampamento dos seus companheiros, no seu colchão. Ela só não se lembrava de como havia ido parar ali, no meio da floresta. Ao olhar para si mesma, ela repara na faixa enrolada em volta do seu abdômen, além das roupas que estavam trocadas. "Quando foi que eu fiz isso?"

Olhando ao seu redor, ela percebe estar sozinha, mas todos os outros colchões e os itens dos seus companheiros estavam ali também, indicando que eles estavam por perto:

— Nakime? — Ela escuta a voz de Kisho e se vira para vê-lo. — Nakime! — Ele corre e se ajoelha ao lado da irmã a abraçando. — Que bom que você acordou! Tá tudo bem? Precisa de alguma coisa? Tá com fome?

— Kisho se acalma! — Respondeu Nakime com um sorriso fraco. — Eu estou...

— Pera ae! Eles te deixaram aqui sozinha?  Eu vou acabar com eles…

— Vai acabar com quem? — Sophia e Lucas apareciam no meio das matas, com cestas recheadas de frutas. — Nakime! Que bom que você acordou!

— Gente o que tá acontecendo? — A pergunta foi ignorada após Kisho começar a xingar os dois na sua frente.

— Vocês saíram e deixaram ela dormindo sozinha? No meio da floresta? — Como resposta, ele recebeu um olhar de indignação do casal.

— Como é que é? A Heloisa estava aqui quando saímos! E não saímos atoa ok? Estávamos procurando alimento!

— Ouvi meu nome? — Dessa vez era Heloisa que aparecia no meio das matas, carregando um saco com galhos de árvores.

— Você disse que ia ficar cuidando da Nakime enquanto a gente saia para procurar comida! — Acusou Sophia.

Naquele momento, os quatro começaram a discutir, enquanto Nakime apenas observava sem entender absolutamente nada. Eles acusavam uns aos outros e Nakime nem sabia o por que:

— Já chega! — Ordenou a garota, recebendo a atenção de volta para si. — Alguém pode me explicar o que está acontecendo e como viemos parar aqui dentro?

— Você não se lembra de nada? — perguntou Kisho, enquanto verificava se a garota ainda estava com febre.

— De poucas coisas. Me lembro que antes de desmaiar eu vi os soldados do Palácio vindo na minha direção... O que aconteceu depois?

— Bom, nós tivemos um pequeno combate, mas fomos descuidados e quase levados por eles. Se não fosse a Helo e a Sophia, estaríamos provavelmente atrás das grades agora. — Lucas explicou de maneira simples. Falando daquele jeito, nem parecia que os quatro haviam passado pelo maior sufoco no meio da batalha.

— Nakime, por que você saiu do acampamento? — Heloisa se sentava ao lado de Nakime enquanto esperava a resposta.

Após a pergunta, a mente de Nakime deu um pequeno bug. Ela havia excluído das suas memórias, o encontro que tivera com Mayra e após se lembrar dos ocorridos da noite anterior, algumas coisas começaram a fazer sentido:

— Mayra... — Sussurrou baixo, apenas para que ela mesma ouvisse.

— Como? — Perguntou Kisho, ao seu lado.

— Eu estive no templo da Mayra... — Um silêncio instaurou-se no local. Todos olhavam para Nakime, completamente confusos.

No momento, ninguém esperava uma coisa daquelas. Era difícil saber se Nakime esteve sob o efeito do veneno ou se ela realmente havia se encontrado com a entidade:

— Pela cara de vocês, vocês não acreditam né? — Perguntou com uma expressão tediosa em seu rosto.

— Olha, você estava sob efeito do veneno, então... é um pouco difícil distinguir o que era real e o que era uma alucinação...— Respondia Kisho, sem graça. Ele não duvidava de sua irmã. Não mesmo. Mas as circunstâncias não estavam tão favoráveis para o lado de Nakime.

Fragmentos do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora