36- 19 anos depois...

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(Capítulo grande mores)

H

eloisa saia tarde da noite da casa de Sophia. Nada tirava da sua cabeça, que aquele lugar era de onde ela viera.

Ela desceu as escadas e caminhou por uma das pontes que interligavam a cidade. Ela observava cada aspecto do ambiente, como se algum daqueles elementos, fosse lhe dar as respostas que ela precisava. Como já era tarde, a maioria dos comércios estavam fechados ou caminhavam para o final dos turnos.

Ela continuou caminhando, subindo e descendo pelas pontes, observando a tão iluminada Cidade das Árvores, ir se apagando aos poucos. De repente, ela escuta a risada de uma criança, bem atrás de si. Assustada, ela se virou rapidamente e percebeu que ali não havia ninguém. Virando-se novamente, ela percebe que havia chegado a algum lugar. Ela estava no alto de uma das árvores, de frente para uma casa abandonada. Observou atentamente os detalhes daquela casa: janelas quebradas, teias de aranha, uma varandinha prejudicada pelo tempo. Ela se aproximou daquela casinha, com as mãos no coração, como se sentisse algo. Se aproximou ainda mais, direcionando suas mãos para a maçaneta da porta. "Será..."

Repentinamente, ela recolheu sua mão.

"Para com isso Heloisa! Isso ficou no passado! Foca no que você veio fazer aqui!"

E com isso, ela esfregou as mãos no rosto e voltou o seu caminho para a casa de Sophia. Mesmo com o coração na mão, ela não queria ter que reviver todo o seu passado novamente, principalmente se tratando da morte dos seus pais. Não alimentaria uma falsa esperança, depois de tanto tempo. Ela poderia sim, ter nascido ali naquela lugar, mas ficara no passado.

Heloisa voltou pelo mesmo lugar de onde viera, e em alguns minutos, chegara na árvore em que os pais de Sophia moravam. Ela subia as escadas cuidadosamente, para não acordar quem estivesse dormindo naquele momento. Quando adentrou na residência, avistou os seus irmãos, apagados. Nakime dormia sentada no colchão ao lado do sofá, onde Kisho dormia. Ela riu ao ver sua irmã dormindo sentada e deduziu que ela estava a esperando chegar.

Cuidadosamente, Heloisa deitou Nakime no colchão, que assim que a viu, tentou conversar com a irmã, mas estava tão grogue de sono, que mal conseguiu formar uma frase.

Ela se deitou ao lado da irmã, depois de cobri-la e por fim, não demorou muito para que também estivesse apagada...

...

"Você não me pega!"

Onde eu estou?

Nakime observava de longe, uma criança correr alegremente, por um enorme jardim.

"Volta aqui mocinha!"

Logo atrás da criança, uma mulher corria na mesma direção. Estranhamente, Nakime não via o rosto da mulher.

"Te peguei!"
A mulher, agora com a criança em seu colo, recebia um abraço apertado da mesma...

Foi então que Nakime conseguiu observar o rosto da criança e se espantou:

"Sou... sou eu?"

As únicas características visíveis, eram seus longos cabelos ondulados e castanhos e o seu vestido branco. De repente, tudo ao redor da garota começou a desaparecer, dando lugar a uma imensa escuridão.

" O que tá acontecendo?..."

No meio de toda aquela escuridão, Nakime via uma luz, bem aos fundos, vagando para a sua direção...

"Eu estou te esperando... Está na hora de acordar"...

...

Nakime acordou assustada. Seus olhos estavam arregalados e a sua respiração acelerada. Pensando no sonho que acabara de ter, ela compreendeu que aquilo era mais um lapso de memória. Seria aquela mulher, a sua mãe?

Fragmentos do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora