31- Memórias Sangrentas

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Quando Nakime bateu as suas asas e chegou numa altura boa o suficiente para não ser atacada, ela percebeu uma coisa muito importante: ela não sabia voar.

Ela gritou e começou a balançar os braços e pernas, como se fosse adiantar alguma coisa enquanto estava em queda. Seu coração errava as batidas e ela teve que manter toda a sua concentração naquele momento, ou não viveria para ver o desfecho dessa aventura.

— Como eu controlo isso? — Berrou ao mundo e não obteve resposta.

Ela rodopiava enquanto caia e tentava controlar as suas asas.

Quando estava próxima ao chão, por sorte divina, ela conseguiu planar e permanecer numa altura segura, caso houvesse algum desequilíbrio.

— Ok... agora eu preciso acelerar isso aqui...

Ela não fazia a mínima ideia do que estava fazendo, mas conseguiu acelerar de alguma forma, até finalmente ver o trem, poucos metros a sua frente.

Antes mesmo que ela pudesse pensar em qual vagão os seus companheiros estavam, Sophia apareceu num deles e sinalizou para Nakime. Voando, ela não conseguiria chegar até lá e fazer um pouso seguro, mas correndo ela nunca alcançaria o trem.

Poucos segundos depois, uma única ideia veio na sua mente: usar um feitiço de correntes, porém um feitiço comum. Teria que torcer para dar certo.

Ela se preparou para realizar o feitiço, mas precisava manter a sua concentração no voo. Foi uma tarefa nova e complicada para Nakime, que se desequilibrara varias vezes durante o processo, mas por fim, depois de muito custo, conseguiu finalmente realiza-lo. Sophia entendeu o que Nakime faria, e estendeu uma das mãos para tentar pegar a corrente, quando Nakime se aproximasse do vagão onde eles estavam.

Ela acelerou um pouco mais o voo enquanto deixava as correntes livres pelo ar e por fim, Sophia, com a ajuda dos outros, conseguiu puxá-la para dentro do trem:

— Esse é o tipo de coisa que eu nunca mais quero fazer na minha vida! — Disse a garota, enquanto sentia o seu corpo inteiro fraquejar pelo medo e adrenalina. Quando ela direcionou o olhar para os outros, todos a olhavam com admiração. — O que foi?

— Então... essa é a sua outra versão? — Heloisa perguntou com brilho nos olhos. Não imaginava que a Outra versão a qual Nakime dizia ser um monstro, era na verdade, uma forma majestosa da garota.

— Será que se eu tocar no seu cabelo ele queima? — Disse Sophia, já aproximando as mãos para fazer o teste e se surpreendeu ao perceber que ela não sentia absolutamente nada ao encostar no cabelo flamejante da garota. — ISSO É DEMAIS!

Constrangida, Nakime se se destransformou voltando a sua forma humana. Suas bochechas estavam ruborizadas e ela mexia no seu cabelo sem olharar para os seus companheiros:

— Quando você falou que virava um monstro, eu não imaginava isso! Eu pensei em qualquer coisa! Sei lá! Talvez um monstro com seis olhos e chifres, garras enormes! Você só ficou mais bonita do que já é! — Sophia deu suas considerações sobre a garota. A sinceridade era um ponto alto dela, o que tornava algumas situações até mesmo perigosas, divertidas.

— Acho que eu me referia mais as coisas que eu fiz... — Dizia Nakime, ainda sem jeito. — Mas agora, tudo é diferente...

Os quatro estavam receosos. Todos com a mesma questão em mente, porém com medo de perguntar. Sabiam que falar sobre esse assunto, poderia ser bem delicado para Nakime:

— E... como você está? — Heloisa foi quem tomou a iniciativa.

Nakime, antes de responder, olhou para o horizonte fora do trem, enquanto observava o sol iluminar cada pedaço do ambiente:

Fragmentos do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora