29- A partida

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Estava prestes a anoitecer, e os cinco jovens não tinham a mínima noção de quanta escalada eles ainda teriam que fazer. Estavam exaustos, mas nem opção de descansar eles tinham. As únicas vezes em que paravam, era quando precisavam beber ou comer algo.

A quantidade de chuva que havia caído no período em que ficaram na caverna, dificultou ainda mais a subida, pois a deixou extremamente escorregadia e com muitos deslizamentos. Por sorte, a magia era firme e conseguia os manter seguros, até certo ponto.

Kisho estava muito incomodado. A sensibilidade da sua audição captou algumas outras vezes, o mesmo barulho que escutara mais cedo. O que o incomodava, além do fato de mais alguém estar na floresta, era a semelhança que aquele som possuía, com os barulhos que Kisho ouvira, quando era uma criança, minutos antes da sua alcateia ser completamente dizimada.

Ele era uma pessoa sensível, e por conta disso, estava um pouco fragilizado, mas continuava focado na sua escalada.

Duas horas depois, Lucas, o primeiro da fila de escalada, via o final da subida. Contente, ele berra aos outros companheiros, despertando o último resquício de motivação do grupo, fazendo eles acelerarem na escalada:

— AI MEU DEUS! — Berrou Heloisa, com toda a sua alma, ao finalmente chegar no topo e se deitar no chão. Mesmo ela sendo a mais forte do grupo, sentia como se cada músculo do seu corpo fosse desmanchar em poeira.

— Uau... — Nakime admirava a vista ao redor . A linha de trem, ficava entre as montanhas e tinha uma vista privilegiada de quase toda Cosmo. Nakime conseguia ver com nitidez, toda a floresta do silêncio e quase todo o Reino Lunar e as suas vilas. — Ok, mas cadê o trem?

— Os trens para Eatonia costumam passar pelo nascer do Sol, e chegam na divisa no outro dia apenas. Basicamente um dia e uma noite de vaigem. — Respondia Lucas.

— E como vamos atravessar? Você disse que os trens de Cosmo são proibidos de passar, sem serem inspecionados. — Kisho era quem perguntava dessa vez. Como resposta, Sophia começou a rir diabolicamemte. Ele não gostava quando a garota tinha essas reações.

— Meus pais já deixaram tudo preparado para nossa chegada. — Sophia respondeu, enquanto chacoalhava os ombros de Kisho. — Eu pedi para o meu pai deixar o barco dele separado para nós e assim, vamos poder cruzar por dentro da Cidade das Árvores, como um meio de transporte comum, sem precisar passar pela vistoria.

Sophia explicava como se todos ali tivessem algum conhecimento do que ela estava falando:

— Eu não entendi, mas vou confiar em vocês. — Kisho respondeu com um sorriso ladino.

Em seguida, eles começaram a preparar o pequeno acampamento, para que pudessem descansar. Todos estavam exaustos, mas ansiosos. Com a chegada na Cidade das Árvores, as coisas mudariam drasticamente. Sophia já havia preparado toda uma explicação sobre as suas descobertas para os pais, além de ter feito um discurso, caso chegassem a conhecer a princesa Aline. Lucas estava ansioso para conhecer os pais da namorada. Eles já haviam se visto outras vezes, por feitiços de comunicação, mas seria a primeira vez em que eles se conheceriam pessoalmente.

Nakime estava apreensiva com a chegada em Eatonia. Ela temia que Aline já estivesse contra eles, afinal, a notícia provavelmente já havia se espalhado. Era de suma importância para os irmãos, conseguirem apoio da princesa, para se livrarem das falsas acusações. Caso contrário, a chegada em Eatonia serviria apenas para adiantar a prisão.

Nakime também pensava na relação que eles poderiam perder com garota. Mesmo que Lídia e ela não se dessem bem, Aline adorava os irmãos, principalmente o irmão do meio: Kisho. Os dois eram alvos de piadinhas feitas tanto por Nakime, quanto por Heloisa, mas sempre levavam na brincadeira, mesmo Nakime suspeitando de que realmente havia algo entre os dois.

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