Fragmentos do Passado

52- Face Oculta

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Aquela noite carregava um clima pesado pelos ares. Tensão e medo, eram dois sentimentos predominantes naqueles que esperavam notícias de Sophia.

Aline havia organizado um grupo de buscas para essa missão. Os soldados estavam divididos em dois grupos, sendo um deles comandado por Cristina, enquanto o outro seguia as ordens de Natan. Eles estavam separados por regiões, se espalhando por toda Eatonia. Desde que iniciaram as buscas, mais de duas horas haviam se passado.

Não diferentemente, no castelo, o clima era fúnebre. Aline estava a ponto de perder todos os fios do seu cabelo, por tamanha preocupação. No salão de seu trono, ela caminhava de um lado para o outro pensando nas inumeras possibilidades do que poderia ter acontecido e também, do que poderia acontecer a partir daquele momento. Uma voz na sua cabeça tentava a todo custo incriminar a princesa do reino vizinho, que agora "morava" em seu palácio. Ela não tinha nada que pudesse a acusar, mas só o fato da sua chegada desencadear tamanha confusão, não soava bem para Aline. Porém, ela não tomaria nenhuma atitude em relação à isso, tanto pela falta de provas, quanto pela promessa feita a Nakime...

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Apoiada na sacada dos jardins de cima, Nakime observava a vila de Akangatu, enquanto seus pensamentos viajavam pelos últimos ocorridos. A brisa gélida daquela noite, batia contra o seu corpo protegido por roupas longas e quentes, e esvoaçava seus cabelos, que pouco a incomodavam. Uma sensação de angústia tomava conta do seu ser, por mais que ela tentasse acreditar que as coisas ficariam bem. A única esperança, era a lembrança da sua conversa com Mayra, ao qual ela dizia para que Sophia seguisse o seu coração:

— Também não consegue dormir? — Uma voz familiar adentrava pelos jardins.

Sua irmã mais nova, agora se juntava a Nakime naquela sacada, apoiando os braços no parapeito. Nakime a observou brevemente notando as poucas folhas secas que restavam em seu cabelo. O inverno estava para chegar, o que significava o fim do crescimento de folhas e flores no cabelo da irmã, até a chegada da próxima estação. Heloisa também utilizava roupas quentes, cobrindo todo o seu corpo:

— Acho que nem se tentasse eu conseguiria. — Respondeu Nakime, com um leve sorriso nos lábios, sendo repetidos por sua irmã mais nova. — Estou tentando ao máximo me manter positiva mas... — A garota parou por um momento, tendo a atenção de Heloisa. — Eu não sei. Por dentro, eu não consigo ver essa situação terminando bem.

— Não vou te julgar por isso, até por que acredito que você não é a única que esteja se forçando a pensar positivo. Se analisarmos tudo, é realmente difícil crer. De repente, a Sophia recebe uma mensagem misteriosa, sai do castelo sem avisar ninguém e simplesmente some...

Apesar de odiar admitir em voz alta, Heloisa também não acreditava num "final feliz" para essa história, mas ela queria, de alguma forma poder consolar a irmã:

— Mas nós conhecemos a Sophia. Sabemos que, apesar de ser maluca, ela é muito inteligente e habilidosa. Não é qualquer coisa que vai derrubá-la. Na verdade, eu tenho é dó da pessoa que tentar alguma coisa contra a Sophia. — Heloisa disse em tom de brincadeira, conseguindo arrancar algumas risadas de Nakime. E ela estava certa. Não era qualquer pessoa que teria sorte de lidar com a garota que roubou um palácio, como se estivesse roubando um comércio qualquer.

— É bom que ela esteja preparada, por que no momento em que ela pisar neste castelo, eu vou acabar com ela... — Ainda em tom de brincadeira, Nakime dizia uma verdade. Ela com certeza daria um enorme puxão de orelha na amiga, mas faria aquilo com a maior felicidade do mundo, por tê-la de volta.