45- Catástrofes e objetivos

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Foram longos quilômetros percorridos por Lídia, que corria incansavelmente pelas matas escuras da floresta de Cosmo. No meio do caminho, ela avistou a casa daqueles que ela tanto amava e tanto os prejudicou.

Uma sensação nostálgica a atingiu, mas não de um bom jeito. Mais uma vez, olhou para todos os lados e aparentemente, não havia ninguém por perto. Seu coração palpitava enquanto ela se aproximava daquela casa na árvore, onde viveu muitas aventuras com os três irmãos. Quando adentrou, sentiu seu peito ser esmagado, ao ver o quão revirado e destruído estava o local. Móveis quebrados, roupas no chão, fotos espalhadas...

Era uma dor sem igual, olhar para o passado, tão destruído como estava. Enquanto andava, seus olhos miraram uma foto próxima ao quarto de Nakime. Era de um dia aleatório em que eles decidiram passar na cachoeira, próxima de onde moravam. Estavam todos ali: os três irmãos, Cristina e Marco... Lídia e sua mãe...

Na foto, Nakime olhava com um grande sorriso para Lídia, Kisho e Heloisa disputavam um cabo de guerra, enquanto os pais apenas riam da interação. A foto havia sido tirada no modo automático, por isso todos estavam presentes:

— Eu vou consertar tudo... — Lídia se aproximou da foto e deu um pequeno beijo. A culpa pesava em seus ombros. — Eu prometo...

Ela então, voltou sua atenção para o principal e começou a recolher algumas fotos que ainda estavam intactas. Aquelas memórias não poderiam ser simplesmente apagadas daquela maneira...

Ela procurou mais alguma coisa que pudesse ser de valor para os irmãos pela casa, mas percebeu que estava pendendo muito tempo, logo decidindo voltar para o seu caminho. Porém, antes que deixasse a casa, uma luz e um barulho, vindos do quarto de Nakime, lhe chamaram a atenção. Era um cubo de avisos pelo barulho que fazia. Lídia logo se apavorou. Quando chegou próxima ao cubo, ela se desesperou ao ver a sua foto, seguida da anunciação do seu desaparecimento:

"Alerta de emergência!

Isso não é uma simulação!

A princesa está desaparecida!

Horário do sumiço desconhecido!

Chamamos todas as frotas!

Isso não é uma simulação!

A princesa está desaparecida"

— Que merda... Que merda! — Lídia dizia para si mesma, enquanto voltava a correr pela floresta.

Nessa altura da situação, ela sabia que não poderia mais utilizar os transportes convencionais. Teria que fugir e passar pela barreira de Eatonia, assim como fizeram os irmãos e o casal de fugitivos. Lídia teria que seguir o seu caminho de maneira clandestina.

Enquanto corria e pensava por onde seria o caminho menos perigoso de se seguir, Lídia via as luzes da estação cada vez mais próximas. Ela diminuiu a sua velocidade e se escondeu em alguns arbustos, enquanto observava a movimentação do local:

— Merda... — A estação já estava infestada de guardas e provavelmente as viagens dali para frente seriam barradas e revistadas durante toda a noite.

A princesa então, com mil pensamentos a serem organizados, decidiu descer pouco mais adentro da floresta, pois havia um porto, próximo da estação. Ela não se orgulhava do que estava pensando em fazer, mas naquele ponto, sua melhor alternativa seria o roubo de um barco. Ela descia lentamente, tentando evitar qualquer tipo de barulho, pois provavelmente, haviam guardas espalhados por todas as regiões de Cosmo.

Enquanto avançava, os únicos sons audíveis, eram os animais da floresta e a correnteza do rio. De resto, o silêncio se sobressaia e a tensão aumentava cada vez mais. Lídia então, finalmente avistava o rio e alguns metros a frente, estava o porto, também com muitos guardas ao seu redor.

Fragmentos do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora